A série Forza caracterizou-se pelo esmero técnico, a simulação realista de física e mecânica de veículos, que conquistou fanáticos por carros. Uma das críticas frequentes à franquia da Microsoft, porém, era a falta de diversão para jogadores menos interessados em sujar as mãos de graxa digital. Forza Horizon, novo lançamento da marca para o Xbox 360, amplia o escopo do produto, em busca justamente de quem gosta de velocidade, mas não necessariamente de trabalhar por ela.

Forza Horizon

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Nas mãos da desenvolvedora Playground Games (criada por ex-funcionários da Bizarre e Codemasters), Forza ganhou uma abordagem diferente: o mundo aberto. A superficial história do game começa com um piloto novato chegando à Meca das corridas, uma cidade no Colorado, EUA, devotada totalmente a uma competição anual que reúne os maiores campeões da velocidade em circuitos espalhados por 216 estradas. São 250 corredores que disputam o troféu e se enfrentam em desafios distintos, provando suas habilidades em vários terrenos e condições.

As dicas e instruções vêm das rádios locais, ligadas no evento, e dos organizadores (bonecões sem expressão - novamente, trama e personagens não são o objetivo aqui, mas dão estrutura e um sentido de progressão ao jogo). Deve-se ficar atento ao falatório dos locutores para descobrir eventos novos, procurar carros escondidos e receber pistas de possibilidades. E o título está cheio delas. É necessário ingressar nas corridas principais para ganhar posições no campeonato, mas essa não é a única forma de obter fama e prestígio. Há os "Desafios de Marcas" (merchandising esperto dentro do game, que premia drifts, quase acidentes, tirar as quatro rodas do chão...) que dão dinheiro por feitos alcançados. Dirigir bonito - ou perigosamente - também rende pontos de fama, que trazem mais fãs ao jogador. O Campeonato Horizon, afinal, vive de suas celebridades e elas precisam apresentar-se direito se quiserem obter os passes que dão direito ao próximo nível de eventos.

Com um lançamento totalmente localizado para o Brasil, dublado do início ao fim em português (GPS, personagens, locutores), o jogo entrega uma fusão de diversão e adrenalina com exploração e a fundação técnica central à série. Quem aprecia uma simulação realista, porém, deve torcer o nariz à falta de danos mecânicos - pode-se bater a 150km por hora e sair ileso, só com um amassadinho - mas ao menos há cinco tipos de dificuldade, que pode ser modificada a cada   corrida. Quanto mais fácil o jogo, menor a quantidade de bônus. O mais fácil breca automaticamente nas curvas, os intermediários sugerem traçado e o mais avançado exige habilidades extremas, sem apoio algum gráfico. É tudo no "braço". O recurso de voltar no tempo alguns segundos, para acertar aquela curva perfeita, também retorna (agora no botão "Y").

Forza Horizon f02

Um detalhe interessante, que valoriza os belos gráficos de Forza Horizon, são os vários elementos que podem ser destruídos na pista e que dão pontos ou rendem promoções na loja de peças. Pode parecer bobagem, mas a existência desles obrigam o jogador a olhar para toda a tela se quiser esses pontos. Obviamente, fica difícil durante as corridas, quando o foco é o oponente à sua frente; mas entre um evento e outro, rodando pelas belas estradas do Colorado, ter atividades para cumprir faz toda a diferença.

Ainda que não tenhamos testado o multiplayer - a versão a que tivemos acesso na Microsoft não tinha o componente online - o game terá alguma funcionalidades interessantes para quem quer correr contra seus amigos. Até oito pessoas podem correr juntas e existe a possibilidade de enfrentar o "fantasma" de outra pessoa. Assim, dois jogadores não precisam estar online ao mesmo tempo para se enfrentarem. Uma corre e a segunda pode ver seu espectro na pista enquanto tenta superá-lo. Radares também registram velocidade em vários pontos do mapa e você pode comparar seu tempo com o de seus amigos, ganhando mais dinheiro para investir - na lógica extrema de Forza Horizon, quanto mais velocidade, melhor.

Forza Horizon f03

A variedade de carros não é tão ampla quanto a dos jogos anteriores, mas isso funciona a favor das melhorias dos veículos. Demorar um pouco mais para adquirir uma nova máquina exige que o jogador empenhe-se nas melhorias da atual, criando um bem-vindo senso de relação com seu carro. E, lógico, também amplia os ganhos da Microsoft, já que veículos para download existirão desde o lançamento do jogo.

História rasa, mas com boa estrutura de progressão, a qualidade técnica dos jogos anteriores, um mundo aberto vasto e cheio de possibilidades, ótima trilha sonora e um cenário totalmente dedicado à cultura da velocidade tornam este o Forza mais amplo e amigável e empolgante até aqui. E fogos de artifício te esperam na chegada.

Nota do crítico