A NetEase é uma das maiores empresas de games do planeta inteiro – e, ao mesmo tempo, relativamente desconhecida para muita gente, tendo operado principalmente na China desde sua fundação em 1997.

Nos últimos anos, porém, a empresa tem se movimentado para expandir seus escopo para o território global, lançando jogos como Naraka: Bladepoint – presença constante entre os mais jogados do Steam – e investindo em empresas e agora adquirindo e formando estúdios que possam atrair o público japonês, norte-americano e europeu.

Mas, pelo visto, este interesse não está limitado só a estes territórios, e a NetEase já estuda outros mercados com potencial – entre eles, o Brasil.

"A verdade é que, levando em consideração o Brasil, há coisas empolgantes acontecendo por aqui, e queremos aprender mais", disse Alex Armour, representante da companhia, em entrevista com The Enemy na BGS 2023.

É importante ressaltar, como o próprio Armour fez por várias vezes, que esta é visita é apenas parte de um estudo inicial da companhia, e que seu objetivo é mais para conversar com especialistas e membros da indústria de games brasileira sobre o mercado local.

Mas a empresa tem feito alguns testes com alguns títulos no mercado mobile brasileiro, incluindo um beta fechado para Eggy Party – um jogo no estilo Fall Guys, com a possibilidade de editar suas próprias fases – e um lançamento inicial para o battle royale Blood Strike.

De acordo com Armour, seu objetivo é ajudar a "educar" a equipe da NetEase a entender as particularidades do Brasil e seus jogadores – e de que formas ela pode aproveitar para crescer localmente no futuro.

"Eles sabem que há um grande escopo mobile, mas não sei se eles entendem a variedade que o público pode ter por aqui, e até minha perspectiva é de tentar entender isso melhor", explicou. "Mas eles sabem que há muito rolando por aqui, e estão tentando entender qual é a melhor forma de engajar com o público."

Um dos pontos levantados pelo executivo é a relação do público brasileiro com empresas e desenvolvedoras asiáticas, que tiveram uma presença forte na BGS. Por exemplo, a também chinesa Hoyoverse foi um dos maiores destaques do evento – algo que não fugiu à atenção de Armour, dizendo que era "difícil não ver" o estande enorme da empresa.

NetEase Global

Antes de se focar em lugares como o Brasil, porém, a estratégia da NetEase no momento é ganhar espaço no Japão, EUA e Europa – e parece não ter qualquer pressa para forçar essa expansão.

"Acho que eles são bem pacientes", opinou Armour. "Em termos de como eu vi eles construindo as equipes nos EUA, Canadá e Europa, eles são bem ponderados sobre como aproximar aquele espaço, e não sinto que eles estão querendo criar uma grande estrutura de publishing sem planejamento. Eles parecem ser cuidadosos em quem querem trazer e ter as pessoas certas no grupo."

Há várias vertentes para este plano, mas vale um destaque especial para as aquisições e acordos com desenvolvedores feitos nos últimos anos, que vão desde a compra da Quantic Dream até a contratação do criador de Like a Dragon, Toshihiro Nagoshi.

Project Mugen
NetEase/Divulgação

Mas há vários projetos de estúdios chineses com um público global em mente, com Armour dando destaque especial para Project Mugen, jogo mostrado na última Gamescom e que, pelo visto, planeja se estabelecer no mesmo espaço que Genshin Impact, Honkai Star Rail e outros títulos da Hoyoverse.

Além dele, também há Where Winds Meet, jogo que surpreendeu muito durante a Gamescom 2022.

Para Armour, estabelecer um espaço maior fora da China é um processo longo – "como virar um encouraçado", nas palavras dele –, mas a NetEase parece estar disposta a levar o tempo que precisar para fazer esta guinada.