Pokémon X & Y | Crítica

Todo game da franquia principal de Pokémon segue alguns preceitos básicos. O protagonista vive em uma cidade pequena e, ao conhecer um estudioso, tem a oportunidade de escolher um monstrinho inicial entre três tipos: fogo, água ou planta. Sua missão é derrotar oito chefes de ginásio e conseguir insígnias para, enfim, passar pela Elite dos Quatro e se tornar o maior dos mestres.

Pokémon X & Y são games que seguem o padrão idealizado pelo japonês Satoshi Tajiri em 1996. Isto não é ruim: a quantidade de pequenas melhorias implantadas pela Game Freak e pela Nintendo não tornam a fórmula cansativa, mas cada vez mais agradável a todas as idades.

A franquia nunca foi tão ambiciosa nos gráficos. Os tradicionais sprites achatados, estáticos ou com pouquíssimo movimento, foram abandonados. Agora, os pokémons têm três dimensões e são contornados por um fino traço preto para não perder a ideia de desenho.

Cada criatura tem animações diferentes. Não param de se mexer enquanto esperam as ordens do treinador. Os golpes, que já tinham animações interessantes nas gerações anteriores, ganharam versões ainda mais bonitas. O golpe Flame Charge, por exemplo (aprendido pelo inicial de fogo, Fennekin, logo no começo), é um show pirotécnico de encher os olhos. Em nenhum outro jogo da série as batalhas pareceram tão reais.

Fadas na batalha

No sistema de lutas, por outro lado, pouco mudou. Uma das maiores diferenças é o tipo fada, incluído no game para balancear forças. Velhos conhecidos, como Clefairy e Togepi, fazem parte deste tipo, forte contra monstrinhos de trevas, dragão e lutador.

As megaevoluções também trouxeram novidades. Com determinados itens, alguns pokémons podem evoluir temporariamente, adquirindo atributos mais fortes. Há até casos de mudança de tipo, como acontece com Charizard. Ele normalmente é tipo fogo/voador, mas a megaevolução o transforma em fogo/dragão, diminuindo sua desvantagem contra golpes de água e eletricidade.

Em geral, o game pode ser tornado mais fácil por causa do item Exp. Share, que reparte a experiência de uma batalha entra os seis monstrinhos da equipe atual. Este acessório já existia nas gerações anteriores, mas funcionava apenas com um pokémon por vez. Agora, aumentar o nível (e, consequentemente, a força) da equipe é muito mais rápido. Os que quiserem mais dificuldade podem desativar este recurso nos menus do jogo.

Se o jogador economiza o tempo que gastaria tentando subir de nível, não vai passar tédio. O mundo de Pokémon nunca pareceu tão imersivo. Passear pelos cenários usando os rápidos patins é uma experiência inesperadamente agradável. Às vezes, a câmera muda de surpresa, mostrando um ângulo ainda não visto da paisagem.

É possível customizar quase tudo em seu personagem, da cor da pele e dos olhos ao corte de cabelo. Cada cidade do game tem lojas de roupas com peças variadas, que podem ser adquiridas com o dinheiro ganho em batalhas. Depois de tudo isto, basta parar em frente a um dos muitos pontos turísticos do mundo de Kalos e tirar uma foto. A câmera virtual é mais completa do que o esperado, com ajuste de foco e iluminação. Os registros são salvos no cartão de memória do Nintendo 3DS e podem ser compartilhados com os amigos.

Um mundo na tela inferior

Outro recurso incomum que pode atrair jogadores mais novos é o Pokémon Amie. Na tela de toque, um dos monstrinhos da equipe pode ser paparicado com um bichinho virtual. Ele avisa quando está com fome ou vontade de brincar - aí, a solução é alimentá-lo com um bolinho ou jogar minigames.

A tela de toque também pode ser usada em um minigame de futebol que aumenta os atributos de seus pokémons, substituindo em parte o complicado treinamento por Effort Values seguido por jogadores mais aficionados. O método antigo ainda funciona, mas esta é uma opção para quem não está acostumado à franquia.

Se muitas características fazem este episódio mais fácil que os anteriores, desafios são encontrados rapidamente nas batalhas online. Qualquer um que decora a tabela de tipos e fraqueza se dá bem contra a inteligência artificial do jogo, mas pela internet é possível encontrar verdadeiros estrategistas. Para isto, não é preciso usar friend codes ou algo do tipo. Basta conectar o 3DS à rede e escolher alguém para lutar.

Pela internet, também é possível trocar os monstrinhos de maneira fácil e rápida. Basta deixar à disposição o pokémon que você pretende oferecer e avisar quais espécies deseja em troca. Também dá para arriscar e usar o método Wonder Trade, uma troca às cegas que pode garantir decepções ou boas surpresas.

Já existem 718 pokémons na franquia. Pokémon X & Y trazem 69 novas criações, um número relativamente baixo - os outros games costumam vir com mais de 100. Isto dá aos saudosistas a oportunidade de encontrar monstrinhos de outras gerações. A valorização do passado é comprovada nas primeiras horas, quando é possível escolher entre os clássicos iniciais Bulbasaur, Charmander e Squirtle, bem mais carismáticos que os novos Fennekin, Chespin e Froakie.

Pressa em três dimensões

Por mais que não seja um grande problema, o baixo número de pokémons novos pode mostrar que houve pressa na conclusão de Pokémon X & Y. Esta pressa pode ser comprovada ligando a chave 3D do console portátil. O recurso só é usado durante batalhas, poucas cutscenes e pouquíssimos cenários. Mesmo assim, quando é usada a opção das três dimensões, é perceptível a queda no frame rate.

A câmera, que pode maravilhar em alguns momentos, atrapalha em muitos outros. O jogador pode se confundir com as mudanças bruscas de ângulo - algumas nem um pouco inteligentes. Estas falhas são perdoáveis se considerarmos que todos estes recursos são novos na franquia. Resta esperar que haja correções nos próximos jogos.

Pequenos problemas à parte, Pokémon X & Y consegue uma façanha. Mantendo a espinha dorsal da franquia, o jogo traz elementos novos que reavivam a experiência. Cada local explorado é uma nova surpresa, cada Wonder Trade traz expectativas semelhantes às sentidas por crianças que trocavam pokémons no intervalo das aulas.

Os novos jogos não apenas trazem de volta o que havia de melhor naqueles títulos. Parecem representar tudo o que Tajiri tinha em mente quando criou os primeiros pokémons, mas não pôde recriar com a tecnologia dos anos 90. O que temos em Pokémon X & Y é a mais pura essência da franquia.

Pokémon X & Y são títulos exclusivos para Nintendo 3DS e Nintendo 2DS.

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