Foto: Colin Young-Wolff/Riot Games
VALORANT: LOUD mostra a verdadeira face do Brasil
Após algumas "bolas na trave", a LOUD se apresentou como o golaço do Brasil
A LOUD tentou, mas não foi desta vez que uma equipe brasileira trouxe um título de VALORANT Masters para casa. No entanto, se engana quem acha que o time voltou de mãos abanando. Tudo o que a LOUD realizou, dentro e fora de jogo, refletiram em duas coisas que os brasileiros precisavam reconquistar internacionalmente na modalidade: Respeito e confiança. A LOUD foi até a Islândia e retornou com uma nova face do Brasil perante o mundo.
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As bolas na trave
Antes da estreia da LOUD, as campanhas brasileiras se resumiam a fiascos e bolas na trave. "Quase" era a palavra perfeita para resumir os melhores retrospectos verde e amarelos no VALORANT. Inclusive, enfrentamos vários "quases" diferentes, em situações até mesmo impensáveis.
Como esquecer, por exemplo, as polêmicas com a Vivo Keyd no primeiro Champions? O time brasileiro venceu a campeã Acend duas vezes, mas nenhuma das duas se caracterizou como uma vitória. A primeira por um bug utilizado por JhoW e a segunda por conta da penalidade de rodadas, ocasionada pelo próprio bug. A vaga na etapa seguinte não veio, mas encarar a Acend daquela maneira já mostrava a força do Brasil, mesmo que apenas em um lampejo de potencial.
Mais recentemente, no próprio Masters Reykjavík 2022, vimos a Ninjas in Pyjamas batendo na trave, no sentido mais puro do termo - desta vez, sem polêmicas. Os brasileiros chegaram a ficar na frente em 12 a 8 no último mapa da série, precisavam de apenas um ponto para avançar aos playoffs pela fase de grupos pela primeira vez, mas o nervosismo não permitiu. No final das contas, se a ZETA venceu é porque mereceu mais, mas isso não muda o fato da NiP se provar no nível de um time de playoff - a ZETA, vale lembrar, chegou até a final da chave inferior, sendo derrotada pela futura campeã OpTic por 3-0.
O golaço da LOUD dentro de jogo
Após as bolas na trave e o Brasil perder a segunda vaga direta no Masters, que agora passa a ser disputada com o LATAM, a LOUD chegou na Islândia com status de melhor time da história do país, mas a desconfiança ainda estava lá.
Com uma campanha para ninguém botar defeito, a LOUD passou por Team Liquid, G2 e a própria campeã OpTic. Foram três séries vitoriosas mostrando tudo o que o VALORANT nacional é capaz. Apesar do mesmo não ter acontecido na decisão do título, a LOUD merece palmas. Palmas pela campanha, pelas vitórias incontestáveis e por mostrar que o Brasil merece estar entre os gigantes da modalidade.
"É só o começo", disse Sacy. E é isso que toda a torcida espera.
O golaço da LOUD fora de jogo
Por falar em torcida, a LOUD não se provou apenas dentro dos servidores da Riot Games, mas também fora deles. O cenário nacional de esportes eletrônicos parou para "Fazer o L" e mostrar uma verdadeira união, poucas vezes vista. O fenômeno que vimos nesse Masters vai além do tal "efeito LOUD". É a recuperação da confiança e da identidade brasileira, reconquistadas dentro de jogo pela equipe e exalada fora do game para o público.
Como mostrou o Esports Charts, a LOUD foi o time que mais arrastou multidões em suas partidas. No mundo, foi uma média de quase 600 mil pessoas assistindo cada um dos seus jogos - uma diferença de 107 mil para a ZETA, segunda colocada. Isso sem comentar o show à parte das watch parties e o clima de Copa do Mundo em algumas delas. Até um evento presencial, Nuuh, da ODDIK, organizou para assistir a decisão.
Segundo Jean, co-fundador da LOUD, foram mais de 76 milhões de impressões no Twitter da organização somente no mês de abril. Não há dúvidas que a campanha no Masters e o título da LBFF 7, foram os grandes responsáveis por estes números.
Os próximos passos do Brasil entre os gigantes
A LOUD mostrou que o Brasil pode ir além e o momento é de alívio. Ainda assim, as preocupações com o futuro do VALORANT brasileiro ainda não acabaram, afinal de contas, eles são apenas um time. O que podemos esperar dos demais? Será que, ao jogar e treinar com a LOUD, as outras equipes conseguirão absorver aprendizados e atingir um nível semelhante? Ou a "Galera do L" vai dominar como fez no primeiro Challengers de 2022?
O nível do Brasil ainda é, sim, um ponto de atenção daqui para frente. Quando apenas um time domina, a sensação é de que este top 1 não está sendo desafiado o bastante e, por isso, também preparado o bastante para confrontos mais complicados. Nesta linha de raciocínio, basta lembrarmos das palavras de Less, logo após conquistar o título de campeão brasileiro, destacando a gigantesca importância de treinar com adversários de outras regiões e deixando claro que só o Brasil ainda não é o bastante.
"No nível em que a gente está aqui no Brasil, eu acredito que não ganharemos a Islândia. O principal será o treinamento que teremos lá, por cerca de uma semana ou uma semana e meia. Cada dia de treino por lá será muito importante para os jogos na Islândia."
A LOUD ainda não conseguiu matar certas preocupações, mas com certeza deixou claro que a esperança e a confiança também podem coexistir neste mesmo cenário. Deixamos de lado a "era do medo" e entramos em um misto de inquietude, mas também muita esperança.
Tudo ainda está muito no início e o próprio VALORANT ainda está tomando forma. Em breve saberemos o que vem pela frente e quais serão os sentimentos para uma próxima oportunidade internacional. Mas por enquanto, a esperança, o respeito e o orgulho brasileiro da nossa cena foram devidamente devolvidos pelo "L" da LOUD. Quem sabe a segunda vaga no Masters não volte em breve também.