Assim como aconteceu lá em 2017, quando a Apple apresentou o iPhone X para a comemoração do aniversário de dez anos do lançamento do primeiro iPhone, este ano foi a vez da rival Samsung fazer algo semelhante: celebrar a primeira década da linha Galaxy S, uma das mais bem-sucedidas da história da fabricante sul-coreana.
Para isso, a Samsung apostou em uma família de três modelos: o Galaxy S10 padrão; uma versão menor, o Galaxy S10e; e o superlativo Galaxy S10 Plus – um modelo que flerta com os antigos phablets com seu display de 6,4 polegadas, um dos mais impressionantes já colocados em um dispositivo da empresa.
E, assim como foi o caso do iPhone X lá trás, a Samsung trouxe algumas mudanças bem-vindas ao trio de novos modelos, com novos recursos e um novo design que ajudam a redimir a família após upgrade sem graça que tivemos do Galaxy S8 para o Galaxy S9 – basicamente o mesmo smartphone, descontando o esperado upgrade de hardware que nós vemos todos os anos.
Durante uma semana, usamos o Galaxy S10 Plus como nosso smartphone principal para a vida profissional e no dia-a-dia pessoal, e detalhamos neste review como as mudanças trazidas pela Samsung impactam a experiência do usuário com o smartphone e se elas fazem do novos topo de linha da empresa uma boa aposta.
Um display cheio de novidades
O Galaxy S10 Plus é um caso curioso de um smartphone que exige alguns dias de adaptação por parte do usuário antes de se tornar um aparelho familiar. Não por não ser um modelo bom ou confortável, mas sim pelas mudanças consideráveis que a Samsung trouxe, que fazem do S10 Plus uma experiência consideravelmente diferente de um Android típico.
As duas principais mudanças, é claro, estão na parte da frente, ambas por conta do simpático display do S10 Plus – uma tela de AMOLED dinâmico com resolução QHD+ (1440 x 3040
pixels) e 6,4 polegadas que ocupa quase toda a frente do dispositivo, com brilho excelente e cores extremamente vibrantes.
Assim como nas gerações anteriores, a Samsung aposta no visual "infinito", que estende o display para as laterais do dispositivos e dão a impressão de uma tela sem bordas laterais. O novo Infinity-O Display, no entanto, encurtou também a "testa" e o "queixo" da tela, o que deixou pouco espaço para as câmeras frontais e forçou a primeira mudanças de design: um notch.
Diferente de soluções como a do iPhone X, com notch em formato de "franja", ou o notch em gota, como o do Motorola G7, a aposta da Samsung vem em um notch flutuante em formato de pílula, que abriga duas câmeras no canto superior direito.
O posicionamento é inusitado, mas tem em comum com os outros notchs o fato de que chama constantemente a atenção do usuário nos primeiros dias com o smartphone na mão. Eles são particularmente chamativos, por exemplo, em aplicativos que usam paletas claras de cores, que acabam destacando mais ainda os dois buracos pretos no canto superior direito.
A boa notícia é que o S10 Plus cobre automaticamente o notch com uma barra preta na hora de reproduzir vídeos ou em games. Se não se importar com o recorte, é possível também maximizar o conteúdo na tela e desfrutar to display que cobre quase 90% da dianteira.
Um segundo recurso que exige certo tempo para se acostumar é o sensor biométrico do Galaxy S10 Plus, que deixou de ser um leitor de digitais tradicional 2D na parte de trás para se tornar um leitor ultrassônico incorporado ao display, capaz de fazer uma leitura 3D da sua digital.
Esse é uma mudança positiva, tanto do ponto de vista de segurança quanto de posicionamento - já que sensores na parte da frente costumam ser de mais fácil acesso para quem passa o dia com o smartphone em cima da mesa. Ainda assim, a nova tecnologia às vezes parece ligeiramente mais lenta e mais difícil que sua antecessora.
Um dos motivos disso é que, como o leitor é incorporado ao display, não há nenhum indicativo tátil ou visual de que você está colocando o dedo no lugar certo para desbloquear a tela – o que significa que é preciso um pouco de prática e tentativas e erros para se acostumar.
E como o tempo de resposta do desbloqueio também parece ser um pouco mais lento que o comum, não é raro que o smartphone peça que você fique com o dedo sobre o sensor por mais tempo para completar a leitura – algo que chega a ser frustrante.
Ainda assim, o sistema se mostra vantajoso em algumas outras situações: nominalmente, no caso de um dedo molhado – que pode desbloquear a tela com a mesma facilidade de como se estivesse seco por conta do sistema ultrasônico, o que não ocorre em um leitor tradicional..
Fones de ouvido e botão Bixby
Aproveitando que falamos da tela, vale destacar detalhes do design e acabamento do Galaxy S10 Plus, que segue a tradição das laterais metálicas e vidro na traseira, ambos responsáveis pelos ares Premium do dispositivo.
Com finalização na cor branca, o modelo que testamos é particularmente elegante – e tem a vantagrm extra de disfarçar bem as manchas de impressão digital na traseira, que são sempre desagradáveis em smartphones com vidro na parte de trás.
