Foram longos anos até que a série Gundam se tornasse relevante no Ocidente também nos videogames. Não estamos 100% com o Japão, mas o lançamento de Gundam Versus por aqui de forma tão rápida é algo a se comemorar. E com partidas online, muitas delas aliás.

Gundam Versus é diferente dos jogos de Gundam lançados no Ocidente até então. Ele não vem com aquele modo história robusto, não narra as tramas de trilhões de séries da franquia, não relaciona os personagens e as séries explicando a ordem como elas devem ser apreciadas e, sendo muito honesto, não empolga nada no modo para um jogador. Mas há uma razão para isso.

eSport de nascença

Não me matem, mas é muito fácil criar uma equivalência do combate entre mechs e um Overwatch da vida. Desde o anúncio da chegada do game ao ocidente, a palavra eSports vem sendo atrelada a ele. Por mais que pareça forçar a barra com esse lance competitivo para que seu game tenha um fôlego extra, depois de experimentar o online de Gundam Versus, tudo passa a fazer sentido.

É um combate mais cadenciado e que não privilegia apenas o mais forte ou moderno. Chega a ser insano pensar que um game com quase 100 robôs selecionáveis possa ser equilibrado de alguma maneira. Mas por enquanto ele tem se mostrado assim, e isso já é um mérito por si só.

Versus é um game que precisa ser jogado em duplas. Claro, podemos tentar partidas solos ou até mesmo em trios (inédito e exclusivo da versão console do game), mas as partidas ranqueadas são praticadas em duplas. E aí é que a treta começa.

Cada dupla compartilha uma única barra de energia, de mil pontos. Esses pontos são descontados de acordo com a destruição dos robôs durante a partida. Na hora de escolher seu robô, perceberá que cada um tem seu custo: 200, 300, 400 e 500. E sim, quanto maior o número, melhor ele será. No entanto, a habilidade de cada jogador é essencial aqui: você seguraria a barra com um robô de 500 pontos numa batalha contra dois de 200, sendo que uma morte sua equivale a metade da energia da dupla?

A menos que a empresa tenha muita grana para investir, criar um universo competitivo de respeito para seu game é uma tarefa da comunidade. É ela que vai jogar, se interessar e fazer crescer a vontade de se tornar o primeiro do ranking mundial, pelo menos esse é o caminho natural da coisa toda. É cedo ainda (mesmo com alguns campeonatos de Gundam Versus já agendados no exterior), mas chances disso acontecer existem, vamos torcer.

Para um jogador

Apesar do game incitar a jogatina online, há muito o que se fazer sozinho também. Juntar dinheiro dentro jogo para habilitar unidades de apoio, navegadores, títulos e emblemas vai demandar tempo, já que um dos requisitos é acumular, pelo menos 10 níveis de experiência com cada um dos robôs.

Chegando ao nível 10, você destrava a possibilidade de compra dos robôs de ajuda (compras de mentirinha, claro). E para juntar dinheiro, basta jogar os dois modos offlines do jogo (apesar de que online você junta mais rápido): Trials e Ultimate Mission.

Os Trials são divididos em 10 missões especiais, com adversários escolhidos aleatoriamente e com dificuldade variada. Cada percurso concluído lhe garante uma nota, sendo a máxima SSS. O modo arcade do jogo, se preferir.

Gundam Versus tem grandes chances de realmente se destacar no cenário competitivo

Já a Ultimate Mission é um survival que pode ser jogado sozinho ou cooperativamente online (o game não possui modo multiplayer local). Ondas de inimigos vão surgindo e a missão é derrotá-las. Com o online ligado, ondas extras de inimigos ou missões especiais aparecem de vez em quando, mas nada que coloque você diretamente contra um oponente humano (a menos que seja um todos contra o chefe, e você no comando de um chefe).

Piloto de Gundam

A primeira lição que você precisa aprender sobre Gundam Versus é que o boost (um tipo de dash turbinado) é mais importante que a sua munição ou seus ataques especiais. Se mover constantemente, sempre de olho para não sobreaquecer suas turbinas é a chave da vitória. E existem diversas maneiras de utilizar o boost do seu robô, inclusive uma mecânica inédita chamada Dive Boost, que coloca seu robô imediatamente no chão, além de servir para cancelar golpes ativados que não acertaram.

Além do boost de botão, mini dashes podem ser ativados com dois toques no direcional, para qualquer direção. É muito mais fácil se locomover com precisão utilizando esse movimento. Misture tudo isso, sempre de olho para não sobreaquecer os motores e você tem 60% do jogo dominado.

Outra coisa, não saia apertando os botões desenfreadamente. Sua munição é limitada (preenchida após alguns segundos do esgotamento) e o combate com espadas precisa ser cautelosamente pensado, já que dois ataques errados podem significar o fim da sua unidade de combate.

Cada robô é equipado com suas metralhadoras, espadas, mísseis, chicotes, bazucas, bestas e, claro, punhos. Eles também são divididos em categorias: fighting (melhores no combate corporal) e shooting (implacáveis à distância). A ideia aqui é experimentar cada um deles (os quase 100, sim) e encontrar o seu preferido.

Não bastasse isso, seu arsenal ainda conta com um segundo robô, que entra como Striker do time. De quantidade limitada, a ajuda extra pode ser ativada de acordo com a sua categoria, curta ou longa distância.

Gundam Versus tem grandes chances de realmente se destacar no cenário competitivo. Apesar da franquia até hoje ser considerada extremamente de nicho, ele possui as ferramentas necessárias para agradar tanto os jogadores que conhecem seus personagens quanto os novatos. E quem sabe acender a chama nos corações das pessoas que só conhecem Gundam por conta da série Wing ou porque sabem que "tem um Gundam de verdade construído lá no Japão".

Gundam Versus está disponível para PlayStation 4. O jogo foi testado em um PlayStation 4 padrão. Clique no nome da plataforma para conferir o preço do jogo em sua versão digital.

Nota do crítico