Demorou quase 20 anos, mas a princesa Peach finalmente voltou a ganhar um jogo para chamar de seu. Depois de ser uma donzela indefesa, estrelar títulos em portáteis como Super Princess Peach e fazer parte de grandes crossovers da Nintendo, a heroína assume o papel de protagonista pela primeira vez em duas décadas em Princess Peach: Showtime!.
Seja pela demora, seja pela vontade reprimida de ter um jogo estrelado por sua principal personagem feminina, a Nintendo decidiu tornar este título de Switch, que é apenas o terceiro com a princesa como personagem principal em 39 anos de Super Mario, em uma aventura na qual Peach faz de tudo um pouco.
Em Showtime, a princesa Peach e os Toads decidem visitar o Teatro Esplendor, uma casa de shows renomada por diversas apresentações. Mas, ao chegar lá, o local é dominado pelas forças malignas de Rubi e sua trupe Uvaparsas, e a personagem precisa se aliar à pequena Estela para canalizar o poder dos protagonistas de cada espetáculo e salvar o dia.
Na prática, isso se traduz em um mapa dividido em diversos mundos, nos quais Peach incorpora várias profissões. No melhor estilo da Barbie, a heroína se veste de espadachim, confeiteira, super-heroína, sereia, ninja, entre outras profissões e criaturas.
Trailer de Princess Peach: Showtime!
A cada roupa diferente, o gameplay incorpora novas mecânicas. Embora o alicerce da aventura seja o de um jogo de plataforma, diferentes tipos de interação surgem de forma previsível, como nas profissões que envolvem algum tipo de briga, mas também se permitem ir a lugares mais inusitados, como o de jogo de ritmo, ação furtiva ou nas excelentes fases de detetive.
Com essa dinâmica, o jogo apresenta sua maior força logo de cara. Cada apresentação de roupa nova da Peach, retratada como o "primeiro ato" de uma peça, guarda sempre a surpresa de como serão as novas mecânicas de gameplay, e essa expectativa é bem correspondida. É claro que você pode não gostar de uma ou duas fases, mas esse jogo dificilmente vai desagradar todo mundo por completo.
Tudo isso é embalado por um sistema de coletáveis que dá novas skins à princesa e a sua aliada, o que também dá um motivo extra para vasculhar todos os cantos de cada palco em busca de moedas, que compram vestidos para Peach, esplendoritas, que no melhor estilo de Super Mario Odyssey abrem caminhos para outros mundos, e lacinhos novos para Estela.
Aqui vale também um elogio à localização em português brasileiro de Princess Peach: Showtime, que usa e abusa de trocadilhos, especialmente nos nomes dos vilões, e expressões populares em suas linhas de diálogo.
Passada essa empolgação inicial, Princess Peach: Showtime começa a revelar que os bastidores da peça não são tão agradáveis quanto seus atos de apresentação.
A aventura cumpre muito bem o papel de apresentar uma série de estilos, mas tem dificuldade em desenvolvê-los para além do básico. O design das fases é excessivamente simples e não existe quase nenhum desafio, mesmo para quem se propor a coletar todos os itens ocultos de cada fase.
Para piorar, o jogo também tem algumas dificuldades técnicas, principalmente na hora de carregar as próximas cenas. Quando o jogo roda no dock e a resolução é esticada, o gargalo aumenta ainda mais, e é bem difícil ver alguma animação ou cutscene que não perca alguns quadros porque o jogo está passando alguma coisa na tela e dando loading no que vem a seguir.
Tudo isso, somado à apresentação de menus pouco inspirados do jogo, dá a terrível impressão de que Princess Peach: Showtime foi feito com um orçamento menor em relação a outros jogos de Super Mario, ou que o título teve um período de desenvolvimento mais curto.
O resultado é um game que apresenta inúmeras boas ideias, mas não parece muito interessado em fazê-las chegar a um potencial pleno. É muito legal ver a princesa Peach voltar a ter um espaço de maior destaque, principalmente quando consideramos que a personagem vive provavelmente o seu melhor momento na história de Super Mario, depois de roubar a cena na animação de 2023.
No fim das contas, Princess Peach: Showtime é um jogo legal, e um vislumbre do que a personagem pode oferecer quando tem a oportunidade de brilhar. Mas, levando em conta todo esse histórico, e especialmente a boa fase da heroína, ela merecia muito mais.
- Lançamento
22.03.2024
- Publicadora
Nintendo
- Desenvolvedora
Good-Feel