Sniper Elite 4 | Crítica
Novo jogo da Rebellion Developments acerta ao dar mais liberdade
É dito que atiradores de elite podem esperar horas e mais horas em busca da oportunidade perfeita para efetuar um disparo e matar o alvo, e embora Sniper Elite 4 não chegue ao extremo de te fazer esperar horas por uma chance dessa, o mais novo jogo da franquia de tiro em terceira pessoa da Rebellion Developments transmite muito bem a sensação de ser um sniper e certamente não é para os impacientes. Pegar uma metralhadora e sair atirando em todo mundo até é possível, mas definitivamente não vai dar muito certo.
Dessa vez na Itália, Karl Fairburne (que aparece como protagonista na franquia pela quarta vez consecutiva) precisa matar fascistas durante a Segunda Guerra Mundial e impedir — de novo — o lançamento de mísseis super poderosos projetados pelos alemães. Não que o jogo necessite de um enredo complexo ou sejam necessárias muitas justificativas pra dar uns tiros em nazistas, mas a história aqui é tão chata e desinteressante que nem precisava estar lá.
A grande diferença de Sniper Elite 4 em relação aos seus predecessores é que dessa vez os mapas são muito mais abertos e as missões bem mais longas, com a maioria levando cerca de duas horas para completar. Seguindo a tendência iniciada em Sniper Elite 3 de deixar o level design mais linear de lado, aqui a Rebellion joga o jogador em áreas abertas no meio da Itália com vários objetivos (tanto principais quanto secundários) que os jogadores podem fazer na ordem (e maneira) que quiserem.
Ao fazer isso, o jogo acaba — em alguns aspectos — se tornando até mesmo mais parecido com algo como Metal Gear Solid V do que com seus antecessores. Não que Sniper Elite chegue aos extremos do jogo de Hideo Kojima (nada de fazer carros derraparem em fezes de cavalo aqui), mas ainda assim oferece um nível de de liberdade nunca antes visto na franquia.
Além de grandes, os cenários são variados (vão desde de florestas até fábricas) e cada um conta com algumas características únicas que proporcionam oportunidades únicas para matar seus alvos. Logo na primeira área, por exemplo, há um avião que voa pelo mapa e serve como máscara de som para disfarçar seus tiros não silenciados.
Essas áreas mais expansivas também adicionam uma camada extra de desafio ao jogo, já que agora fazer o tiro certeiro de sniper é apenas uma pequena parte da missão: lidar com as patrulhas rodeando o mapa e inimigos menores que podem aparecer no caminho entre você e seu alvo é tão importante e complicado quanto.
De certa forma é até curioso que, para um jogo com a palavra sniper no nome, você não atira o rifle com tanta frequência em Sniper Elite 4, até porque — principalmente nos níveis de dificuldade mais elevados — um simples tiro errado pode destruir todo o progresso conquistado nos últimos 20 ou 30 minutos, seja porque o alvo escapou ou porque você foi detectado, algo que significa morte praticamente certa caso você não esteja jogando no Easy.
O jogo também conta com modos multiplayers tanto cooperativos quanto competitivos. Enquanto o competitivo não funciona muito bem (sniper vs sniper, na prática, não é nem de longe tão divertido quanto pode soar), o cooperativo é uma novidade muito bem-vinda. Poder jogar as missões da campanha com mais uma pessoa não só é divertido como também cria várias novas possíveis maneiras de matar nazistas.
Fora disso, Sniper Elite 4 não apresenta muitas novidades em relação aos seus antecessores, e é aí que mora o maior problema do jogo. As mecânicas de tiro são muito boas e acertar um headshot complicado a 250m de distância continua satisfatório como sempre, mas muito pouco mudou desde Sniper Elite V2 em 2012. O mesmo vale para as violentas x-ray kills, que apesar de impressionarem com sua brutalidade há cinco anos atrás, hoje provocam pouco mais que um “ah, legal” quando apresentadas pelo jogo.
Com mecânicas extremamente sólidas (a Rebellion está sem mexer na fórmula do gameplay há tanto tempo por alguma razão, não é mesmo?) e cenários e missões interessantes, Sniper Elite 4 é provavelmente o jogo disponível no mercado que melhor captura a experiência de ser um atirador de elite. É uma pena, no entanto, que a coisa fique tão maçante para aqueles que estão jogando a franquia há anos.
Sniper Elite 4 está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. O jogo foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome da plataforma para conferir o preço do jogo em sua versão digital.