Após a derrota para a Heroic e a eliminação do IEM Rio 2023guerri, técnico de Counter-Strike: Global-Offensive (CS:GO) da FURIA, conversou com o The Enemy. Ele falou sobre a sensação de voltar aos palcos após o banimento, e também da trajetória de recuperação de sua equipe nesta temporada. guerri ainda comentou sobre a expectativa para o Major de Paris e rechaçou a toxicidade das redes sociais.

"A gente teve uma derrota pra EG Black, todo mundo colocou a FURIA... até tirando como melhor time do Brasil, e com uma certa razão. A gente não apresentou um CS de qualidade. E quando você fala isso, quer dizer que quando a gente vai jogar com a Heroic, um dos melhores times do mundo, e ninguém tava esperando que a gente ia perder, quer dizer que a gente voltou pro nível que a gente merece estar", crava o técnico.

Ainda assim, o gosto amargo da derrota permanece:

"Dá aquela sensação de que dava, e é uma sensação positiva. É claro que às vezes a gente fica batendo nessa tecla, mas a gente não tá lidando com um campeonato de região, de bairro, é um dos melhores times do mundo. Hoje o CS é muito competitivo, muito mais do que era antes, a gente vê isso a cada dia que passa. Foi isso, a gente lutou e foi até o fim, derramamos até a última gota de sangue", explica.

Apesar da eliminação, guerri ainda vê um saldo "extremamente positivo" na competição:

"É um torneio extremamente difícil, tem essa particularidade de ser no Brasil, então é muito positivo pro público brasileiro a gente ter conseguido esse passo de estar no palco pra eles curtirem o evento de uma forma como foi no Major", complementa guerri.

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Foto: Divulgação/ESL

guerri foi um dos técnicos banidos pela Valve no escândalo do bug do coach, e não pôde atuar junto de seu time nos Majors de Estocolmo, da Antuérpia, e do Rio de Janeiro. Perdoado e com permissão para voltar a atuar nos mundiais de CS:GO, ele não deixa de lamentar a oportunidade perdida em 2022:

"É um momento de muita tensão, um sentimento de injustiça. Você estar no seu país e saber que não fez nada de errado, e ainda não poder participar e exercer sua função. Saber que isso tem um impacto não só na minha vida pessoal, mas na profissional, com o meu nome, até nos próprios meninos, eu sei que consigo ajudar muito eles no meio do próprio jogo, taticamente, na vibe, na motivação, nas palavras" desabafa o técnico.

Ainda que a FURIA figure entre os melhores times do mundo há alguns anos, ainda falta um grande título para os Panteras. As taças mais relevantes foram levantadas em tempos de pandemia, durante campeonatos regionais, e os brasileiros ainda não ergueram uma taça em um torneio presencial de alto calibre.

Para guerri, a recuperação de sua equipe em relação ao começo do ano é um demonstrativo de que ainda há espaço para que essa lineup evolua, ainda que a paciência do torcedor com a falta de títulos já esteja no limite:

"É mais fácil pro torcedor ter essa visão do que o próprio treinador, porque o treinador vivencia coisas que o torcedor não vive. Ele vive o dia a dia, ele sabe o perfil e o potencial de cada jogador. Ele vê onde o jogador acerta, onde o jogador erra de verdade, não só por Raio-X. A opinião pública faz parte, é o que vocês assistem, as percepções do mundo são essas, e as nossas percepções vão ser diferentes porque a gente vivencia outra coisa. Acho que é normal mas eu, guerri, até pelo momento muito ruim que a gente vivenciou, e o pulo que a gente deu pra esse torneio, eu vejo que a gente ainda não chegou no teto", analisa.

O teto há de ser alcançado no Major de Paris, que será o último na história do CS:GO:

"No Major de Paris, esse é o nosso objetivo [o título]. A gente quer estar lá, vamos fazer de tudo pra estar lá", dispara o técnico.

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Foto: Divulgação/ESL

Por fim, guerri lamenta a "dualidade" que existe na torcida brasileira. Na visão do técnico, enquanto as redes sociais estão repletas de toxicidade, o público presencial do IEM Rio é mais carinhoso:

"A diferença é que aqui é o mundo real, o mundo real é diferente do mundo virtual. O mundo real acolhe, dá carinho, dá amor... ele fala também, critica, cobra, mas é diferente. A mídia social, nesse sentido, a gente vê nesses últimos tempos, nesses últimos cinco anos, cada vez mais tóxica, mais mórbida, triste. Houve essa transformação da mídia social muito triste que vem acontecendo. Eu, de verdade, busco blindar ao máximo os meninos com relação a isso, mas é difícil. Eles também são dessa geração. Mas me deixa um pouco triste saber que a gente caminha pra esse lado cada vez pior", finaliza.

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O IEM Rio 2023 segue sem a participação de mais nenhum brasileiro. A grande final acontece neste domingo, e seus participantes ainda não foram definidos.


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