Battlefield 4 | Crítica
Sobre gráficos e multiplayer
Battlefield 4 atualiza as novidades mostradas em seu antecessor. A beleza gráfica dos mapas, sejam eles na campanha ou multiplayer, ultrapassam os limites da atual geração de consoles, mas não escondem a superficialidade do roteiro. Entre desabamentos e bombardeios está uma guerra sem contexto, protagonizada por personagens rasos em situações com intuito de impactar apenas pela destruição dos cenários.
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No meio dos tiroteios, as mecânicas da franquia consolidam, com poucos ajustes, o multiplayer de Battlefield como o mais completo da geração. A perfeição técnica da DICE se prova neste modo, onde a diversão é o objetivo final, sem preocupação com a narrativa ou imersão. Como seus concorrentes, Battlefield chega ao fim da geração como uma experiência calcada pelo sucesso de um modo de jogo e pela falta de criatividade em outro.
Na guerra, entre desmoronamentos e flares
A fotografia de Battlefield é tão bem cuidada quanto seus gráficos. Cada ângulo mostra um pôr-do-sol alaranjado, uma noite estrelada ou as luzes de uma cidade em destruição. Todos esses momentos são inclusos sem que as imagens soem artificiais ou pré-determinadas. Além disso, há um uso constante de flares, que viraram moda nos cinemas, e aqui ajudam a aumentar a perspectiva de espaço para fases. Essa beleza, porém, se limita aos cenários - prédios, casas e construções no geral inclusas. A não ser pelos personagens principais, os modelos parecem a torcida de FIFA - se não tivessem participação efetiva na história, tal defeito seria irrelevante, mas não é o caso.
Por outro lado, um quesito gráfico que ajuda na imersão de Battlefield 4 é a destruição do ambiente. Melhorando desde Bad Company, a engine da DICE agrega aos desmoronamentos uma sensação de perigo iminente - não há um abrigo que não possa vir abaixo. A insegurança promovida por tudo isso é o componente mais importante de toda a história do jogo; a guerra é sentida na 'pele', não há para onde fugir, a saída é fazer um planejamento e atacar o adversário. Com esse clima, o game sobrepõe a relação fútil entre os soldados e até o embate entre as nações. O contexto dos acontecimentos tem grande escala, mas resoluções são incongruentes com os problemas mundiais sugeridos.
Multiplayer: missão cumprida
Não há motivo para Battlefield 4 existir não fosse o multiplayer. Os defeitos da campanha são suprimidos neste modo que aproveita apenas o melhor do jogo. Com novos mapas, controles inalterados e mais opções de estratégias, a empresa entrega a melhor experiência do gênero na atual geração de consoles. Entre os locais inéditos destaca-se Paracel Storm, um misto de toda a evolução gráfica e capacidade do game em mudar a situação das partidas em tempo real. Além disso, a composição do mapa permite o uso intenso do planejamento de guerra, algo intrínseco à franquia.
Deixando de lado a atualização técnica, a novidade é o modo Commander, onde Battlefield torna o jogador um estrategista de guerra. As inúmeras possibilidades de ataque e defesa, atreladas a um sistema de recompensas, servem de incentivo para os mais inexperientes - ao mesmo tempo que possibilita uma nova abordagem do multiplayer para os experientes. Nos modos clássicos, o peso da destruição dos ambientes é replicada no porte de armas e tiroteios em geral. A diferenciação entre armas e munições ainda é exemplar, diferente do controle de alguns veículos, que ainda é travado em certas ocasiões.
Battlefield 4 evolui de forma modesta, o suficiente para impressionar. Enquanto o jogo dá um multiplayer cada vez mais completo, a campanha se torna aos poucos um modo descartável. A evidência disso se mostra na narrativa e personagens, sempre irrelevantes frente à loucura dos combates. Ao passo que outros gêneros exploram possibilidades diferentes de roteiro, este tipo de FPS parece convencido a manter uma fórmula simplória e preguiçosa; enquanto o mercado responder positivamente assim será. O desgaste deste método, no entanto, não está longe de chegar.