O que uma empresa deve levar em conta na hora de fazer um remake? Deve apenas atualizar os gráficos e deixar os outros aspectos do jogo intactos ou aproveitar a oportunidade para adicionar conteúdo inédito sem esquecer o material original? O novo Ratchet & Clank para PlayStation 4 acerta ao encontrar um equilíbrio perfeito entre essas duas propostas de remake, unindo o que há de melhor entre o passado e o futuro.

Com um filme a caminho, a dupla tem sua história de origem recontada por uma espécie de “reimaginação” do primeiro game da franquia. Por reimaginação, entenda como o ponto de vista do Capitão Qwark, o aclamado herói da galáxia que acaba desmascarado e vai parar na cadeia em um futuro distante, e começa a contar a história de Ratchet e Clank do primeiro game.

Parte remake e parte reboot, o título se vale da imaginação do ex-herói para alterar alguns detalhes da jornada de Ratchet e Clank, deixando tudo com uma cara nova para quem jogou o título no PlayStation 2. O bom humor e auto-ironia são o ponto alto desta reencenação do game (até mesmo na competente dublagem em português), que pega emprestado de Bastion a interação entre narração e comportamento do jogador - atingir alguns objetos no cenário ou ficar debaixo d’água por muito tempo ativam algumas linhas de diálogo, por exemplo.

Ratchet, o jovem Lombax (espécie de criatura felina bípede) que deseja se juntar a Qwark no grupo de heróis chamado Patrulheiros da Galáxia, encontra Clank, um robô defeituoso que escapa da eliminação no covil do Dr. Nefarious, o vilão que planeja vingança contra Qwark e sua equipe. Juntos, estes dois heróis improváveis partem em uma jornada para alertar os Partulheiros do perigo e, quem sabe, salvar a galáxia.

Igual, mas diferente

Quem jogou a versão original de PS2 vai se lembrar da maioria dos cenários na versão de PS4, refeitos com um nível de detalhe impressionante e que não deve em nada às animações de DreamWorks e da Pixar. Além do salto de qualidade gráfica, a Insomniac adicionou diversos locais e fez algumas mudanças nos que já existem.

Veldin, a casa de Ratchet no início da aventura, não lembra em quase nada a versão do PS2, e uma seção de Gaspar é dedicada a ao gameplay de jetpack apresentado em Into the Nexus, de 2013. O estúdio também confere á jogabilidade a mesma sensação de novidade familiar estabelecida na trama - mas, para conseguir isto, não são feitas mudanças leves, e sim grandes reformulações.

Uma das principais mudanças está na estrutura de evolução das armas. O principal meio de melhorar seu equipamento continua sendo pelo uso - quanto mais inimigos você vence com uma arma, mais experiência ela ganha. Agora, além disso, há também habilidades extras desbloqueáveis com cristais de raritânio encontrados pelo mapa que alteram o funcionamento das armas, de modo que elas ficam ainda mais poderosas. Novas armas também foram adicionadas, com o o pixelizador, que transforma inimigos em versões 8-bit.

Mesmo sem as mudanças, a maneira como a Insomniac atualiza a jogabilidade e o visual de Ratchet & Clank para os tempos modernos é digna de elogios. Não existe parte da aventura que seja desagradável de jogar, algo impressionante para um título que une tiro em terceira pessoa com plataforma, puzzles e até mesmo combates de nave. Se alguém ainda se questiona como deve ser um remake perfeito, a nova aventura da improvável dupla de heróis da galáxia dá o exemplo.

Ratchet & Clank é exclusivo de PlayStation 4. Confira o preço do game na página da PlayStation Store.

Nota do crítico