Gears of War 4 | Crítica
Uma boa preparação para um novo começo
Gears of War 4 entrega o que todo fã da série espera. Ação ininterrupta, cenários e gráficos de primeira qualidade, sangue por todos os lados e um sistema de tiroteios redondo - exatamente como nos primeiros games da franquia. O cerne desta nova edição é mesmo que os antecessores, da linearidade da narrativa à variedade do multiplayer. Apesar de não evoluir as propostas apresentadas há anos, a Coalition, empresa agora responsável pelo desenvolvimento, cumpre bem o papel de renovar o rosto e o ritmo de uma das melhores séries de ação da história dos games.
Ainda que seja protagonizado por soldados brutamontes cheios de frases clichês, Gears sempre trouxe uma história bem contada. Esse é o único aspecto em que este quarto capítulo (ou quinto se contarmos Judgment) falha. A começar pelo protagonista JD Fenix, o filho do herói Marcus Fenix, que aqui aparece mais velho e carrancudo do que nunca. O garoto já teria um papel complicado para 'substituir o pai' como personagem principal, mas a falta de carisma atrapalha qualquer chance de aproximação entre o jogador e JD - por sorte, Marcus está presente na história e rouba a cena. Além disso, o final de Gears 4 é abrupto e sem sentido. Ele acontece na hora em que a aventura engata de vez, deixando uma sensação de decepção intensa após 10 horas de jogatina - tudo isso para fazer um gancho para Gears 5. Desnecessário.
Uma nova história, um novo mundo
O início de Gears of War 4 relembra vários momentos dos jogos anteriores com flashbacks rápidos em que o jogador revive batalhas icônicas. Isso não só introduz a franquia aos não-iniciados, como é um baita fan-service para quem acompanha a série desde o começo. A partir daí, o trio que carrega a jornada é apresentado: JD, Del e Kait, jovens soldados que vivem num mundo ainda engatinhando para se estabelecer após as guerras com os Locust.
A química dos protagonistas não é o forte do game, como já foi com Marcus, Dom e Cole, por exemplo. Kait é a única com uma história interessante e atitudes que fazem o jogador se afeiçoar; Del, o piadista da turma, acerta vez ou outra mas parece uma versão pouco inspirada de Cole. JD, além não ter a força do pai, assume pouco as iniciativas do game, deixando quase tudo nas mãos de quem está ao seu lado. Ainda é o início da 'carreira militar' do garoto, mas tudo que vem dele, das falas (com boa dublagem em português) às finalizações dos inimigos, passa a impressão de que poderia ter sido feito por um soldado comum.
A ambientação de Gears 4 é, ao lado do consagrado sistema de cobertura e tiros, a melhor coisa do trabalho da Coalition. O planeta está devastado pela guerra há 25 anos e isso permitiu que a empresa explorasse diversas possibilidades de cenários. Gears não é mais a escuridão que antes foi. Há luz, árvores, animais e, olhe só, várias pessoas sem traje de combate. No acampamento dos forasteiros, local onde Kait vive, é possível notar um belo trabalho de iluminação, que enaltece a flora e as construções quase pós-apocalípticas feitas pelos habitantes.
Além disso, o jogador explora museus, templos religiosos, esgotos, indústrias, centros militares e uma cidade abandonada - cada um com uma história, cada um com uma paleta de cores diferente. Algo que ajuda a encher ainda mais os olhos dos jogadores são as tempestades de vento, a oportunidade perfeita para abusar dos efeitos de partículas. Poeira, raios, destroços e pedaços de gente voam na tela a todo momento. É seguro dizer que nenhum outro Gears é tão bonito quanto o 4 - não só pela definição dos gráficos, mas pelo cuidado na direção de arte principalmente.
Hora do combate
Com a arma na mão, Gears of War 4 é um dos momentos mais divertidos dos videogames atuais. Não há quase nenhuma mudança drástica em relação aos jogos anteriores, mas isso não impede que a campanha seja divertida e prazerosa. A Coalition decidiu por colocar algumas finalizações novas, mais agilidade nos ataques corpo a corpo e uma quantidade bem grande de novas armas - tudo isso melhora o básico, sem mudar a receita do sucesso. Ainda que não possua novidade alguma, Gears 4 nos lembra como Gears é bom de jogar. O ritmo incessante é algo inerente à série e permanece aqui.
Para não dizer que é somente um repeteco, existem alguns momentos de combate que são 'diferentes'. Um deles é a Onda de inimigos, já famosa no Modo Horda, mas que aqui é incluída na campanha pelo menos umas quatro vezes. Não precisava de tanto. JD e cia precisam confrontar uma avalanche de monstros e contam com novas ferramentas para isso - a principal é o Forjador, um baú que dá armas gigantes e armadilhas. É preciso montar uma simples estratégia para derrotar os alienígenas, que ficam cada vez mais fortes com o passar da história.
Gears 4 também adiciona alguns momentos de gameplay diferentes, como uma (burocrática) corrida de moto e uma (boa) batalha com robôs. Essa segunda é uma excelente demonstração de poder do game, que poderia aproveitar a proposta em outros momentos, mas prefere encerrar a aventura poucos momentos depois disso. E se há algo que a Coalition acertou em cheio foram os 'chefes de fase'. A carga de tensão e desafio que os grandes monstros passam é tão intensa que fazem até a repetição de alguns combates valer a pena.
No multiplayer, Gears está mais variado e equilibrado do que nunca. O modo Horda continua divertido e segue como uma das melhores opções de jogatina coletiva da atualidade. Nesta nova versão, mais personagens foram adicionados, além de mais armas e armadilhas para usar durante as partidas - o Forjador, apresentado na campanha, é uma das maiores adições. A parte competitiva foi a que recebeu a maior novidade, o Modo Escalation, onde os jogadores fazer uma disputa de melhor de sete. Nitidamente, a Coalition espera aproveitar este modo para entrar no cenário de eSports.
O início
Ao chegar no fim de Gears of War 4, percebe-se que a Coalition e a Microsoft planejaram muitos outros capítulos para essa nova fase. Esse jogo é apenas o início da passagem de bastão, um jeito mais comedido de apresentar novos personagens sem ferir o orgulho dos fãs mais antigos. Aqui, novos jogadores poderão descobrir quão intenso é o ritmo de uma campanha Gears e como é divertido jogar o modo Horda, por exemplo. Como preparação para uma nova fase, Gears 4 é um ótimo começo.
Gears of War 4 será lançado em 11 de outubro para Xbox One e Windows 10, e faz parte do programa Xbox Play Anywhere, que garante o direito de jogar em ambas as plataformas com apenas uma compra. O jogo foi testado em um Xbox One. Clique no nome das plataformas para ver o preço do jogo em suas versões digitais.