Me considero uma pessoa cética em muitos aspectos. Só que esse ceticismo todo vai embora quando o assunto é o desenvolvimento de jogos de ação pela Platinum Games. Some isso ao tema proposto pelo acordo com a Activision, um novo jogo das Tartarugas Ninja, que a mão do combo aéreo já começa a tremer. Por que, então, não consegui reviver aquela sensação de satisfação e dever cumprido durante minhas horas de jogo com Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan?

Um jogo que, à primeira vista parecia incrível. Cel shading bacana, "estilo-japonês-exagerado-Platinum" nas animações (já pode virar um gênero), boa leva de vilões, golpes especiais, personalização e multiplayer para quatro jogadores. Parecia que tinham subido alguns níveis em relação aos trabalhos anteriores como em The Legend of Korra e Transformers Devastation, ambos frutos dessa parceria EUA/JP.

E quando digo "subir níveis" não quis dizer que os jogos anteriores são (tão) ruins. No entanto, os três compartilham essa falta de alma. E para o Japão, um país que tem em seu cerne o Yamato Damashii, certos conceitos deveriam ter sido revistos antes do novo lançamento.

None

O combate não tem peso algum. Acertar um ninja ou um mutante de pedra não faz diferença alguma. Apesar da técnica milenar de vencer o jogo utilizando o mesmo botão para todo o sempre funcionar, é muito mais saudável (para a sua LER) criar combos com botões variados. E aqui uma curiosidade: os combos de cada uma das tartarugas são versões inspiradas em combos de armas específicas utilizadas por Bayonetta, Raiden e porque não, o próprio Dante (são todos filhos do mesmo pai).

A defesa também tem um quê de Bayonetta (na esquiva perfeita) e de MGR (no parry perfeito), com barra limitadora e tudo mais. A única desvantagem é que ela é completamente inútil nas dificuldades mais fáceis, porque o jogo não requer o seu uso em praticamente nenhum momento.

None

TMNT Mutants in Manhattan é feito para ser jogado no Hard ou Very Hard, mas de modo cooperativo. Acontece que a inteligência artificial é muito, muito, muito ruim. Muito ruim mesmo. Forçar o jogador a controlar as quatro tartarugas ao mesmo tempo foi a pior escolha possível para o design de combate. Elas são incapazes de realizar qualquer ação específica que não envolva "correr e se amontoar em cima dos adversários ou na frente do chefão, mesmo na hora que todo mundo sabe que ele vai atacar". Sério, é irritante demais.

None

A diferença do normal para o Hard é gritante. Os chefes de fase ficam muito mais difíceis e divertidos de serem enfrentados. Os inimigos aguentam mais golpes, e cada vez que surgem no mapa rola um certo desespero e maior vontade de permanecer vivo. Note também que certos inimigos só dão as caras nas dificuldades mais elevadas. O game ganha uma cara nova, mas ainda não é suficiente para se manter como um bom jogo de ação "nível Platinum".

O game conta com uma lista de golpes especiais gigantesca. Todos eles podem ser destravados e comprados na tela de loadout do jogo. Esses ataques funcionam da mesma maneira com todas as tartarugas, sem a necessidade de escolher qual delas seria mais adequada a receber um golpe ou outro.

Essa mecânica de "grinding" tem o intuito de aumentar a longevidade do jogo. Batalhar por pontos, destravar golpes e acumular itens para a fabricação/upgrade dos "Charms", pequenos buffs que podem fazer a diferença nos modos mais difíceis.

Os lobbies já estão meio vazios e, a menos que tenha pessoas definidas para jogar, prepare-se para muita espera e repetição das últimas fases do jogo, que são as mais difíceis de jogar sozinho nas dificuldades mais difíceis (maldita inteligência atrificial de tartaruga).

Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan parece ser pré-fabricado. Junta bons conceitos e ideias de inúmeros jogos do mercado, agrupa-os em um envelope de tartaruga e entrega uma mesmice sem carisma algum. Definitivamente não é possível encontrar aquela centelha da Platinum Games que faz seus jogos serem o que são, memoráveis.

O game foi testado em um PlayStation 4 e está disponível para PlayStation 3PlayStation 4Xbox OneXbox 360  e PC.

Nota do crítico