Street Fighter V - “A Shadow Falls” | Crítica
Confuso e fraco, modo história não faz jus ao universo do game da Capcom
Quando foi anunciado, o modo história de Street Fighter V foi visto como uma progressão natural para o game de luta. Após seu rival ocidental Mortal Kombat mostrar o caminho de como contar uma trama em games do gênero, ficava a expectativa pelo que a Capcom poderia fazer com a mesma estrutura para retirar, de uma vez por todas, um dos maiores preconceitos em torno da franquia: a de que sua história é fraca e confusa.
Infelizmente, “A Shadow Falls”, novo modo história que chega quase cinco meses após o lançamento original do game, faz exatamente o contrário por ser, veja você, fraco e confuso. Dividida em cinco capítulos com vários atos, a trama demora a revelar o que está em jogo e quais são as partes envolvidas, passando a metade de sua duração em uma sucessão de cenas desconexas e intercaladas.
A história, que se passa entre Street Fighter IV e Street Fighter III, gira em torno de gigantescos satélites chamados Black Moons, construídos pela Shadaloo de M. Bison para causar pânico na Terra e, assim, gerar mais sentimentos negativos entre os humanos - o combustível para o Psycho Power, que alimenta o vilão. Dois grupos se formam para tentar impedi-lo: um composto por Chun-Li, Guile, Karin e suas respectivas organizações, e outro formado pela misteriosa Helen, que ressucita Nash e agrupa mais personagens “neutros” como Rashid.
Talvez para não ficar tão igual ao modo história de Mortal Kombat - que é uma clara referência - “A Shadow Falls” não conta sua história por pontos de vista únicos de cada personagem, preferindo uma abordagem mais caótica dos confrontos. O problema é que, às vezes, a história fica caótica até demais a ponto de você não saber nem com quem vai jogar.
Um exemplo: logo no início do primeiro capítulo, Ryu vai até Dhalsim. Os dois lutam, e Necalli aparece para enfrentar o protagonista. A câmera continua contando a história como se estivesse no ponto de vista de Ryu. Entretanto, quando a tela de luta começa, você está no controle de Necalli. Isso ocorre diversas vezes durante a campanha.
Não bastasse a história ser toda picotada, atrapalha ainda mais o fato de toda transição ser intercalada com telas de carregamento, seja entre cenas, seja entre lutas. Às vezes, o modo história chega ao cúmulo de demorar 15 segundos para mostrar uma singela cutscene de 30 segundos.
Um dos poucos pontos positivos desta campanha proposta pela Capcom fica no velho e bom fan service de ver em ação quem não está na tela de seleção de lutadores. Também é possível controlar os personagens que serão adicionados posteriormente via DLC - você tem um gostinho, por exemplo, de Juri e Urien, que chegarão ao game nos meses posteriores.
Ainda que seja bem-intencionado e algo a se considerar para as próximas edições da franquia, o modo história de Street Fighter V mostra como não contar uma trama de jogo de luta, tanto em seu roteiro, quanto na parte técnica. O modo arcade vai fazer mais falta do que nunca…
Street Fighter V - “A Shadow Falls” está disponível para PlayStation 4 e PC (Steam). O modo foi testado em um PlayStation 4. Clique nos nomes das plataformas para conferir o preço do game em suas versões digitais.