Review: Filme do Mario aposta em agradar os fãs em salto para as telonas
Animação estabelece base sólida para a Nintendo nos cinemas
Até o momento, o encanador mais famoso dos games era conhecido pelos seus tropeços nas adaptações. Produções como o Super Mario Bros. de 1993 até chegam a entreter com sua peculiaridade, mas a distância em relação ao material original o torna destoante.
Felizmente, este não é o caso de Super Mario Bros. O Filme, que chega aos cinemas brasileiros na quarta-feira (5).
O longa de animação, produzido pela Nintendo em parceria com a Illumination, bebe da fonte dos jogos para proporcionar uma aventura divertida, reconfortante e regada à nostalgia.
Em seu salto definitivo para as telonas, o bigodudo aposta em agradar os fãs com uma celebração de seu universo em uma adaptação, enfim, autenticamente Mario.
Super Easter Egg Party
Ainda mais na perspectiva do público de jogadores, o forte do filme é o “fan service”, ou “serviço ao fã”, em tradução livre para o português.
Em sua primeira empreitada real no cinema, a Nintendo não economiza em easter eggs e referências aos jogos do bigodudo e, também, à sua própria história.
O fundo do quadro sempre reserva algo para atrair o olhar do espectador, e o resultado é um número espantoso de referências. Um sonho para os Nintendistas.
Mario joga Kid Icarus em seu Nintendinho enquanto uma estátua de Arwing, de Star Fox, adorna o topo de sua TV. O toque do celular de Luigi é o tema de inicialização do GameCube.
Há demais para se perceber em apenas uma sessão – o que garante uma “caça ao tesouro” que, por si só, motivará os Nintendistas a retornarem ao cinema mais de uma vez.
A quantidade não chega a ser distrativa, visto que os easter eggs estão bem espalhados ao longo da exibição. Mas o seu propósito é nítido, e funciona: manter a euforia dos fãs.
A trilha sonora foi construída a fim de servir ao mesmo propósito. A orquestra faz um mosaico de frases musicais celebradas da franquia, de forma que aqueles que cresceram jogando Mario facilmente serão tomados pela emoção.
É uma pena que o clima de nostalgia seja quebrado ocasionalmente por escolhas um tanto bizarras de música, que parecem deslocadas em relação ao restante do filme. É o caso de “Take On Me”, do Aha!, incluída para preencher o vazio de uma sequência de ação e chamar a atenção do grande público.
A Turma do Mario
Na sua transição definitiva para as telonas, a Turma do Mario é apresentada ao público com nuances adicionais em relação aos jogos.
Ainda longe de ser o mestre das plataformas pelo qual é conhecido nos games, o Mario do filme é um encanador desastrado e um tanto inseguro que está no começo da carreira e quer provar o que é capaz.
O que, de fato, chama a atenção desta versão do bigodudo, porém, é a motivação que o faz encarar os perigos que claramente não está preparado para enfrentar: salvar seu irmão Luigi.
O longa aposta em uma relação simples mas identificável para os irmãos, que se acalmam ao saber que têm um ao outro. É adorável presenciar essa relação enfim realizada em tela, algo que foi foco em poucas outras oportunidades.
Em contraste com o otimismo de Mario, Luigi é tão amendontrado quanto nos games -- algo que amamos nele.
Outros destaques são Donkey Kong, que aqui se tornou um adversário orgulhoso e competitivo, e Bowser, um vilão que transita entre o intimidador e hilário com suas motivações possessivas descaradas.
O elenco da dublagem em português soube entregar bem o moisaico de personalidades coloridas da turma do Mario. A localização também reserva algumas risadas autênticas para quem for assistir à versão dublada, principalmente nas cenas da Lumalee e do Toad.
Uma nova Princesa Peach
O grande destaque da animação, contudo, fica para a Peach. Dando sequência à importante mudança da personagem no fim de Super Mario Odyssey, a Princesa chega às telonas deixando os dias de donzela indefesa para trás.
Peach é a líder do Reino do Cogumelo e, logicamente, não mede esforços para proteger seu povo. Como mostrado nos trailers e materiais de divulgação, a Princesa desta vez não se resume a pedir o socorro de Mario.
Aqui, ela mostra destreza no salto pelas plataformas e nas pistas de kart, provando que conhece o Reino do Cogumelo a fundo e sabe como usar suas artimanhas para se defender.
A nova representação da personagem é um dos trunfos que mais devem ser comemorados de Super Mario Bros. O Filme, principalmente porque o roteiro apresenta uma justificativa satisfatória para as habilidades da Princesa.
Autenticamente Mario
Por mais que o filme seja um prato cheio de agrados, os fãs não devem ir ao cinema esperando muito do roteiro. A história e as motivações dos personagens são razas – mas, tudo bem, isso está dentro do propósito da produção.
Primeiramente, há o fato que a animação possui um grande apelo ao público infantil, que passará os 90 minutos do longa entretido pela simplicidade da trama.
Mas o principal aspecto que deve nortear as expectativas dos jogadores é que se trata de uma autêntica história de Mario. Sendo assim, como nos jogos, o foco não é a narrativa – algo que o próprio Shigeru Miyamoto gosta de ressaltar.
Em poucas palavras, a melhor palavra para definir Super Mario Bros. O Filme – um trabalho de sete anos entre a Nintendo e Illumination – é autenticidade.
Contando com o apoio (e olhar de águia) de Miyamoto, Takashi Tezuka e outros nomes da Big N, o estúdio francês criou uma experiência regada a nostalgia, diversão e conforto mesmo para aqueles que conhecem Super Mario apenas de memória.
Você facilmente passará os 90 minutos da exibição com um sorriso estampado no rosto.
E, para além de sair do cinema com um sentimento reconfortante, assistir a Super Mario Bros. O Filme é sonhar acordado com um futuro em que, enfim, a Nintendo tem uma base sólida para se expandir nos cinemas.
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