Repetir padrões é algo extremamente natural, especialmente porque existem muitos sinônimos para familiaridade na sociedade. É mais fácil nos aproximarmos de algo que nos lembre daquilo que é conhecido. Nos videogames esta questão é apresentada de várias formas, como por exemplo, na nostalgia (em jogos que reproduzem com perfeição as mecânicas antigas, afamadas, que remetem à infância do jogador) ou nas franquias.

No segundo caso, toma-se por base aquilo que funciona na parte jogável e no histórico de personagens pré-estabelecidos. Absolutamente normal. O problema é que algumas empresas acreditam que um sucesso antigo deveria ser repetido quase que na sua integridade (jogabilidade e história), e pronto: game "novo", êxito novo – daí basta partir para criar, mais uma vez, o mesmo jogo, com pequenas mudanças.

Há quem diga que o triunfo de uma continuação depende das expectativas de seu público e que, com um título novo, nunca sabemos ao certo o que podemos esperar (nem sempre a versão demo reflete o produto final). Portanto, sumarizemos assim esta análise: se tudo o que você quer um Dead Island Riptide igual, com umas armas diferentes, zumbis a mais e os mesmos erros, Riptide é o jogo pra você. Agora, se você espera um pouco mais de uma sequência que a repetição, não compre.

Ultraviolência


Se existe uma verdade universal sobre jogos de zumbis é que matar essas criaturas é sempre gratificante e divertido. A Deep Silver sabe bem disto e ainda adiciona outro dos elementos mais importantes quando o assunto são os mortos-vivos: sanguinolência. Este é, certamente, um dos maiores atrativos do game, que permite mortes horrendas e faz pingar sangue da sua tela.

Dead Island: Riptide é um game de ultraviolência que faria Alex, o protagonista de Laranja Mecânica, curar-se mais cedo do tratamento Ludovico. O modo cooperativo é ainda melhor, já que você e um amigo podem combater hordas de zumbis com uma quantidade de inimigos afinada para o desafio a dois, o que permite ao game manter a mesma dificuldade do singleplayer (em algumas partes, o jogo se torna até mais difícil do que no modo campanha).

Elementos de sobrevivência, como procurar por comida, permanecem como ponto alto do jogo. Há algumas novidades que ajudam a experiência a se tornar divertida, como a possibilidade de usar barcos, algumas armas a mais e dois novos tipos de zumbis: Drowners, que ficam na parte mais rasa das águas, e Wrestlers, que são bem durões. Também vale notar que a mecânica de cercos, em que é possível instalar barricadas para enfrentar hordas de mortos-vivos, entretém. Contudo, estas são as únicas novidades do título.

Arrumar bugs pra quê?


O que realmente é intrigante em Riptide é que a desenvolvedora teve mais de um ano para reparar problemas nas mecânicas e na parte jogável de sua série. E, sinceramente, parece que este tempo foi gasto em outra coisa. Há falhas técnicas por todos os lugares, como problemas com água; inimigos que aparecem em locais bizarros; deslizes de framerate de vários tipos; especialmente quando há muitos oponentes em tela; disparidades em física entre cenário e personagens...

A lista é enorme. Isto é, mesmo que seja bem divertido enfiar uma faca no cérebro de alguém, seria ainda mais legal se o jogo rodasse toda a cena sem nenhum defeito. Outra disparidade tem a ver com a narrativa, que é tediosa, problemática, e ainda contém um péssimo trabalho de dublagem. Um roteiro chato pode levar a missões repetitivas, já que não há muito que dizer – e é exatamente o que acontece aqui, não há criatividade. A verdade é que muitos games não precisam de histórias para dar certo.

Já que estamos falando nos mortos-vivos, há de se lembrar de Plants Vs. Zombies – jogo absolutamente divertido, com mecânica simples e benfeita, e somente algumas cartas escritas pelos zumbis pré-transformação como “narrativa”. Quando um título decide ter uma história, porém, ela deveria ser tão bem cuidada como outras áreas do jogo.

Ou seja, um ano e meio depois e a Deep Silver entrega uma cópia do seu primeiro jogo, mas agora com um barco, umas armas a mais e uns dois tipos de zumbis além dos já conhecidos. Por perceber que seu novo jogo é uma grande expansão do primeiro, a desenvolvedora baixou dez dólares do preço de lançamento em lojas norte-americanas. Se você não se incomoda com bugs ou "mais do mesmo", aproveite para comprar o game por um preço mais barato.

Dead Island: Riptide foi lançado para PlayStation 3, Xbox 360 e PCs.

Nota do crítico