Se Hotline Miami 2: Wrong Number fosse apenas mais Hotline Miami, isso não seria algo ruim. Afinal de contas, o jogo conta com um gameplay viciante que te permite combinar armas e máscaras para causar um banho de sangue pixelado, te prendem como um viciado e te fazem pensar “só mais um pouquinho”.

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Mas, para a alegria de todas, a desenvolvedora Dennaton Games foi além e fez um jogo que é muito mais do que uma repetição, particularmente no quesito história. Hotline Miami 2 tem três linhas do tempo diferentes, te coloca na pele de diversos personagens - ao contrário do primeiro jogo, onde você controlava apenas o protagonista Jacket - e seu final é digno de uma viagem de LSD.

A narrativa demanda atenção, e pode ser que você precise ler sobre ela depois, mas conforme o roteiro vai ligando os pontos, você percebe como o enredo é cuidadosamente construído e conectado. Há momentos em que a Dennaton deixa as coisas soltas demais, como num flashback que na verdade é uma cena de filme (que depois se revela ser um sonho do personagem), mas no geral, o estúdio mantém uma visão clara quanto aos eventos do jogo.

Os fundamentos do gameplay continuam o mesmo. Você entra em determinadas áreas e seu objetivo é matar todas as ameaças ali dentro. Mas Hotline Miami 2 faz uma série de pequenos ajustes que tornam tudo mais dinâmico e interessante. Certos inimigos conseguem esquivar de balas, e te forçam a buscar uma arma de pancada, outros são psicopatas que correm atrás de você como um cão faminto.

Mais uma vez, as máscaras alteram fundamentalmente a forma com a qual você joga. Uma das minhas favoritas te dá socos letais, e em troca disto não é possível equipar nenhuma arma. Foi extremamente gratificante socar pessoas na cara. Por outro lado, a máscara de pato, denominada Alex & Ash, não funciona tão bem. Ela te força a controlar dois personagens ao mesmo tempo, e a precisão do gameplay vai pro esgoto neste momento. Tenho certeza que outras pessoas vão adorar usá-la, mas minha experiência não foi boa.

A estrutura das fases continua impecável, mas a Dennaton erra no tamanho de algumas. Há níveis que demoram demais para serem concluídos, cansam o jogador e tem mais áreas do que deviam, mas estes são poucos. Hotline Miami 2 ainda é composto de várias cenas que podem ser terminadas em menos de cinco minutos se você souber o que está fazendo. Este não é um jogo fácil, mas é um jogo que recompensa estratégia e precisão. Faça a ação correta na hora certa, e você matará o que aparecer pela frente. Faça na hora errada, e sua recompensa será a morte.

Mas o maior trunfo de Wrong Number é sua apresentação. O jogo se passa nos anos 90, e fitas cassete ditam muito do estilo visual. O menu, por exemplo, é o semelhante a tela de pausa num VHS, com direito a estática e tudo. As cores são vibrantes e evocam o sentimento de Miami, drogas e praias. A trilha sonora fica grudada na sua cabeça, e seus tons eletrônicos combinam com a temática presente.

Em outras palavras, Hotline Miami 2 é colírio para os olhos e música para os ouvidos.

Hotline Miami 2: Wrong Number está disponível para PC, Mac, Vita, PlayStation 4 e PlayStation 3. A versão testada foi a de PC.

Nota do crítico