Crítica | Aliens: Colonial Marines
No espaço, ninguém vai ouvir você gritar (de raiva).
Aliens: Colonial Marines não pode ser considerado um jogo. Está mais perto de um protótipo mal acabado que não passou pelo departamento de controle de qualidade (onde o título é testado para encontrar e corrigir erros). E este não é o maior problema do game. A questão ainda mais importante é que os jogadores foram enganados por uma versão demo que é completamente diferente – e melhor – do que o produto final. Assim, Aliens - Colonial Marines não é apenas ruim, mas uma fraude.
Aliens Colonial Marines
Aliens Colonial Marines
Aliens Colonial Marines
Aliens Colonial Marines
Para você que não jogou a demo, ou que não pretende comprar o jogo para comparar – recomendamos que não o faça – aqui vai um vídeo comparativo que ajuda a contextualizar o leitor, fornecido pelo site Computer and Video Games:
Antes de entender os motivos pelos quais a desenvolvedora colocou um jogo piorado em relação à demo no mercado, analisaremos o produto final. Em termos de desenvolvimento, Aliens: Colonial Marines é um exemplo de como não criar um jogo. Em contrapartida, enquanto objeto de crítica, é o game perfeito para comentar os pontos mais importantes de como analisar um título.
Quando um jogador se lança a um mundo fantasioso, ele busca, entre outras coisas, imersão. Alguns querem pura diversão, enquanto outros esperam que o jogo tenha um outro papel: o de criar uma experiência aprofundada. Em termos de entretenimento, Aliens pode até despertar o interesse de quem não precisa de um modo carreira, já que não depende de inteligência artificial. No modo singleplayer, contudo, os alienígenas são tão estúpidos, que a frustração é o sentimento que prevalece durante a experiência. A Inteligência Artificial dos aliados também não é das melhores... um dos meus soldados aliados, por exemplo, teimava em atirar granadas na minha direção.
As fases são desenhadas de modo a não representarem desafio. Isso não significa que sejam excepcionalmente fáceis, mas que, ao entrar em um mapa, você já saberá exatamente de onde as criaturas sairão. Assim, não há sustos ou terror, o que é inaceitável para um game que pretende continuar a história do filme Aliens - O Resgate, em que as criaturas são representadas como as mais letais já vistas. A diversão que resta é a variedade bacana de armas e seu resultado nos alienígenas que não sabem fugir. Certos momentos são razoáveis, como a primeira vez que você vê a Rainha. Contudo, no geral, isso não dura muito. As fases não vão além do "encontre os aliens, atire, vá para a próxima parte do cenário".
Há também um cardápio extenso de problemas de física e programação. Alguns exemplos: elementos se mexem sem sentido nenhum e, certamente, contra as leis de Newton. Outros soldados desaparecem da sua frente, somente para aparecer em outro local da tela (o jogo se passa no futuro, mas não há nenhuma menção a algo como o teletransporte de Star Trek). Inimigos humanos (sim, você não vai enfrentar somente Xenomorphs, e não, isso não é bacana) não atiram em sua direção, mas você morre mesmo assim. Personagens ficam presos em meio ao cenário e às "paredes invisíveis" - bugs de design de mapas - das fases.
E há também a questão do ácido dos oponentes. Enquanto estão vivos, os aliens podem atirar seu sangue ácido (algo que não existe nos filmes), o que causa danos ao protagonista. Depois de mortos, o ácido para de funcionar (diferente do estabelecido no cinema), não corroendo mais nada, e é possível passear por cima de uma poça do líquido como se nada tivesse ocorrido. Em outro defeito conceitual, os inimigos simplesmente desaparecem depois de alguns segundos quando são exterminados – estariam seus corpos sendo levados pelo "deus alien" para o paraíso dos alienígenas que não sabem fugir? Pra completar, em uma fase de furtividade, uma tentativa de variar a parte jogável, é possível acender a lanterna bem na cara dos adversários, e eles não notam nenhuma mudança, desde que você permaneça agachado.
Outro grande defeito é a parcela visual, que é absolutamente datada e não fornece nada do que foi prometido, especialmente em termos de iluminação. A luz da versão demo era dinâmica e completava os ambientes com uma verossimilhança aos filmes, além de criar uma paleta de cor bem próxima ao que foi visto na película. Na versão final, não há qualquer tipo de luz com movimento e faltam texturas e polígonos refinados. Os cenários estão quadrados e simplesmente feios. A animação e efeitos como névoa ou fogo seguem o mesmo estilo: ultrapassado e desalinhado.
Mas um dos fatores mais ultrajantes é a história, que não faz o menor sentido. A explicação dada pelos personagens quando certos eventos bizarros acontecem é: “esta é uma história longa demais para explicar, vamos matar Xenomorphs”. Este pode não ser um problema para todo o tipo de game, especialmente os que se baseiam muito mais em quebra-cabeças. Porém, vale notar que este jogo pretendia expandir a mitologia das películas, além de explicar certos eventos que ocorreram antes de Alien 3.
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com Aliens: Colonial Marines. Uma reportagem apurada pelo site Kotaku, leva a crer que a Gearbox, responsável pela produção de Colonial Marines, não foi a desenvolvedora que realmente criou o game. Aparentemente, a empresa terceirizou o trabalho para outras produtoras, especialmente uma chamada TimeGate, ficando a cargo somente do modo multiplayer.
O que afeta o jogador, em todo caso, é que a obra foi vendida como um jogo que não existe. Foram seis anos de desenvolvimento, muitos vídeos, e nada disso é encontrado no produto final. Em termos técnicos, é um game tão ruim quanto o infame Duke Nukem Forever, coproduzido pela própria Gearbox.
O game está disponível para PlayStation 3, Xbox 360 e PCs