
Foto: Colin Young-Wolff/Riot Games
Eurocentrismo no VALORANT existe, e ardiis é a prova viva disso
Jogador da NRG passou do ponto e desrespeitou a cultura brasileira
O eurocentrismo é uma visão de mundo que coloca a Europa como o elemento central na sociedade. No VALORANT, isso não é diferente. A prova viva disso foi a série de declarações do jogador letão/britânico da NRG, ardiis, em transmissão ao vivo realizada na última terça-feira (7). Além de insinuar que o jogador brasileiro da TBK, ryotzz, havia passado informações de treinos para a LOUD no VCT LOCK//IN Brazil, ardiis fez uma série de críticas pesadas ao torneio e ao Brasil em si.
Mas antes de tudo, quem é ardiis para falar do Brasil e da cultura brasileira? Antes de se profissionalizar no FPS da Riot Games, ele atuou no Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), entre 2017 e 2019, por equipes de menor expressão na Europa e não chegou a jogar no Brasil ou contra brasileiros.
No VALORANT é a mesma história: ardiis migrou em 2020 e só atuou por equipes europeias até ser contratado pela norte-americana NRG no fim de 2022. Obviamente, ele também nunca havia jogado um torneio da modalidade no Brasil antes do LOCK//IN.
Ou seja, qual embasamento e experiência ardiis tem para falar sobre os costumes do público brasileiro? O discurso dele, na verdade, não passa de uma visão deturpada que os europeus têm sobre os sul-americanos. Por incrível que pareça, não é algo particular de ardiis.
A história além dos esports mostra que o Brasil e a América do Sul são vítimas de uma desvalorização cultural, por parte da Europa e adjacências, há anos e anos. Basta ter um pouco de conhecimento para entender que a situação é muito mais grave do que a opinião xenófoba de um pro player de 24 anos.
Por outro lado, ardiis também não demonstra ser uma boa pessoa ou tampouco um bom profissional quando, no caso, indiretamente joga a culpa nas costas de ryotzz que nem tinha relação com a derrota do time dele. Acusar por puro achismo e de forma pública um jogador, seja ele brasileiro ou não, de vazar treinos é de um mau-caratismo sem tamanho.
No fim, ardiis só é mais um europeu que não aceita ser derrotado por brasileiros ou sul-americanos. Ele ainda acredita que a Europa é superior a todos os outros continentes. Só que esqueceram de avisá-lo que o time atual campeão mundial de VALORANT e vice-campeão do LOCK//IN tem uma line-up majoritariamente brasileira.
Contra fatos não há argumentos: metade das equipes do VCT Americas são da América do Sul - número que deveria ser até maior. Isso evidencia que, hoje, o VALORANT em ascensão é brasileiro e sul-americano. E não vai ser um mero jogador europeu, com comentários preconceituosas e xenófobos, que vai desvalorizar isso.
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