Em 2007, a Infinity Ward renovou os jogos de tiro com Call of Duty 4: Modern Warfare. A empresa tirou a série da Segunda Guerra Mundial e estabeleceu novos padrões para o modo multiplayer do gênero, que viria a ser o mais popular da década seguinte. Sete anos depois, os líderes da companhia, Vince Zampella e Jason West, agora sob a alcunha da Respawn Entertainment, repetem a façanha com Titanfall.

O novo exclusivo da Microsoft é a introdução a um novo modelo de FPS (first person shooter). Uma combinação dos conceitos consagrados  e mecânicas inéditas focadas em acessibilidade e entretenimento, sem decepcionar aficionados ou excluir novatos. Titanfall escapa do comum ao definir a chegada de uma geração de consoles sem gráficos exuberantes, mas com uma experiência inédita e viciante.

A campanha como introdução

Uma das formas que a Respawn achou para apresentar as novidades foi usar a campanha como um modo de introdução. Os momentos épicos e de destruição, tão tradicionais em Call of Duty e Battlefield, aqui são substituídos por cenas de ação protagonizadas pelo jogador. Destruir o primeiro titã, a primeira nave inimiga, acionar o robô ou se ejetar dele, por exemplo, são algumas das sequências que entram na memória logo na primeira execução.

Toda a história do game é usada como simples pano de fundo para mudança de mapas, descoberta de novas armas e apresentação de outras modos de jogo. Não por acaso, boa parte da história é contada por arquivos de áudio e narração dentro da tela de personalização. Apesar de compreensível, transformar a aventura single player nisso é um desperdício - em quatro horas é possível terminar a história. Com os cenários e as ferramentas que possui, o jogo teria enredo suficiente para emplacar uma campanha digna.

O nível de detalhes e personagens em alguns mapas, por exemplo, deixa claro tal desperdício. "Here Be Dragons" e "Lagoon" trazem o maior nível de detalhe e potência gráfica. As criaturas, naves e instalações desses lugares são belos. Não existe nada impactante, um visual avassalador, mas tudo sempre parece em ordem - mesmo que 12 robôs e inúmeros soldados se encontrem ao mesmo tempo na tela. Conseguir unir toda a informação que oferece sem glitches ou bugs constantes é um trabalho técnico louvável.

Multiplayer e Titãs

As possibilidades mostradas na campanha são levadas a outro nível no multiplayer, no qual Titanfall mostra a que veio. O arsenal disponível para pilotos e titãs é vasto, equilibrado e de fácil manuseio. O mesmo acontece com as classes e as Burn Cards, que adicionam mais conteúdo estratégico às partidas. Estratégia, aliás, é o principal ingrediente do game. Por esse motivo, Titanfall não exclui jogadores inexperientes em FPS - as chances de pontuação e êxito nos modos de jogo são tantas que é difícil alguém sair frustrado.

O título permite no máximo seis jogadores por time. A escolha foi criticada de início, mas não é preciso mais que uma partida para entender a decisão. Dessa forma, a Respawn enche o cenário sem precisar sobrecarregar os servidores. Melhor ainda é notar que os bots não são simples bots, mas personagens com diferentes abordagens de combate. Derrotar um Piloto (jogador real) sempre terá mais importância que um Militia (bot), mas o acúmulo de pontos acontece em ambos. E as mortes podem ser feitas do jeito tradicional, com tiros e granadas, ou com chutes, voadoras e ataques aéreos - sejam eles com um piloto ou um Titã caindo do céu.

A chegada dos robôs é o ponto principal das partidas. Eles dão maior poder de fogo a todos os combatentes e adicionam diversas camadas de estratégia à luta. O controle deles é fluido, condizente com peso e armas escolhida, e viciante. Ver as primeiras chamadas do Titã na tela e não acioná-lo é quase impossível; pilotar um robô gigante nunca foi tão real. A bordo deles, tudo parece mais frágil - bots e pilotos são pisoteados com frequência.

Porém, a genialidade da Respawn não foi só executar o controle desses gigantes de maneira impecável. Eles são essenciais para entender a jogabilidade e como as novas mecânicas do jogo funcionam. Por meio destes monstros, Titanfall revela um novo estilo de FPS, que é complexo e demanda dedicação, mas nunca deixa de colocar a diversão em primeiro lugar.

Titanfall está disponível para Xbox 360, Xbox One e PC.

Nota do crítico