O primeiro Epic Mickey surgiu com uma premissa interessante e totalmente inesperada daquilo já visto em games protagonizados pelo camundongo símbolo da Disney: um mundo mais sombrio, de esquecimento, em que personagens amados podiam desfalecer a qualquer momento em um nada, no vazio, ao melhor estilo A História Sem Fim. Era uma mistura de ciberpunk e felicidade ingênua. O problema, contudo, residia na parte jogável, ou seja, o título era repleto de problemas como câmeras estranhas, sistema ruim de mira do pincel mágico, entre outros entraves.

Epic Mickey 2

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Epic Mickey 2: The Power of Two é a antítese de seu predecessor. Os equívocos antigos desaparecem, principalmente o sistema de mira, que funciona perfeitamente bem, com o qual Mickey pode escolher entre desenhar o mundo ou apagá-lo. Mesmo que a câmera ainda atrapalhe em batalhas de chefes e outros cenários, a melhora impressiona. Porém, a premissa da história – algo de estranho acontece em Wasteland, uns terremotos apareceram do nada, então "vamos investigar, amiguinhos" – e o tom o qual ela é expressada ao longo do jogo, são bem simplistas e infantis. A história soturna abre espaço para uma aventura musical. Há toques mais melancólicos, mas bastante sutis.

Nostalgia cantada

Uma das adições mais simpáticas é o uso de vozes e canções, que são divertidas e trazem uma camada extra de carisma aos personagens. Mas se você odeia números musicais, não se preocupe: os rompantes de Broadway são poucos. Adicionam brilho, mas não são exagerados a ponto de atrapalhar o jogo. O que vale a pena notar é a trilha sonora, que também utiliza o mesmo lema: ela é sutil, interessante e bem-feita, mas não excessiva.

Para os fãs da Disney, há momentos em que o sorriso nostálgico aparecerá, seja por conta de um personagem ou um cenário que trará memórias dos seus momentos favoritos com produtos da empresa, da sua infância. Principalmente por conta da boa direção de arte dos gráficos, que agora estão em alta definição, já que o primeiro game foi lançado somente para Wii, enquanto Power of Two chega às lojas também para Xbox 360 e PlayStation 3.

Volta aqui, Coelho!

O mundo de Wasteland, por outro lado, não ganha nenhuma adição em termos de tamanho. Há poucas novas áreas, além de localizações já vistas no primeiro título. Seguindo os passos da franquia LEGO, o jogo oferece uma série de colecionáveis para aumentar a experiência de jogo. Porém, ainda falta permitir que o jogador controle tanto Mickey quanto o Coelho Oswaldo: jogar sozinho, utilizando a Inteligência Artificial do game como parceiro é uma experiência sofrível. O Coelho tende a passear sozinho, demorar-se, enquanto você espera do outro lado da tela.

Para aqueles que pretendem experimentar o título, vale a pena encontrar um amigo. É no modo cooperativo que o jogo realmente funciona: as batalhas ficam mais divertidas e explorar o mundo se torna uma tarefa mais agradável. Como os protagonistas têm poderes completamente diferentes, os combates com chefes de fases ganham profundidade, enquanto os dois dividem tarefas.

Ao jogar sozinho, os objetivos repetitivos e o combate tedioso podem produzir desinteresse – imagine um jogador semi-zumbificado em sua cadeira fazendo a mesma coisa, repetidamente. Claro que as missões continuam repetitivas, mas ao menos no modo cooperativo, você pode reclamar com seu amigo.

Nem lá, nem cá

Warren Spector, o diretor do título, deu ênfase à questão das escolhas morais do jogador. Realmente, para um game que não abre mão de seus jogadores mais jovens, há escolhas, e elas interferem durante o jogo. Muitas delas, porém, serão feitas “sem querer”: você acaba deixando um oponente escapar porque queria fazer outra ação, ou coisas arbitrárias do gênero. Não espere que Mickey sobre alguma consequência mais drástica no final da narrativa: ele é o herói e deve erguer-se por completo diante das adversidades.

Talvez o maior problema de Epic Mickey 2 seja isso: a franquia ainda não entendeu seu papel... se serve aos adultos que procuram uma experiência nostálgica e simples, ou às crianças. Um game melhor misturaria a premissa do primeiro, com as melhorias mecãnicas do segundo. Ou mesmo uma continuação que mantivesse o sombrio em pauta.

O game parece um remédio, que melhora a cabeça, mas faz mal ao estômago. Ou seja, resolve problemas somente para criar outros. No caso: missões chatas, Inteligência Artificial mal resolvida e escolhas morais arbitrárias. Power of Two será apreciado por jogadores mais novos, ou por fanáticos da Disney. Porém, para um gamer mais core, é uma experiência apenas regular.

O game tem versões para Mac OS X, Microsoft Windows, PlayStation 3, Wii, Wii U e Xbox 360. Nossa crítica baseia-se na versão de Xbox 360.

Nota do crítico