O início de tudo: Chainmail

O D&D original, de 1974

O D&D se profissionaliza...

... e evolui.

Vampire, a renovação.

Já deve ter acontecido com você: ver um grupo de jovens conversando sobre como mataram alguém ou empregaram poderes sobrenaturais. Essas pessoas não são loucas, nem tampouco criminosas. Elas apenas jogam RPG.

Reeducação Postural Global?

Não, não é desse tipo de RPG que estou falando e sim de role playing games, algo como jogos de interpretação. Neles, os jogadores criam personagens que participam de aventuras ou missões e vão se desenvolvendo com o tempo. Não está entendendo? Tudo bem, eu explico.

Jogos de guerra

Usados, há séculos, por governantes e militares para treinar estratégia, os jogos de guerra evoluíram muito desde que surgiram. No início, sua forma era mais abstrata, como acontece com o xadrez e o go (de origem japonesa). No entanto, aos poucos, adquiriram contornos mais realistas. Em 1953, surgiu a primeira versão comercial dessa modalidade de disputas. Com regras bastante complexas, ela recriava famosas batalhas históricas.

No início da década de 70, os norte-americanos Ernest Gary Gygax e Jeff Perren desenvolveram um jogo de guerra medieval que também comportava regras para elementos de fantasia (magos, dragões etc.). Chamava-se o Chainmail.

O sucesso da iniciativa levou Gygax a organizar a Gen Con, uma convenção que reuniu apreciadores do novo gênero. Foi nela que conheceu David Arneson, um rapaz que havia modificado o sistema, introduzindo os primeiros elementos de interpretação. Os dois iniciaram parceria e expandiram as regras do Chainmail a fim de que elas abrangessem, além do combate, outras atividades na vida das personagens. Assim, em 1974, surgiu o primeiro RPG: Dungeons & Dragons (D&D).

Sem tabuleiro

Uma sessão de RPG lembra muito um romance ou um filme, com algumas diferenças. No jogo, um dos participantes, o mestre, cria uma história na qual há claros na narrativa. Esses buracos são momentos de decisão que, para serem levados a cabo, dependem da ação dos jogadores. Por exemplo, o mestre informa aos demais que suas personagens estão todas em um bar quando notam que um ancião de aspecto sinistro acabou de entrar. Ele indaga, então, o que vão fazer. De acordo com as respostas, decide o que acontecerá em seguida. É uma história traçada a muitas mãos.

Cada RPG é baseado em uma ambientação, ou seja, um mundo ou universo nos quais as histórias se passam. Podem ser originais, baseadas em shows de TV, quadrinhos, filmes etc., como Buffy, os super-heróis Marvel e Guerra nas estrelas, ou em gêneros específicos (fantasia, ficção científica, horror).

Embora o RPG não faça uso de tabuleiro ou mesmo peças - uma das principais causas de estranheza para quem não o conhece-, isso não quer dizer que não tenha regras. Cada jogo reúne um ou mais livros que explicam, entre outras coisas, como criar personagens e resolver ações físicas e mentais. Para evitar o clássico problema da brincadeira polícia e ladrão, de saber se alguém foi atingido ou não, costumam-se empregar dados, embora haja modalidades inteiramente narrativas.

Sem vencedores

Você deve estar se perguntando como se ganha uma partida.

Tecnicamente, não há vitória. Pelo menos, não no sentido que costuma se associar a um jogo. As personagens empenham-se em alcançar o objetivo de cada história, que pode ser tão simples quanto salvar a princesa, ou tão complexo quanto derrubar o governo. Ao fazerem isso, ganham experiência na forma de pontos. Assim, os protagonistas das aventuras simulam a vida real, desenvolvendo uma história pessoal ao adquirirem novos conhecimentos e habilidades.

Celebridades e vertentes

D&D foi o primeiro RPG, mas não ficou sozinho muito tempo. Nos últimos vinte e cinco anos, vimos surgir uma vasta gama de jogos e ambientações. Entre eles, podemos citar: Traveller, o primeiro RPG de ficção científica; Champions, um jogo de super-heróis que serviu de base para Hero, o sistema genérico (que permite jogar em qualquer ambientação); Call of Cthulhu, RPG de horror baseado nos contos do norte-americano H.P. Lovecraft; GURPS, outro sistema genérico famoso; e Vampire the masquerade, que deu novo fôlego ao mercado na década de 90.

Apesar de terem se originado na mesa, os RPGs não ficaram confinados aos seus limites. Os live-action, por exemplo, são jogos que se aproximam do teatro, onde as pessoas interpretam as personagens fisicamente. Há também os RPGs de computador, que ainda ficam aquém das suas contrapartes de mesa, mas estão melhorando significativamente, e os MMORG, jogos online nos quais várias pessoas interagem por meio da Internet em tempo real.

O futuro do RPG parece estar na tecnologia de realidade virtual que, acredita-se, um dia fará com que as versões online tenham o mesmo grau de interação das mesas.