As primeiras horas de Batman: Arkham Origins causam uma inevitável sensação de déja vù. Como a série mudou de estúdio, do elogiado Rocksteady Games para o novato WB Montreal, fica claro que a intenção foi não estragar uma franquia considerada excelente e, para tanto, optou-se por não correr riscos.

De Batman: Arkham Asylum para Batman: Arkham City houve mudanças significativas em escopo e possibilidades, aqui simplesmente repete-se a fórmula do anterior, com um mapa maior. As novidades na jogabilidade são algumas ferramentas (a maioria replica o funcionamento de velhas conhecidas) e oponentes inéditos, além de um interesse por chefes de fase elaborados.

A trama começa no segundo ano da carreira de vigilante do Homem Morcego. O visual mais grosseiro (a armadura parece menos polida, ainda em fase de desenvolvimento pelo herói), porém, é a única pista desse momento. Todas as habilidades e gadgets dos games anteriores (ou seriam futuros?) estão ali, com a adição do Batwing, que funciona como um sistema de transporte rápido entre pontos do mapa. Para usá-lo, porém, é necessário destruir torres de interferência (lembrando mecânicas de Assassin´s Creed e outros games de mundo aberto da Ubisoft).

Tecnicamente, há alguns problemas de colisão, perda de frame rate (a versão que testamos foi a do PS3) e encontramos até alguns bugs mais sérios, como um chão de concreto que se comportava como água (!), impedindo o cumprimento de uma missão, já que o Batman afundava e ressurgia no parapeito acima. O problema só foi corrigido com o reboot completo do jogo. Alguns modelos de personagens (Alfred parece um cadáver falante, por exemplo) também não foram suficientemente trabalhados.

Na história, pela primeira vez sem o veterano Paul Dini no comando, na véspera de Natal, em uma Gotham City coberta por neve, o Máscara Negra coloca uma recompensa de 50 milhões de dólares pela cabeça do Batman. Chegam à cidade então os assassinos de aluguel Exterminador, Lady Shiva, Bane, Vaga-Lume, Copperhead (Cascavel), Choque, Crocodilo e Pistoleiro. O interessante do game é que alguns deles são integrados à história principal, enquanto outros surgem como missões paralelas. Essa ideia, aliada à trama que tem algumas interessantes reviravoltas, acaba funcionando bem - e depois de algumas horas jogando a impressão de "já joguei isso" é substituída pela empolgação pelas novas missões e a vontade de chegar logo ao próximo grande encontro. Descontado o fato, claro, que em apenas uma noite o Batman encontrou todos esses grandes vilões pela primeira vez, além de Coringa, Chapeleiro Louco, Charada (ainda sob outro nome), Anarquia... Santo Bat-azar!

O volume de missões paralelas é extenso. Há os "pacotes do Enigma" para coletar, os armazéns de armas do Pinguim para destruir, tonéis de veneno para encontrar, bombas para desarmar e muitos encontros especiais empregando os assassinos que não estão na linha principal. Há tantas opções que você provavelmente cansará de tantos combos de combate antes de chegar à metade delas.

Ao final, vítima do próprio sucesso de seus antecessores, Batman: Arkham Origins parece uma aposta pouco arriscada, mas que ao menos diverte e funciona dentro de suas pretensões. A nova desenvolvedora dá tudo o que se esperaria de uma expansão de Batman: Arkham City, ainda que não surpreenda ou seja especialmente criativa.

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Batman: Arkham Origins tem versões para PlayStation 3, Xbox 360, PC e Wii U.

Nota do crítico