Ao lado do ótimo alto-falante na parte de baixo (que é acompanhado por um discreto speaker na parte superior do display), há uma entrada P2. Pois é, a Samsung pode ter adotado o notch, mas ainda se nega a excluir a entrada para fones de ouvido de seus smartphones de topo de linha – o que eu continuo achando uma atitude louvável parte da fabricante. Fones de ouvido bluetooth são uma boa e bastante práticos, mas não substituem completamente fones com fio.
Dito isso, ainda vale ressaltar que passei um bom tempo usando os Galaxy Buds em conjunto com o S10 Plus – aproveitando a funcionalidade de "carregador" do smartphone, que pode servir como uma base de carregamento por indução no padrão Qi. É uma função bem simples, mas que ajudou a tornar os fones Bluetooth uma constante nos últimos dias, já que dificilmente ficavam sem bateria.
Para encerrar o assunto design, precisamos dizer que a Samsung continua insistindo na manutenção do botão Bixby na lateral esquerda da linha Galaxy S - e o S10 Plus não é exceção. O botão em si não chega a ser um problema, já que agora pode ser remapeado para a abertura de outros aplicativos, mas ele ainda funciona como um lembrete desconfortável de como a Samsung segue insistindo em um botão dedicado para um serviço que foi lançado há dois anos, mas que segue sem suporte completo para o Português.
Até lá, no meu caso, o botão seguirá sendo usado apenas como atalho de hardware - ideal para aplicativos de uso constante, como YouTube ou Spotify, no meu caso.
Bateria maratonista
Passando para os componentes internos do Galaxy S10 Plus, o destaque fica por conta da generosa bateria de 4,100 mAh, a maior já colocada em um modelo da linha Galaxy S. O resultado, como se podia esperar, é bem satisfatório: o S10 Plus dura um dia inteiro com tranquilidade se mantida a configuração padrão de resolução em 1080p. Se você optar pela resolução QuadHD, é claro, a bateria vai sentir um impacto maior.
Usando ele como meu smartphone principal ao longo do dia, o que significa algumas horas de streaming de música, vídeo, e navegação por redes sociais - além de uma jogatina saudável e um pouco de carga emprestada aos Galaxy Buds - o S10 Plus chega ao final do dia com bateria superior aos 30%.
No Brasil, o S10 Plus chega com o processador doméstico da Samsung Exynos 9820, ao invés da versão carregada com o Qualcomm Snapdragon 855 que chegou aos Estados Unidos. Combinado com seus 8 GB de RAM, o modelo é capaz de dar conta de qualquer tarefa do dia-a-dia sem nenhum engasgo - mesmo com múltiplos aplicativos abertos simultaneamente ou durante jogatinas, incluindo testes com jogos como Evoland 2, PUBG Mobile e Alto's Odyssey.
A performance é a esperada de um modelo de topo de linha, que é uma evolução de smartphones que já performavam de forma excelente com um hardware de geração anterior. Ainda assim, a fluidez do Galaxy S10 Plus surpreende, e o dispositivo é um dos mais rápidos que já utilizei.
Câmeras
Já faz algumas gerações que a Samsung coloca ótimas câmeras na linha Galaxy S, e o Galaxy S10 Plus não é uma exceção à regra – o smartphone faz imagens excelentes, tanto em situações bem iluminadas quanto para fotos noturnas ou em situações de baixa luminosidade. Os resultados são imagens vibrantes que não mostram nenhuma distorção aparente de cores.
Essa consistência nas imagens pode ser observada nas duas câmeras principais do modelo, sendo a primeira uma lente de 12 megapixels e abertura variável, de 1.5 ou 2.4; e a segunda, uma teleobjetiva de 12 megapixels e zoom óptico de até duas vezes. Ambas também contam com estabilização óptica de imagem.
Mas a câmera mais divertida, acaba sendo a terceira da trinca traseira, uma grande angular de 16 megapixels e ângulo de 123 graus que é ideal para fotos de paisagens e de cenários - e não deixa de fora detalhes que seriam cortados em câmeras mais fechadas.
A câmera também se mostra bastante confiável para imagens diurnas e noturnas, mas - como esperado - tende a distorcer a foto nos cantos, ao melhor estilo "olho de peixe".
Bom, bonito, mas nada barato
Como já acontece há alguns anos, a Samsung continua tendo o melhor Android de topo de linha disponível aqui no Brasil - e o S10 Plus não é diferente disso.
Mas também é verdade que um dos principais problemas da linha Galaxy S ainda segue sendo o mesmo: o preço. Na esteira do que a Apple fez com o iPhone X, a Samsung também subiu os preços dos novos modelos da linha Galaxy nessa geração, o que fazem deles uma aposta difícil para quem se preocupa com os cifrões na hora de adquirir um modelo novo.
O S10 Plus mais barato, chegou ao país por R$ 5.499, combinando 8 GB de RAM + 128 GB de armazenamento interno - expansíveis com cartão microSD.
O dispositivo, é claro, entrega tudo o que é esperado de um de topo de linha em 2019, e justifica o upgrade com o belíssimo novo design e com o trio de câmeras traseiras, difíceis de rivalizar.
Mas para quem está menos preocupado com a forma, e busca apenas uma performance sólida de topo de linha, o Galaxy S10 Plus ainda pode ser rivalizado por ótimos smartphones Android de gerações anteriores - como o próprio Galaxy S9 Plus.