Lost Planet 3 | Primeiras Impressões
Jogo traz narrativa mais pessoal que seus antecessores
Lost Planet 3 preza pela simplicidade nos controles e no enredo. Publicado pela Capcom e desenvolvido pela Spark Unlimited, o jogo esquece um pouco do seu DNA oriental (Lost Planet: Extreme Condition), do multiplayer (Lost Planet 2) e investe em uma história mais pessoal, ancorada por uma jogabilidade genérica.
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Essa regularidade dá o tom nas primeiras horas da aventura, que mostram uma falta de capricho em cenários abertos e uma IA falha nos combates. Mesmo que tais defeitos sejam identificados em minutos de jogatina, Lost Planet 3 não é de todo ruim. Se algumas mecânicas de luta e opções de narrativa forem mais exploradas, o game pode entregar um experiência superior a de seus antecessores.
Contemporâneo a Gears of War e Resistance, Lost Planet nunca teve a pretensão de ser um blockbuster. Desde o primeiro, o visual e os diálogos mostram uma tendência da série em ser o primo pobre dos games de tiro em terceira pessoa. Após o segundo, que tinha foco na campanha cooperativa, o game perdeu espaço no mercado devido a ausência de controles estáveis e uma narrativa cinematográfica- algo que não era explorado pela Capcom. Com a decisão da gigante japonesa em terceirizar o desenvolvimento de suas franquias (Devil May Cry é outro caso) isso muda de imediato.
Jornada pessoal
Para começar, Lost Planet 3 segue a moda de Hollywood e faz um prelúdio. Pelos olhos de Jim Peyton, vemos a história dos primeiros colonizadores de EDN III, o famoso planeta congelado, e como a companhia NEVEC se torna a vilã da franquia.
As primeiras horas do jogo acertam ao não focar na empresa, mas na vida pessoal de Peyton, que deixa a família na Terra para trabalhar. Por meio de ligações em vídeo e alguns devaneios, o protagonista questiona sua estada em EDN III, conversa com a esposa e dá uma carga dramática bem-vinda à jornada.
Uma adição sutil mas de grande valor são as músicas enviadas pela mulher de Payton, Grace. As faixas (com estilo country e folk) puxam tanto o jogador quanto o personagem para o clima da Terra e aceleram o processo de identificação entre ambos. Uma pena, no entanto, que após duas horas de demo e vários meses dentro do tempo do jogo, a seleção de músicas não mude.
Na parte visual, apenas os modelos de personagem foram construídos com afinco. Os olhos, cabelos e o rosto de quase todos do núcleo principal chamam atenção - Peyton, inclusive, parece um Nicolas Cage barbudo. Por outro lado, os ambientes abertos são mal construídos e repetem texturas a todo momento. A ambientação interna é simples, não enche os olhos e deixa escapar defeitos tão claros como nas áreas externas.
Monstros, robôs e armas
Os monstros seguem o padrão dos humanos em Lost Planet 3. No primeiro capítulo, as criaturas aparecem com formas interessantes e modelos bem construídos - e, a não ser pelos pequenos insetos, poucas vezes vemos os inimigos se repetindo. Uma pena, no entanto, que a inteligência artifical siga essa tendência. A estratégia dos adversários é sempre a mesma, quase nunca aprendendo com as atitudes do jogador. Pior ainda é notar diversos bugs de movimentação durante momentos essenciais da luta; quando uma horda de aliens atacam o protagonista ou durante a batalha com um "chefe da fase".
Para lutar contra as eles, o jogo dispõe uma pistola simples de munição infinita e várias outras armas que podem ser compradas com o passar do tempo. Como em qualquer shooter que se preze, cada uma delas têm características próprias e um sistema de evolução - nada complexo, por isso, condizente com a simplicidade dos controles do jogo. Não é difícil atirar, acertar o inimigo, fazer upgrade em uma metralhadora, nem mesmo matar um monstro gigante. Tudo vale também para as mecanotrizes, os enormes robôs controlados por Peyton. Apesar de serem quase cinco vezes maior do que um humano, as máquinas são ágeis e com comandos rápidos, que variam de um soco a uma broca de metal.
Mesmo que o desfecho do jogo seja conhecido, a aventura pessoal de Peyton parece valer algumas horas de jogatina. Há novidades em relação aos antecessores e uma narrativa interessante a ser explorada. No entanto, os bugs, principalmente os de IA, e o pouco cuidado gráfico deixam claro: Lost Planet 3 disputa, no máximo, pelo título de surpresa do ano.
Xbox 360, PlayStation 3 e PC recebem Lost Planet 3 no dia 28 de agosto.