Dois meses após criarem juntos uma organização que desde o início deixou claro à comunidade os seus princípios, Nobru e Cerol levaram o Fluxo ao título da Liga Brasileira de Free Fire 4.

Muito além de dois precursores do cenário no Brasil, o atual campeão brasileiro é uma combinação de inúmeros fatores positivos dentro e fora de jogo, a começar pelos nomes que defendem a equipe, uma combinação de experiência, juventude, força de vontade e muita bala. 

O conjunto onde todo mundo tinha algo a oferecer: o favoritismo antes mesmo do campeonato começar não foi à toa

Nobru deixou o Corinthians após altos e baixos na sua carreira: foi campeão brasileiro, mundial, eleito melhor do mundo, e um ano depois, com uma queda brusca de rendimento, não ganhou mais nada… até agora.

O jogador deu a volta por cima com muita maestria e mesmo não jogando como antes (um fato), também abalado pelo falecimento repentino do tio dias antes de um dos campeonatos mais importantes da sua carreira, se viu bicampeão brasileiro. Troféu esse também muito motivado pela alcunha de “aposentado” recebida pelos haters, e pela vontade de proporcionar a sensação de ser campeão a aqueles que abraçaram a difícil empreitada e seguiram o Fluxo.

Nobru superou dúvidas da comunidade para chegar ao título

Imagem: Bruno Alvares/Jéssica Liar

JapaBKR, outro nome experiente que aceitou o desafio, mostrou que não é um dos capitães mais respeitados à toa. Campeão da LBFF 1 com direito a coroa de MVP da competição, também viveu altos e baixos, mas até nos momentos baixos se mostrou um exímio jogador. Depois de uma passagem também conturbada no Corinthians, teve no Fluxo a missão de conduzir o atual MVP do Mundial, Nobru, e outros três jogadores que até então nunca tinham jogado a principal competição de Free Fire do país. Não é para qualquer um.

JapaBKR foi o capitão do Fluxo e conquistou seu segundo título nacional

Imagem: Bruno Alvares/Jéssica Liar

E também não é para qualquer mero mortal fazer o que fizeram Syaz, GODKILL e Fac. Dono de uma das, se não a melhor mira do jogo, Syaz fez parte da Seleção LBFF no seu primeiro campeonato e foi figura importante no título do Fluxo, bem como GODKILL, que fez o papel de suporte muito bem e salvou a sua equipe diversas vezes, principalmente na fase de grupos, quando o momento ainda não era um dos melhores para o Fluxo. 

 Syaz (esq.) e GODKILL (dir.) foram peças fundamentais do Fluxo na conquista

Imagem: Bruno Alvares/Jéssica Liar

Fac é um prodígio, incontestável a habilidade do jogador. Ficou longe dos campeonatos oficiais durante um tempo por causa da idade, e quando teve a oportunidade de estrear, não fez feio. Errou em algumas quedas no começo, sentiu a pressão, mas não abaixou a cabeça e evoluiu, cresceu demais, foi peça chave na reta final do Fluxo na competição.

Fac transformou-se de revelação em realidade na LBFF 4

Imagem: Bruno Alvares/Jéssica Liar

O conjunto de cinco jogadores extraordinários, cada um com algo a oferecer, não poderia ser orquestrado por outro técnico, se não K9. Nem mesmo o “eterno vice” foi capaz de zicar o time. Muito pelo contrário, desencantou. Depois de bater na trave quatro vezes, nas primeiras duas edições da Pro League e também nas últimas LBFF 1 e 3, o antes jogador tinha bagagem o suficiente para liderar esse time, onde se encontrou e foi campeão. Fez jus ao título de mestre e despistou as dúvidas: não tem técnico melhor no Brasil. 

K9 é um dos técnicos mais respeitados do Free Fire nacional

Imagem: Bruno Alvares/Jéssica Liar

Saymon, bem como parafraseou o K9, aceitou o desafio de ser analista, e deve ser aplaudido por isso: bem como o trio de prodígios, ele sai maior do que entrou.  

O acerto nos bastidores

Muitas vezes passa batido as peças que trabalham nos bastidores de um título tão importante nos esports, mas as figuras à frente do Fluxo estiveram muito à mostra, a começar por Ge. Diretor da equipe, responsável pela ascensão da B8 que balançou o cenário na última Free Fire Pro League, e mais tarde foi contratada pela Team Liquid.

Felpy dispensa apresentações: antes analista na bancada dos campeonatos oficiais da Garena, foi técnico da paiN Gaming na temporada passada e assumiu o desafio à frente da criação de conteúdo do Fluxo: não acompanha a rotina do elenco, mas tem o respeito e opina quando pode, é incontestavelmente um conhecedor do jogo. 

Nati Zakalski (esq.), psicóloga do Fluxo, enquanto trabalhava com a INTZ no CBLoL

Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Fora dos holofotes, preferiu não receber mérito em cima do bom desempenho da equipe no campeonato, mas devo mencioná-lo porque a sua nova onda é conteúdo e eu preciso dizer: o Fluxo é muita mídia e muita bala, mostrou que pode sim criar conteúdo e entregar resultado em campo, tudo depende de como as coisas são conduzidas nos bastidores.

Natália Zakalski apareceu como a página que faltava: o público do Free Fire pode não ter conhecimento da psicóloga, mas quem acompanha League of Legends sabe muito bem a importância do trabalho da Nati, pilar de um dos títulos brasileiros mais inimagináveis da INTZ e uma das mentes por trás da recente explosão da Vorax, que teve seu elenco afetado diretamente pela pandemia durante o CBLoL e deu a volta por cima com muita maestria, garantindo vaga direto nas semifinais da competição após a etapa regular.

Muito além de um sábado e nove quedas…

Preparação é tudo, e um time que sabe se preparar antes de uma decisão sai muito à frente dos adversários, e o Fluxo também acertou nisso. Mudanças na rotina de treino e um clima mais leve dias antes da decisão fizeram muita diferença no psicológico da equipe para a grande final, bem como a motivação introduzida da melhor forma possível. 

Free Fire é muito além de números estratosféricos, estratégias dentro de campo: é emoção, dedicação e família: tudo que o Fluxo conseguiu entregar aos cinco jogadores de histórias muito individuais antes da final.

É fato, não há motivação maior se não orgulhar quem ama.