Star Ocean: Integrity and Faithlessness | Crítica
Personagens fracos e história sem graça não fazem jus ao passado da franquia
Desde Star Ocean 3, para PlayStation 2, acho que nunca mais tive a oportunidade de me andetrar no universo pangalático criado para o jogo. E lembro que não foi uma experiência tão satisfatória ao final da aventura, mas vivi excelentes aventuras com ele. Vindo direto para o último jogo da franquia, Star Ocean: Integrity and Faithlessness, não consegui viver nenhum momento verdadeiramente significativo durante minha aventura. Estaria ficando velho ou o jogo realmente perdeu seu charme?
O game foi lançado para PlayStation 4 e parece apenas uma vaga lembrança do seu passado glorioso. Os combates em tempo real estão lá, os combos e magias bacanas também. E o melhor é que não precisamos escutar aquelas vozes horríveis em inglês, já que o áudio original está lá para ser escolhido. No entanto, sem legendas em português, o que faz uma falta tremenda, dada a quantidade de texto que é apresentado ao jogador.

A ideia de um protagonista mais velho é bacana, e o fato dele viver num planeta menos desenvolvido (que não faz viagens interplanetárias) que alguns encontrados nos demais jogos da série é interessante. Mas falta uma introdução decente ao jogo, pelo menos uma meia hora extra para criar um mínimo de interesse em Fidel Camuze, protagonista dos cabelos azuis, uma referência constante após Star Ocean 3.
Os demais personagens não ajudam muito e o pior, são jogados em seu time sem mais nem menos. Do nada estamos com um time de seis integrantes, todos lutando no campo de batalha e necessitando de equipamentos e ajustes em sua inteligência artificial com a ajuda dos "roles" (papeis, no sentido de roteiro) para as lutas.
Da mesma forma que as informações do parágrafo anterior, as mecânicas de jogo são derrubadas em cima de você. Paredes gigantescas de texto introduzem os principais pontos e cabe a você explorar todos eles através do menu do jogo. Por exemplo, por se tratar de lutas em tempo real, precisamos alinhar bem a inteligência artificial para criar um tipo de sincronia com todos os integrantes do time. Para isso podemos designar certos papeis para os personagens no campo de batalha. Esses "roles" podem evoluir de nível e dão alguns bônus especiais: Foco contra insetos (+10% contra insetos), trocar força por mana (acúmulo maior de mana para realizar ataques especiais) e assim por diante.

A história do game se passa entre o segundo e o terceiro jogo. Não que isso importe, porque é muito difícil referenciar algo ali naquela trama. Tudo começa a desandar no planeta Faykreed (seis mil anos luz da Terra) quando uma nave alienígena aterrissa e seus tripulantes começam a intervir numa guerra local com armas futuristas. Uma garota misteriosa que não tem a menor noção de como foi parar lá é o foco da trama, que, mais uma vez, tanto fez que tanto faz.

Star Ocean continua com suas PAs, os personal actions, histórias paralelas que acontecem durante as visitas em cidades ou no traslado para qualquer lugar. Conversinhas engraçadinhas, mas que às vezes nos coloca num papel que não sabemos qual é exatamente, impedindo o nosso bom posicionamento para apreciar a cena em questão (é tudo em tempo real, é preciso ficar esperto quando as conversas dão início).
As cutscenes não impressionam nada e algumas delas chegam até a assustar, com os pesonagens conversando sem movimentar a boca e olhando fixamente para a câmera (parecem até Hello Kitties).
O combate é rápido, os inimigos são variados e assustam em alguns casos, a música é bacana e o acabamento dos menus impressiona. A arte de Akiman, famoso por seus trabalhos Capcom, só é utilizada na tela de status dos personagens, o que é uma pena. Equipamentos como armas, armaduras, braceletes e tudo mais não são demonstrados in-game, ficam só na imaginação mesmo.
A quantidade de experiência ganha nas batalhas acelera o processo de evolução do personagem. O famoso 'grinding' é necessário como em todo bom JRPG, mas não exige muito tempo do jogador. O problema é a demora para liberação de novas habilidades, que se dão por meio de pergaminhos que precisam ser encontrados em baús espalhados pelo jogo.
O dinamismo de cada luta é bastante prejudicado também por conta da conservação dos seus recursos de mana (limitados e reabastecidos somente com itens de recuperação durante as viagens). Mesmo subindo de nível você não é recompensado com uma vida cheia de energia novamente. Para se recuparar dos danos e cansaço da batalha só entrando numa hospedaria e descansando mesmo.
Star Ocean não merecia uma continuação genérica como essa. Nada excelente, tudo mais ou menos, não consegue se sustentar como a série 'Tales of' e suas continuações, por exemplo. De fato não é preciso conhecer absolutamente nada do lore da franquia, mas será que isso é realmente um bom caminho a seguir?