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Review: Panzer Dragoon Remake
Nostalgia não compensa falta de capricho de releitura do clássico shooter da Sega
Dentre as muitas séries antigas e esquecidas da Sega, uma das mais distantes de voltar parecia ser Panzer Dragoon. O shooter criado por Yukio Futatsugi segue a fórmula popularizada nos consoles por Star Fox aliada a um estilo visual único criado pelo artista francês Moebius.
Mesmo com os gráficos tridimensionais limitados do Sega Saturno, o game ofereceu em 1995 uma experiência ímpar que rendeu duas sequências no próprio console 32-bits - outro shooter e o aclamado RPG Saga - e também uma excelente nova versão no primeiro Xbox, o Panzer Dragoon Orta, isso lá em 2002.
De lá pra cá a série seguiu sem novidades até o surpreendente anúncio deste remake, na E3 2019. primeiro projeto da produtora francesa MegaPixel Studio. Apesar do coração estar no lugar certo e trazer de volta com respeito essa série tão marcante, faltou um pouco mais de capricho e ousadia para o remake.
O problema principal desta releitura é se prender demais a simplesmente trazer uma renovação nos gráficos. E não consigo nem dizer exatamente melhoria, pois as mudanças são muitas. Panzer Dragoon se destacava por cenários um tanto quanto vazios, mas lacônicos e reflexivos, pontuados por ruínas e outras estruturas que ajudavam a criar algum tipo de narrativa - como tão bem acontece também em Shadow of the Colossus.
O remake, por sua vez, aproveita as tecnologias atuais para criar paisagens exuberantes, cheias de detalhes, estruturas e vegetação que até empolgam, mas fogem bastante do espírito do original. Muitas até são bonitas e empolgantes, mas o resultado deve dividir opiniões por diferir muito do original de forma despropositada.
A velocidade de resposta dos controles também parece se prender demais ao original, dando a impressão de que o jogo está lento e poderia fluir melhor se fosse um pouco mais ágil. Talvez isso não fosse possível no Saturn, mas os hardwares de hoje em dia certamente possibilitam isso.
Apesar de tudo isso, é um jogo que recria bem a experiência do original, o que significa também um campanha um tanto quanto curta e sem muitos incentivos para jogar de novo, a não ser encarar dificuldades maiores ou brincar com alguns modificadores. Poderiam ter colocado segredos novos nas fases ou pelo menos algum tipo de galeria de arte e conteúdos extras para desbloquear, até como forma de celebrar o retorno da série depois de tanto tempo.
Ao menos, o trabalho foi bem feito na trilha sonora. Além de incluir as músicas do game original o remake traz também uma versão remixada por Saori Kobayashi, que trabalhou em diversos jogos da Sega no passado, incluindo Panzer Dragoon Saga e Orta.
Vale notar, essa nova opção de trilha veio somente algumas semanas depois do lançamento do remake, assim como vários outros ajustes de efeitos sonoros, gráficos, frame, controles e muito mais, sugerindo que talvez a produção do jogo tenha sido meio apressada e muitas coisas ficaram para depois.
É muito bom ver Panzer Dragoon de volta, mas é frustrante ver como isso foi feito com o mínimo do mínimo - e ainda de forma atrapalhada, dependendo de patches lançados bem depois do lançamento.
A intenção foi excelente e muito desse espírito otimista transparece no remake, mas Panzer Dragoon merece muito mais, seja para honrar o passado ou para apresentar de forma devida a série para novos jogadores. Quem sabe isso não possa acontecer em um eventual remake de Panzer Dragoon Zwei ou, se formos realmente muito sortudos, de Panzer Dragon Saga.