Far Cry: Primal | Crítica
Ubisoft Montreal aproveita mecânicas da série com conceito inovador pela simplicidade
"Mais do mesmo" é o que mais se lê por aí quando o assunto é Far Cry: Primal, novo episódio da série de sobrevivência e controle da Ubisoft. Apesar da mecânica parecedíssima com Far Cry 4, porém, o novo game é de uma elegância conceitual bastante empolgante, que não deve ser desmerecida.
Ambientado 12 mil anos antes de Cristo, na Idade da Pedra, Far Cry: Primal deixa de lado os conflitos elaborados dos games anteriores da para apostar em um cenário simples: sobrevivência da espécie. Você é Takkar, um guerreiro solitário que começa a reunir integrantes da tribo Wenja. Outrora abundante, o grupo dissipou-se depois de inúmeros ataques de tribos mais brutais. A missão, assim, é bastante simples... reunir wenjas e aniquilar seus oponentes.
Neste jogo de mundo aberto, basicamente não há uma estrutura de missão principal e secundárias. Tudo leva ao aprimoramento do personagem, seus recursos e aldeia. Melhorar a experiência é normalmente o que RPGs fazem em quests paralelas. Aqui, isso é o coração do jogo.
A ideia é interessante, já que deixa o jogador absolutamente focado. A simplicidade da tarefa adiante dá mais espaço para o cenário crescer - e o mapa é absolutamente fantástico. A geografia de Oros, a terra em que três tribos engalfinham-se, é das mais povoadas de animais e flora que os games já viram. Far Cry 4 já transboradava de vida. Aqui, porém, essa vida é ainda melhor aplicada, já que há a necessidade constante de contrução e desenvolvimento - e tudo emprega recursos naturais. Não já lojas no Mesolítico, afinal.
Nesse ambiente rico e visualmente impressionante, Takkar pode contar com o curioso auxílio de feras selvagens. Na qualidade de Mestre das Bestas, o guerreiro pode aprimorar suas habilidades de adestramento, aprendendo a caçar ao lado de quase qualquer predador do jogo - ou mesmo montá-los. Essa conexão entre homem e fera é um componente quase fantástico do game, que, não fosse isso, seria um tanto rústico demais.
Afinal, aprender a usar a combinação de recursos próprios com esses animais é a grande diversão do game, ao lado do gerenciamento da aldeia. Ainda que um modo mais rico de construção dessa estrutura poderia ter sido previsto. O aprimoramento do local de reunião dos wenja é limitado à construção e upgrade de estruturas principais, que fornecem o conhecimento para a criação de equipamentos mais elaborados.
Além dos gráficos espetaculares e da verossimilhança dos animais (parei minutos para ver dois ursos se enfrentando, como se estivesse vendo Animal Planet, por exemplo), FarCry Primal foi ao extremo de criar três idiomas ficcionais para as línguas nativas de Oros. Todo o game é legendado por conta disso, o que agrega ainda mais à imersão e o foco citado acima.
O lado negativo é que, sem uma história elaborada ou jogo multiplayer cooperativo ou competitivo, Far Cry Primal pode ser um tanto curto se comparado a outros games de mundo aberto do mercado. Mesmo com a vastidão do mapa, os inúmeros colecionáveis - sempre garantindo mais XP - e as missões que surgem sem aviso. De qualquer maneira, o inusitado ambiente compensa as carências, resultando em um título simples, mas que garante a qualidade no que se propõe a entregar.
Far Cry: Primal está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. O game foi testado em um PlayStation 4.
Leia mais sobre Far Cry: Primal