Desde 2015, as conferências da Sony na E3 2017 têm se tornado as mais badaladas do evento. Mesmo quando não são as melhores, as apresentações da empresa atraem quantidades gigantes de atenção e são muitas vezes as mais debatidas da feira. Qualquer site, brasileiro ou internacional, pode confirmar isso. As visitas e comentários simplesmente estouram. Tudo isso aconteceu porque a fabricante do PlayStation 4 abraçou com força a cultura do hype que existe dentro da comunidade dos games, especialmente em sites como o Reddit ou o NeoGAF.

As coletivas da Sony se tornaram as casas dos anúncios que dão combustível para o trem do hype. É lá que vemos Days Gone, Gran Turismo SportFinal Fantasy VII RemakeShenmue IIIGod of WarSpider-Man Death Stranding. Por conta do fator supresa e das expectativas dos fãs, jogos como estes inundam as redes sociais de posts empolgados, geram inúmeros vídeos de reação no YouTube e quebram os servidores de fóruns. São uma forma excelente de ser eleita a "vencedora da E3" e dominar o momento, mas este ano, é preciso ir além disso.

É fato que as conferências da Sony são empolgantes, mas elas são mais um show de luzes do que uma boa olhada no futuro da empresa. É só notar que nenhum dos jogos citados acima têm data de lançamento. E alguns deles, como FFVII, Shenmue Death Stranding, podem demorar mais alguns anos para chegarem.

Spider-Man
Sony

A Sony vive um ótimo momento. O PS4 tem 60 milhões de unidades vendidas para varejo, os novos lançamentos receberam ótimas avaliações, mas agora a concorrência trouxe suas principais armas para a briga. O Nintendo Switch dominou a atenção dos últimos meses, e a Big N está experimentando enorme sucesso de vendas e crítica. The Legend of Zelda: Breath of The Wild já é o favorito claro para vencer toneladas de prêmios de jogo do ano, e o novo console está desaparecendo das prateleiras e estoques mais rápido do que a turma de Shigeru Miyamoto consegue acompanhar.

Já a Microsoft, que é a principal rival da Sony, vai apresentar o Project Scorpio, um novo console que supera tranquilamente até a versão mais poderosa do PlayStation 4. O que, certamente, significa que ela trará grandes jogos e nomes de peso pesado para a conferência, que agora se distanciou da rival, colocando sua apresentação no domingo e garantindo um dia todo de foco em seus produtos. Este ano, o centro do interesse será o Xbox. Como, então, a Sony pode mostrar que o PS4 ainda tem fôlego.

O sentimento com os títulos da Sony ainda é extremamente positivo, o que significa que vê-los de qualquer forma vai gerar animação por parte do público. É só colocar um trailer de Death Stranding ou God of War que você garante um flood e publicações no NeoGAF e em redes sociais, mas este ano a Sony precisa dar mais sustento para o que ela apresentar. A Nintendo tem os próximos 6 meses de Switch bem estruturados, a Microsoft vem com lançamentos enormes para o fim do ano, enquanto o futuro dos estúdios first-party que produzem para o PS4 continua um mistério.

Trocando em miúdos, nesta E3 a Sony precisa, em primeiro lugar, colocar datas nos jogos. Não coloque simplesmente mais um teaser de Spider-Man sem dizer se o jogo sai ou não este ano. É legal, anima, mas quando analisarmos depois de alguns dias e semanas, vai ficar claro que apesar do espetáculo, não há nada muito concreto, e eventualmente o efeito do hype passa e o que fica é a expectativa para lançamentos.

Não é um problema muito difícil de ser contornado. A Sony só precisa decidir dois ou três jogos - Gran Turismo Sport, God of War Spider-Man são as minhas escolhas - colocar datas neles, e se manter fiel à elas. Ela tem as cartas na mão, mas precisa usá-las de forma inteligente para não perder o bom sentimento que o PS4 e seus jogos têm conquistado nos últimos anos. Os exclusivos da empresa não são tão poderosos quanto os da Nintendo, mas ainda seguram muita importância.

God of War
Sony

A Sony conseguiu muitas vendas usando acordos de marketing estabelecidos com a Activision para Call of Duty/Destiny e com a EA para Battlefronte essas são estratégias de marketing válidas - tanto que o mesmo vai acontecer este ano - mas isso não constrói uma base instalada fiel ao seu console. A Microsoft fez o mesmo na geração do Xbox 360, inclusive com Call of Duty, mas diversos donos daquela plataforma compraram um PS4 e não um Xbox One.

Todos nós nos divertimos com conferências grandiosas na E3, e a Sony sabe como fazer isso muito bem, mas em 2017 isso pode não ser o suficiente para combater o Project Scorpio e o Nintendo Switch. A Sony não tem um novo console para apresentar, mas conta com inúmeros jogos de peso. Agora, é hora de colocá-los à venda. E isso começa com uma apresentação sólida, que vai além da cultura do hype, na segunda-feira, dia 12, em Los Angeles.