
Foto: ESWC/Reprodução
MIBR conquista ESWC 2006 e coloca o Brasil no mapa mundial dos esports
A história do lendário time que abriu portas e deixou um grande legado
O Brasil é uma verdadeira potência nos jogos FPS e você provavelmente já sabe disso. O país coleciona títulos mundiais no CS:GO, Point Blank, CROSSFIRE, Rainbow Six, VALORANT e mais. Para que esta geração de sucesso fosse possível no futuro, o passado nos mostra que antes, alguns jovens pioneiros precisaram desbravar este mundo dos esports quando tudo ainda era mato. Estamos falando aqui do Made in Brazil.
Como relembrar é viver, vamos nos recordar um pouco deste passado glorioso e revisitar a história de como o MIBR surgiu, cresceu e amadureceu até a conquista do título mundial na ESWC 2006, o qual colocou o Brasil pela primeira vez no mapa mundial dos esports.
O início de uma das mais belas e longas histórias do esport nacional
O período pré-MIBR se inicia em 1999, na zona sul do Rio de Janeiro. foi lá que pred conheceu o Counter-Strike e, mais tarde, se juntou a nomes como Eduzin e Corassa na equipe da Challenger. A mesma que mais tarde se tornaria a Arena. Vale lembrar que nesta época estamos falando de um cenário completamente amador, sem qualquer vestígio da estrutura que conhecemos atualmente.
Rapidamente o time ganhou força e notoriedade na cena nacional e conquistou vaga na CPL Dallas 2002. Como a viagem para os Estados Unidos obviamente era bem cara para cinco garotos, a line-up teve que recorrer a Paulo Velloso, pai de Pred, que concordou em custear tudo caso o filho passasse de ano na escola.
A cada passo a coisa ficava mais séria e, com o sucesso, Paulo se tornou patrocinador oficial dos meninos. O nome da equipe foi decidido em uma reunião, depois de Corassa olhar para o próprio tênis, ler "Made in China" e dar a ideia do Made in Brazil. Por pouco a abreviação não foi apenas "MIB", mas para não confundir com o filme "Os Homens de Preto", adicionaram a letra "R". e assim nasceu o MIBR com Paulo, Pred, Corassa, Eduzin, Kiko e Pava.

Paulo Velloso jantando com o MIBR.
"No início meus pais ficaram pirados. Achavam que eu tinha virado um vagabundo. Mas depois, felizmente, começaram a me admirar, pois a coisa deslanchou. E para falar a verdade, eu sabia que iria deslanchar!", disse Corassa relembrando desta época de início do Made in Brazil.
Conexão Rio x São Paulo e conquista do nacional
Com o tempo o MIBR se expandiu, Pvell passou a patrocinar várias escalações diferentes do MIBR, e foi a de São Paulo que mais se destacou, tornando-se também a única patrocinada mais tarde. Mas quem eram esses caras de SP? Ninguém mais, ninguém menos do que cogu, fnx, nak, kiko e elll.
O começo da caminhada rumo ao mundial aconteceu no início de junho, na ESWC Brazil 2006 e os melhores do país estavam lá em busca de uma vaga - entre eles três line-ups do MIBR, o G3X de Gaules, o Team One de maluk3, o Crashers de Bit1, entre outros times que contavam com lendas como Zews, Spacca e até mesmo Dead, atual manager da 00Nation.
Mas a verdade é que não teve pra ninguém…
O campeonato aconteceu presencialmente e durou três dias. Três dias de vitórias do MIBR.SP, que varreu a tabela upper e sagrou-se campeão sem perder nenhum mapa, com direito a vitórias sobre Crashers, G3X e também um 19 a 17 na final, contra o MIBR de Pava, Btt, Ton e mais.
"A importância do meu pai na nossa história foi principalmente de ter uma visão empreendedora, transformando o time em um negócio baseado em desempenho. Antes, jogávamos por hobby e diversão, sem o profissionalismo necessário para ser um time de âmbito internacional", opinou Pred, falando de seu pai, Paulo Velloso.
O sonho começou a se tornar realidade
Com a vaga garantida, o MIBR partiu para mais uma competição internacional para representar o Brasil, tendo que passar por uma caminhada extremamente longa por lá. E é aí que vem uma curiosidade que talvez muitos não saibam…
O MIBR precisou jogar duas fases de grupos antes dos playoffs, mas não só isso... Os mapas precisavam de 30 rounds obrigatórios para chegar ao fim, então é normal vermos placares de 27 a 3, 26 a 4 e etc. Hoje em dia isso não acontece mais em jogos oficiais, pois a prática foi trocada por séries MD3 e MD5.
Na primeira fase de grupos, o Brasil terminou em primeiro lugar após uma campanha de quatro vitórias seguidas, com placares de 23 pra cima, além de um empate.
Pela segunda fase de grupos, o primeiro lugar veio novamente após vitórias sobre a Spirit of Amiga e a Astralis finlandesa. Mas também rolou derrota para a poderosa Fnatic, que era uma das equipes mais fortes do mundo na época.
O sonho se tornou objetivo e o objetivo foi cumprido
Finalmente nos playoffs, o MIBR estreou atropelando a X6tence por 16 a 5 na Nuke e, na semifinal, o drama começou… O MIBR empatou com a ALTERNATE aTTaX, buscou a vaga apenas no overtime e ainda quase foi desclassificado no meio do caminho.
Pois é, sem querer, fnx fez uma flashbang bugada e os alemães exigiram a desclassificação dos brasileiros por conta do lance. Foi preciso muita conversa para provar que nada daquilo foi proposital, adicionado ao fato da granada não ter influenciado na rodada. Imaginem só o sonho do brasileirinho morrer desta maneira...
O Nak já até contou essa história algumas vezes:
Vídeo por: Roque Marques.
Sem emoção não é Brasil e a isso já estamos acostumados. Porém, a emoção ficou inteirinha nessa semifinal, porque na final foi um baile. Um baile de bala, um baile tático… Na verdade, como estamos falando de Brasil, foi Carnaval em plena França, com sueco sambando na roda!
Lembra que lá trás o MIBR foi derrotado pela Fnatic? Então, desta vez o time brasileiro conseguiu a revanche contra F0rest, Tentpole, cArn e mais e cravou 16 a 6 na Inferno. Sim, aquela famosa Inferno que rendeu o nome de cogu em uma posição do mapa e que também deixou na memória a HE de Kiko.
Foi assim que cinco jovens brasileiros desbravaram e conquistaram o mundo, escrevendo seus nomes na história dos esports para sempre. Até hoje o nome de cogu, fnx, nak, kiko e elll são lembrados por essa conquista - até mesmo internacionamlente.

17 anos se passaram...
17 anos se passaram e os cinco campeões ainda fizeram muito pelo esporte eletrônico. A maioria ainda está na ativa, mesmo que em funções diferentes. Mas, talvez, o título da ESWC 2006 siga para sempre marcado como o mais importante de suas carreiras, já que este abriu caminho para todos os outros que vieram depois.
Apesar que fnx ainda tem dois Majors de CS:GO nas costas... Não vou entrar nesse mérito, então fica para você, leitor, decidir qual foi o mais importante!
Em 2023, o Brasil segue como potência do CS mundial. Porém, não mais no topo. Na verdade, o país vive até uma certa carência de grandes títulos e a torcida cobra. Não é da nossa natureza, jamais, aceitar viver de glórias do passado. Ainda assim, isso não nos impede de relembrar delas com carinho e principalmente com muito orgulho.

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