Durante a Gamescom, convenção de games que é realizada até domingo (17), em Colônia, o Omelete testou dois novos protótipos de jogos para o Project Morpheus, o óculos de realidade virtual da Sony. Assim como o concorrente Oculus Rift, a ideia da fabricante japonesa é criar uma experiência mais imersiva para o jogador. Na corrida pelo desenvolvimento na inovadora plataforma, as filas no estande mostram que tem muito gamer curioso com o futuro do formato.

Contra o preto quadradão do Rift, comprado recentemente pelo Facebook, Morpheus é leve e tem um formato ergonômico que encaixa melhor na cabeça, com uma proteção confortável para os olhos, garantindo uma imersão sem incômodos de luz ou apertos. Ainda longe de ter a qualidade gráfica dos jogos do console, a resolução é de 1080p, com detalhes nítidos mas cenários simples e movimentos levemente engasgados.

Ambos os jogos tinham um tempo médio de dois minutos. No primeiro, você é um cavaleiro medieval em treinamento. Em pé e usando os movimentos do corpo com o auxílio do PS Move, você pode dar socos, pegar espadas, uma besta ou um mangual para bater em um boneco meio 'joão bobo' de armadura. A sutil desconexão entre os movimentos dos braços e o que é apresentado na tela cria alguns bugs indesejados, como falhas na mira, algo que ainda deve melhorar, especialmente se quiser pegar o grande mercado dos FPS. O jogo termina com um grande dragão tentando comer a sua cabeça.

No segundo protótipo, você senta em um futon no chão, e além dos óculos, usa fones de ouvido. Deitado em um carrinho de rolimã, a ideia é descer uma ladeira cheia de carros, curvas e caminhões, movimentando suavemente a cabeça para controlar a direção do veículo. A qualidade gráfica é bem melhor e, junto aos fones, você realmente se assusta com os carros vindo em sua direção no meio do trânsito. A sensação de adrenalina na cabeça contra o corpo relaxado causa uma das experiências mais únicas do formato. Deu vontade de jogar mais.

Mas para o desenvolvedor Jeff Stafford, "ainda é preciso educar os jogadores sobre como a plataforma funciona. Precisamos nos antecipar aos problemas antes que eles aconteçam", explica. "Quando nos deparamos com um problema, como náuseas e fobias, o primeiro passo é tentar resolver antes e depois oferecer opcões aos jogadores. Se você entra em uma sala e se depara com um zumbi enorme pulando em você, a reação pode ser tão intensa que torna a experiência desagradável. Neste caso, oferecer portas de rápido acesso para sair da sala, ou até mostrar na interface uma barra de energia daquele monstro, são formas de mostrar para o jogador que aquilo é um game. Pelos nossos estudos, 20% das pessoas apresentam náuseas, e normalmente são pessoas que já sentem tontura com 3D ou até com montanhas russas. Mas sabemos que desenvolver para realidade virtual exige uma responsabilidade maior. Meu trabalho é também redigir documentos de normas e regras para garantir a segurança do usuário, são livros enormes", completa Jed Ashforth, do time de pesquisa da Sony.


A turnê com o protótipo, que deve seguir para o Japão e ainda não tem plano de demonstração na América do Sul, é usada como base para avaliar a experiência do usuário e criar jogos mais próximos do que o público gosta. "O nosso próximo passo com certeza será testar um shooter, é o que eles adoram", diz Stafford. Os jogos de esporte também oferecem possibilidades interessantes. "Instruímos os desenvolvedores a não querer criar um jogo inteiro em VR, mas sim encontrar situações dentro de um roteiro em que você possa utilizar esses recursos para amplificar a experiência. Em um jogo de futebol, por exemplo, em vez de colocar direto em primeira pessoa, você pode controlar a câmera comum com a cabeça, observando detalhes do estádio ou analisando a posição de seus atacantes antes de lançar a bola".

Ao lado, Davide Canavesi, game designer italiano de 26 anos, testava o produto entre risadas e golpes perdidos no ar. Para ele, ainda "existe um risco da plataforma virar uma grande parafernalha tecnológica, como a TV em 3D". Ele comenta ainda que achou "muito legal, tem potencial, mas ainda tem muito para melhorar, não sei se compraria. Eu tenho um Oculus Rift e gosto das possibilidades que ele proporciona para os próprios desenvolvedores criarem experiências." O Morpheus ainda não tem data ou previsão de lançamento. A empresa disponibilizou uma lista de games que estão sendo desenvolvidos.

Eve Valkyrie - CCP Games
Among The Sleep - Krillbite Studio
Cult County - Renegade Kid
Project CARS - Slightly Mad Studios
War Thunder - Gaijin Entertainment
The Deep - London Studios
The Assembly - nDreams
Surgeon Simulator - Bossa Studios
The Castle - SCE
Street Luge - London Studios
Thief - Eidos Montreal
Jurassic Encounter - Supermassive Games

Enquanto a Sony conquista novos jogadores com um projeto centralizado, os experimentos de jogos indies com Oculus Rift estão espalhadas por toda a convenção muito além do stand da marca, que conta com quase uma dezena de opções de experimentos dos desenvolvedores em diversos formatos.

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