Harry Potter and the Half-Blood Prince J.K. Rowling

Leitores emotivos (e também os mais durões), devem preparar o lenço para os capítulos finais de Harry Potter and the Half-Blood Prince.

Não é segredo que Joanne Rowling tem coragem na hora de decidir quem morre em seu universo. Nada teria sido mais simpático do que ver o bacana Sirius sendo inocentado e cavalgando seu hipogrifo em direção ao pôr-do-sol no quinto livro, A ordem da Fênix. No entanto, a escritora preferiu matá-lo e mostrar aos seus leitores que coisas ruins acontecem com gente boa e que não há certezas sobre quem chegará vivo ao final da saga em sete volumes de seu menino bruxo. O volume seis reforça essa idéia.

O livro começa em pleno gabinete do Primeiro Ministro da Inglaterra, que tem em sua parede uma das invenções mais divertidas de Rowling, um daqueles quadros cujo ocupante se move e pode levar recados. Como num Segredo de Fátima britânico, cada novo Primeiro Ministro é informado da existência da comunidade de magos que vivem ocultos e determinados a não se revelar a nós, os trouxas. Em anos tranqüilos, os dois ministros se encontram somente no dia da posse. No entanto, tendo em vista o que vem acontecendo desde o primeiro livro, o pobre governante inglês tem recebido visitas freqüentes do Ministro da Magia e descoberto que desastres naturais e súbitos acidentes não são mesmo culpa do governo.

Cumprindo o prometido, Rowling tira o jovem Harry Potter da casa dos tios muito mais rápido do que antes. Os Dursleys já serviram ao propósito de dar ao herói escolhido a criação humilde que lhe formou o caráter. Poucas semanas se passaram desde o final de A Ordem da Fênix. O mundo dos magos, no entanto, está mais perigoso do que antes. Personagens citados ou vistos nos volumes anteriores são mortos ou desaparecem com freqüência diária, a ponto de Ron perguntar a Hermione quem morreu toda vez que ela abre o jornal. Espiões estão infiltrados e o relógio dos Weasley aponta que a família está sob perigo mortal. Um bom tempo é gasto com a busca de informações sobre o passado do inimigo, sobre feitiços proibidos, objetos poderosos e traidores. Principalmente traidores.

O mais importante, e uma das surpresas do final, é que o sexto livro marca o momento em que Harry assume sua posição de escolhido e seu desejo de derrotar o assassino de seus pais. Não porque uma profecia disse que isso iria acontecer, mas, porque isso é o que ele deseja fazer. Aos dezesseis anos, Harry está longe do menino que viu Hogwarts como a chance de escapar dos tios. Há uma guerra em andamento e ele sabe que está no centro dela. Além disso, como em toda guerra, romances que poderiam caminhar devagar são acelerados pelo medo de não haver tempo mais tarde, algo que toma proporções ainda mais desesperadas quando se tem 16 anos. Esses são os momentos em que o humor de Rowling aparece em toda a sua força, descrevendo com perfeição a confusão que se instala em meninos e meninas nessa idade.

No entanto, não há neste volume um duelo entre Harry e Voldemort porque, no final, tudo está preparado para que ele aconteça no próximo - e derradeiro - volume, incluindo a raiva por uma morte que não precisava acontecer.

Duro é esperar mais dois anos, ou seja lá quanto tempo Rowling vai levar para decidir mostrar a última aventura desse fenômeno literário chamado Harry Potter e revelar os nomes dos sobreviventes.

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