The Cave | Crítica
Bom humor, aventura e uma caverna falante
Jogos independentes levam a fama de serem difíceis. Limbo, Braid e Super Meat Boy são exemplos disso. Mas a dificuldade, às vezes, é o fator que mais atrai e faz o jogador insistir no título. É aquela coisa de provar que "sim, eu consigo".
The Cave
The Cave
The Cave
Ron Gilbert (Monkey Island e Maniac Mansion) é um desenvolvedor experiente. Ele sabe que o capricho no game design é a cartada certa para um jogo ser bem recebido ou não. Mais que isso, inserir bom humor e conversar com o jogador durante a partida é oferecer um gancho a mais de sucesso. The Cave, o jogo de aventura e quebra-cabeças desenvolvido em colaboração pelos profissionais da Double Fine, traz tudo isso. É um jogo de aventura e exploração em que o personagem principal não é o protagonista, mas o lugar. Uma caverna muito bem humorada, que, além de narrar a história com toques cômicos e debochados, conversa com você o tempo todo. E de maneira extremamente sarcástica.
Em uma carta simpática escrita por Ron Gilbert à imprensa, ele conta que The Cave é uma ideia que nasceu há 30 anos, mas só agora encontrou o time certo para ganhar vida. Divertido e despretensioso, o jogo oferece sete personagens arquetípicos inicialmente: o monge que está atrás de sabedoria; a aventureira que busca tesouros e companheiros; o guerreiro que procura por uma espada; os sarcásticos irmãos gêmeos à procura de seus pais; a cientista atrás de uma nova descoberta; o viajante no tempo que quer consertar um erro cometido há milhões de anos e o caipira que deseja nada menos que amor. Você deve escolher três deles para entrar na caverna falante.
A jornada acontece em fases que são adaptadas para cada um deles. Em estágios diversos, você utiliza todos os cantos do cenário para resolver o problema do personagem em questão. Tudo isso de maneira cooperativa, nos moldes do clássico The Lost Vikings, da Blizzard. É bem legal, inclusive, ter um amigo para jogar junto. Pois enquanto você, por exemplo, oferece uma linguiça para chamar a atenção de um monstro, seu amigo deve agir rapidamente para capturá-lo. É possível, sim, fazer sozinho. Mas jogando em dupla o jogo ganha mais sentido.
O problema da mecânica de seleção de personagens é que você não pode simplesmente trocá-los durante a aventura. Se, por acaso, não gostar dos seus escolhidos, você terá que começar a aventura de novo. Isso é chato em um ponto, obviamente, porque ao invés de avançar você regride. Mas ao mesmo tempo, é um bom exercício de memória relembrar os caminhos percorridos e pensar "meu deus, como era simples". E é essa a ideia do jogo: fazer você jogar novamente para saber todas as ramificações da história, e se aprofundar no carisma peculiar de cada personagem.
É curioso notar também que os objetivos iniciais dos personagens podem não ser totalmente verdadeiros, podendo mudar até o fim do jogo. Para conhecer a verdade sobre todas as histórias é necessário começar o jogo no mínimo quatro vezes. O que representa assistir diversas vezes as mesmas cutscenes que, infelizmente, não podem ser puladas.
Apesar do nível de dificuldade dos puzzles ser acentuado, "ninguém morre na caverna", como ela própria diz. Você não morre, mas precisa fazer o caminho novamente. Ou seja, se caiu, você não é eliminado, mas vai ter que repetir o trajeto até chegar ao topo.
A história é contada por meio de charges e os gráficos parecem desenhados à mão. O fato de não existir um personagem central agrada, assim como o fato de que um não é mais importante que o outro. O preço é outro atrativo. O jogo custa apenas 30 reais na PlayStation Store e no eShop da Nintendo, 1.200 MS Points na Xbox Live e 20 reais no Steam, um pequeno investimento para pelo menos seis horas de diversão. Fica apenas a ressalva de que, como estamos no Brasil, uma versão localizada atrairia muito mais jogadores.
- Lançamento
11.11.2005
- Censura
14 anos
- Gênero
Drama