A ESL Challenger Valencia 2022 de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) começou como um sonho e se tornou um grande pesadelo para o Brasil. Após o final do segundo dia de campeonato, os streamers do Omelete, Gaules, mch e Apoka, debateram o péssimo resultado das equipes nacionais e criticaram até mesmo o momento que o país vive dentro do jogo, de uma forma geral.

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Dando contexto a coisa, no início da competição de Valência tudo era festa pois metade dos participantes carregavam consigo a bandeira verde e amarela. No entanto, no final da fase de grupos, o desastre que até os menos otimistas consideravam, aconteceu: O Brasil preencheu todas as últimas colocações do torneio e ficou completamente fora dos playoffs.

FURIA e Hummer ficaram em último lugar dos Grupos A e B, respectivamente, enquanto 00Nation e MIBR ocuparam as penúltimas colocações dos grupos, nesta ordem. Para o trio da Tribo, essa foi a pior exibição brasileira da história da franquia Counter-Strike. É o "Brazilian Storm" ao contrário.

"Um campeonato com certeza para se esquecer. Que eu me lembre, que eu já vi, é o maior F de todos", comentou Apoka

"Tudo tem limite e isso aqui foi o maior vexame da história do CS brasileiro, de todas as versões!", cravou mch. "Eu estou verdadeiramente chateado com essa parada toda. Chateado real. Não é um time, são quatro times. Jogamos um campeonato Tier 2, 3 e tivemos quatro times brasileiros nas quatro últimas colocações. Isso aqui é o fundo do poço do CS BR", seguiu o streamer com as críticas.

Gaules não ficou de fora e concordou com os companheiros: "Eu não me recordo de nenhum rolê (sic), em todas as versões, da gente ter tantos times jogando um campeonato e todos esses times não conseguirem performar, só jogando entre eles. Acho que foi a maior dureza que já aconteceu."

Apoka

Foto: HLTV

O "chefe da Tribo" ainda chamou atenção para um fato atenuante, que deixou a situação inteira ainda pior para o CS:GO brasileiro.

"A parte dura e que não dá para passar pano é que nosso melhor time fez parte disso. Se acontece um campeonato desse e a nossa equipe mais bem ranqueada não faz parte disso, a gente mantém a calma porque ainda teríamos a FURIA que tem nos representado com uma qualidade legal. Agora ter a FURIA fazendo parte disso, acende um sinal amarelo. Não acho que é um sinal vermelho, mas é o momento de repensar várias coisas", argumentou Gaules.

Para Gaules, as equipes brasileiras estão errando no foco a ser trabalhado. Falta originalidade nos times e até mesmo a coragem para tentar coisas novas, ao invés de ficar preso a tudo que já existe e todos os adversários já conhecem.

"O CS brasileiro sempre foi conhecimento mundialmente por trazer inovações, mas atualmente não estamos conseguindo trazer isso. Nós estamos muito mais reativos, de tentar ser o que os outros estão sendo e paramos de querer ser referência. Quando você para de querer ser referência, para correr atrás, você acaba demorando mais para chegar. Falta personalidade de olhar para a situação e falar: 'Quer saber, nós vamos chegar. Faremos um projeto e chegaremos'. Acho que a própria FURIA sempre teve um caminho desses, de ser referência, trazer coisas novas, então talvez acertando uma coisinha aqui e outra ali, isso pode voltar."

Durante o papo, Michel deixou de lado a premissa de que jogadores não se importam em vencer, o qual tem crescido nos debates da comunidade. Para ele, o problema está longe de ser falta de tentativa ou de vontade. Ao mesmo tempo, é difícil bater o martelo e afirmar o grande problema que assola os brasileiros neste momento.

"Eu não acho que ninguém está zoando ou jogando de sacanagem. O que mais me deixa triste, é que a galera está tentando", afirmou. "Assim, uma coisa é estar tentando de verdade e outra é estar dando seu 100%. São coisas diferentes. Mas que todos tentam de verdade, eu não tenho dúvidas. Não tem uma desculpa para dar, não consigo enxergar este mundo, e eu até queria ter uma desculpa, mas não tem nenhuma", completou.

Mch

Foto: Felipe Guerra/MIBR

Por fim, Gaules fez algumas ponderações e comparações com o futebol e afirmou que, em sua opinião, um dos pontos que o cenário nacional mais carece é de um bom planejamento por parte das organizações.

"Esse assunto todo remete até aquela coisa do Guardiola, que estávamos falando. Será que não é a hora de trazer alguém de fora, que possa dar uma visão para gente? E não precisa ser só um técnico, um analista, é no geral mesmo. É tentar mudar alguma coisa e quem sabe até trocar a gaming house do NA para a Dinamarca", argumentou.

"Nós ainda temos um romantismo de acreditar e colocar todas as nossas esperanças e expectativas, no desejo dos jogadores de serem campeões. O que até faz sentido pra gente... Mas acho que ainda vai rolar uma mudança de pensamento e será muito bom, que será quando estivermos aqui pelo sonho e pela vontade da organização de ser campeã. Quando a vontade da organização de ser campeã, for maior ou igual a dos jogadores, eu acho que teremos um avanço. E eu não estou falando da vontade do dono do time, mas da organização. Quem ganha campeonato não é só o jogador, entendam isso. Quem ganha é o projeto... Esse é o futuro."

Desde o fim da era SK Gaming, de fato, o Brasil estagnou no cenário internacional. Quem chegou mais perto de grandes conquistas foi a FURIA, que constantemente participa de playoffs de Major e até mesmo venceu torneios importantes na América do Norte, além de ter assumido o Top 3 mundial no ranking da HLTV. Ainda assim, o time sempre viveu a sina do "quase" e nunca conseguiu subir um degrau acima disso, sendo campeã de competições de nível mundial.

Em questão de números, o Brasil nunca esteve tão representado no cenário internacional. Não é nada incomum vermos campeonatos importantes com duas, três, quatro ou mais equipes brasileiras participando. No entanto, quando o assunto são resultados, ainda temos deixado muito a desejar.