One Piece: Burning Blood | Crítica
Game se garante na pancadaria tradicional com elenco renovado de novos talentos do universo de Eiichiro Oda
Prestes a comemorar 20 anos de existência, One Piece é destaque em qualquer mídia que aparece. No videogame não é diferente, mesmo depois de uma tonelada de jogos inspirados na franquia. One Piece: Burning Blood é um game feito à moda antiga, desenvolvido pela Spike Chunsoft, segue de perto o que foi visto em J-Stars Victory VS+, mas entrega um sistema de combate revigorado para o jogador, mais aprofundado nas raízes da obra de Eiichiro Oda.
Uma das coisas que mais chama atenção no jogo é a importância dada ao lore do jogo na hora de explorar as novas possibilidades dentro do combate. As Akuma no Mi (Fruta do Diabo) tem suas próprias característas dentro do seu nicho (Logia, Paramecia e Zoan), mais a utilização do Haki (em suas três formas também: Kenbunshoku, Busoshoku e Haoshoku), que é a energia emanada por todos os seres vivos, mas que somente alguns podem controlar.
Os fãs de One Piece que estão em dia com a história do mangá ou anime, já são familiarizado com os novos termos e poderes. Metade das novidades acontece após o avanço de dois anos no tempo, quando Luffy e sua tripulação se reencontram após um tempo de treinamento intensivo.
Conhecer a história ajuda a entender as coisas de forma mais rápida. Saber de antemão que se transformar numa chama viva ajuda a escapar de ataques físicos com Ace (e o mesmo funciona com todos os personagens que tem poderes baseados em elementais) é muito mais prático que passar pelo tutorial. O mesmo vale para o Haki, a única arma eficiente contra este tipo de adversário (Logia).
O combate é simples, com dois botões de ataque, um de pulo e outro de defesa. Combinações específicas de botões acionam os ataques especiais e outro aciona o poder latente do Fruto do Diabo ou o Haki. A física e movimentação, os knockdowns temporários e os cenários são um tipo de upgrade em relação ao J-Star Victory VS+, sem surpresas. Nada super competitivo, mas uma melhora significativa.
O visual do jogo conta com um cel shading bastante convincente, que vai mudando a aparência dos lutadores de acordo com o andamento da luta. Se apanhar demais, o personagem ficará sujo, com as roupas rasgadas e aparência de que realmente levou uma surra. A câmera está mais próxima do lutador, deixando tudo com um aspecto gigantesco na tela.
Além dos 40 personagens destraváveis e selecionáveis para combates, temos também heróis de suporte. É possível criar um time com até três lutadores, mais três suportes (que não aparecem na tela, mas lhe concedem habilidades específicas durante o combate). Ao todo são 60 personalidades do mundo de One Piece que podem ser encontradas e adicionadas a sua lista de suporte.
A história, sempre um grande problema em obras longas e inacabadas, corta a "enrolação". Já começamos a aventura no final do arco de Marineford, nos momentos finais ao desfecho da investida de Luffy e Barba Branca, lutando contra toda a Marinha para salvar a vida de Ace, que está prestes a ser executado. Spoiler atrás de spoiler para quem não leu (assistiu) até ali. Dali até o final de Dressrosa é um bom divertimento.
A campanha é bastante linear e dividida em dois tipos de lutas. As lutas principais, vermelhas, avançam oficialmente os capítulos dedicados aos personagens. Realizando certas condições nessas lutas, caminhos paralelos (na cor verde), ganham destaque no mapa. No geral são lutas mais difíceis, cuja recompensa (normalmente) é o destravamento do personagem em questão para o combate no modo livre.
O grande problema disso tudo é que toda a enrolação deixada de lado no quesito trama oficial, retorna desastrosamente no formato de capítulos dedicados a certos personagens dentro da campanha. Jogamos o primeiro episódio com Luffy, chegamos ao seu final (o final mesmo da batalha), para encontrar num segundo episódio, a mesma coisa, mas sob o ponto de vista de Barba Branca. E aí, no terceiro episódio controlamos Akainu fazendo o quê? A mesma coisa. É um tanto frustrante.
O que pode diminuir o tédio inicial (depois dá uma melhorada) são as cutscenes criadas para a história. Curtas, mas bem construídas, dão um novo prisma a uma aventura já narrada em páginas preto e branco e animada tradicionalmente para a televisão. O fato de não ficarmos presos a um herói (ou vilão) também conta positivamente à campanha.
Fora da história principal, existe um modo para a captura de procurados, sem muitas novidades, apenas com um desafio maior, e o modo online, outro aspecto bastante importante dentro do game.
Além dos tradicionais combates online envolvendo as partidas ranqueadas ou personalizadas contra outros jogadores, Burning Blood introduz as batalhas por bandeiras de piratas. Após escolher dentre as bandeiras mais importantes da história de One Piece, é preciso conquistar territórios para o time enfrentando batalhas e conquistando o mapa geral. Parece muito com o modo de clãs visto em Mortal Kombat X, divertido e sempre no formato de desafios semanais.
One Piece Burning Blood não é ruim, mas como jogo de luta não explora todo o potencial do gênero. Trabalha tão bem os conceitos envolvendo ataque e defesa utilizando poderes de Haki e Logia vistos no anime, só que o ritmo do combate é sempre quebrado a cada knockdown, deixando o lutador incapacitado no chão por quase três segundos. História boa, gráficos bons e um excelente elenco de personagens, misturando veteranos e novatos. Não que o estilo "Musou" esteja batido, mas é bom variar de vez em quando, né?
One Piece: Burning Blood está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam). O game foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome das plataformas para ver o preço em suas versões digitais.