Luigi's Mansion 2 HD é, para bem e para mal, o mínimo que uma remasterização de um jogo da Nintendo para o Switch pode oferecer.
Há um óbvio cuidado de trazer o game de uma forma minimamente digna, dando um polimento visual e adaptando tudo o que for possível mecanicamente para a plataforma nova.
("Nova" sendo um termo relativo no caso do Switch).
Isso é ainda mais importante ao se tratar de um título lançado originalmente para o 3DS, que conta com uma tela a mais e, portanto, requer um planejamento extra para integrar suas funções em um único ecrã.
Mas, para além disso, não se deve esperar nenhuma mudança radical entre a versão de agora com a de mais de 10 anos atrás.
Tal qual Paper Mario: The Thousand-Year Door – incidentalmente, o último grande lançamento da Nintendo antes desse – Luigi's Mansion 2 HD é uma remasterização simples, focada em trazer melhorias de qualidade de vida para um público antigo e (potencialmente) novo.
Lançado originalmente em 2013, durante o chamado "Ano do Luigi" – similar a 2024 ser Ano do Shadow, só que com mais classe – Luigi's Mansion: Dark of the Moon é a sequência direta do jogo de lançamento do GameCube que colocou o irmão do Mario nos holofotes.
No jogo, Luigi é recrutado mais uma vez pelo Professor E. Gadd/ A. Luado para caçar fantasmas e derrotar o Rei Bu, que quebrou a chamada Lua Negra em vários pedaços – deixando os espíritos completamente descontrolados e dispostos a fazer todo tipo de sarilhos.
Para isso, ele deve explorar não só uma, mas várias mansões/casarões assombrados diferentes para caçar os pedaços da Lua, encontrado e enfrentando vários tipos de fantasmas – de bobos e praticamente inofensivos, à agressivos e perigosos.
Para isso, ele utiliza uma lanterna e um aspirador especial capaz de capturar os espectros, além de usá-los para solucionar quebra-cabeças e descobrir os vários segredos e ilusões espalhados pelas construções.
Que fique claro: Luigi's Mansion 2 HD é, fundamentalmente, o mesmo jogo que foi lançado no 3DS em 2013. As interações com o professor inclusive continuam sendo via um DS, para reforçar a metalinguagem.
O que essa nova versão apresenta, principalmente, é uma nova camada de detalhes à experiência: seja na tela um pouco maior do Switch, ou na (provavelmente) significativamente maior da TV, toda a personalidade do jogo aparece de forma ainda mais evidente, da estrutura dos ambientes até às várias animações de movimentação do Luigi.
A franquia Luigi's Mansion sempre se destacou por se permitir a trazer uma personalidade mais única, e ver Luigi em toda a sua covardia e mesquinhez com mais detalhamento é sempre bem-vindo.
A outra grande mudança central envolve os controles. Como o 3DS original não contava com uma segunda alavanca analógica – isso foi resolvido mais tarde com Kid Icarus: Uprising e o New 3DS, mas ainda assim –, a mira usava os botões da frente ou o giroscópio do portátil.
Aqui, a alavanca do Joy-Con direito cuida da mira, e geralmente traz uma experiência mais intuitiva. "Geralmente" porque a sensação que essa mira passa é que o esquema de botões foi transplantado, e por isso ela é mais travada do que, por exemplo, em Luigi's Mansion 3.
O giroscópio ainda está presente tanto nos Joy-Cons em si quanto no Pro Controller, mas em certo momento preferi desativá-lo, já que meu jeito de posicionar o controle geralmente levava o Luigi a mirar para baixo.
De resto, como disse anteriormente, esse é o mesmo jogo do 3DS. A boa notícia é que Luigi's Mansion: Dark of the Moon é um bom jogo que envelheceu bem graças tanto ao seu charme quanto às diferentes ideias que a Next Level Games implementou a cada nova mansão explorada.
Cada mapa é repleto de salas escondidas e segredos a serem descobertos, seja para passar de uma missão para outra, ou só para capturar mais fantasmas e ganhar mais moedas, que vão melhorando as habilidades do Luigi.
E, graças a sua direção de arte, o visual do jogo não precisou de muito polimento para ficar bom no Switch.
A única coisa que se perde mesmo é a sensação de salto da imagem que o 3DS proporciona, o que provavelmente não deve ser reproduzida por um tempo com a queda de popularidade do 3D, mas tirando algumas cenas com os fantasmas, não me parece uma grande perda.
Por isso, em um vácuo, Luigi's Mansion 2 HD consegue estabelecer um lugar confortável nesta fase final do Switch como carro-chefe da Nintendo.
Fora do vácuo, a Nintendo está cobrando R$ 300 por um jogo de 2013.
Uma versão melhor de um jogo de 2013, mas ainda assim.
(Inclusive há paralelos que podem ser traçados com outro jogo dessa mesma época)
Mesmo entre os remasters recentes publicados pelo Switch, recomendaria até Paper Mario antes de Luigi's Mansion 2 HD, já que aquele jogo só estava disponível no GameCube, e pelo menos o 3DS não é um console tão antigo quanto aquele.
A grande vantagem que o jogo do Luigi tem sobre o outro é que existe uma localização em português. Infelizmente, a vantagem não é muito grande, já que é português de Portugal.
Certamente não é o ideal para o público brasileiro, mas tirando um período de adaptação com palavras como "ecrã", "sarilhos" e uma pausa no uso de gerúndios, o PT-PT é compreensível.
Mesmo assim, é estranho que a Nintendo faça o investimento de trazer esses jogos antigos para suas plataformas mais recentes, mas não usem uma parte desse orçamento para financiar novas traduções oficiais.
Mas, considerando o sucesso relativo desses relançamentos, não me parece algo que vai mudar tão cedo.
No fim, Luigi's Mansion 2 HD se encontra em um lugar paradoxal: visto de forma independente, ele é mais um exemplo de relançamentos da Nintendo simples, mas efetivos em trazer jogos mais velhos para sua plataforma mais recente.
Mas, julgando o panorama de jogos disponíveis no Switch, é difícil recomendar ele comparado a tantos outros títulos incríveis dentro do seu catálogo, até mesmo entre outros relançamentos da própria Nintendo.
Se você for um fã de Luigi's Mansion, ou mesmo se só quiser algo na linha de Luigi's Mansion 3, não tem erro. Do contrário, vale esperar por uma rara promoção.
Não é essencial, mas nem tudo precisa ser.
- Lançamento
27.06.2024
- Publicadora
Nintendo
- Desenvolvedora
Tantalus Media