“A EA apostou pesado em disponibilizar os jogos para o público, em um evento separado da E3, mas também precisa lembrar que há uma grande quantidade de fãs que não terão a oportunidade de experimentá-los. Para eles, é o espetáculo que vai mantê-los interessados em seus jogos, e neste ponto, a produtora ficou devendo."

“Apesar de o pé no chão ser uma atitude que não engana os jogadores - não há como ser cobrado por algo que você não prometeu - a EA foi displicente ao não saber vender seus jogos novos.” Escrevi essas frases sobre a conferência da Electronic Arts na E3 em 2016, mas elas ainda se mantém válidas, um ano depois.

Star Wars: Battlefront II

Star Wars: Battlefront II foi o único jogo com gameplay extenso na conferência da EA

Afetada novamente por vazamentos (em menor escala do que em 2016, claro), a produtora mostrou na E3 2017 que está confortável com a estratégia adotada para vender seu catálogo de jogos. Certamente, é uma atitude positiva para combater o clima de falsas promessas que sempre ronda a maior feira de games do mundo. Mas a EA vai, mais uma vez, para o outro lado do espectro, e simplesmente não empolga.

Na hora do show, ela faz muito pouco para empolgar os jogadores com estes mesmos títulos. Em especial, aqueles que não terão a oportunidade de visitar a EA Play em Los Angeles.

A Electronic Arts tem, sem dúvidas, um ótimo catálogo de títulos para o futuro: FIFA 18 e Madden NFL 18 parecem oferecer experiências definitivas em seus gêneros, em especial com modos história cativantes. Star Wars: Battlefront II é maior e melhor em qualidade e quantidade do que seu antecessor. Need for Speed: Payback também parece um título mais aprimorado do que o insosso reboot de 2015, puxando o que há de melhor em Burnout e Velozes e Furiosos para entregar uma experiência explosiva. Anthem, nova propriedade da BioWare, ganhou apenas um teaser, mas pode ser promissor pelo calibre dos nomes envolvidos no projeto.

Mas, como a EA não sabe vender seus produtos para o público nas apresentações, todos pareceram títulos desinteressantes. Se os jogos de esporte estão jogáveis no evento, por quê não mostrá-los no palco? Por quê não reunir, por exemplo, três novidades que você pode fazer em cada game e demonstrá-la, ao vivo ou em um gameplay gravado?

Não mostrar as novidades de jogos, especialmente os que chegam nos próximos meses, é uma estratégia que não faz sentido. É claro que a transmissão ao vivo continua e os gameplays acabam aparecendo, mas o momento principal é a conferência, é quando a atenção do mercado está voltada para você. Pelo menos os vídeos “mostrando” a produção de um jogo diminuíram...

Como a EA não sabe vender seus produtos para o público nas apresentações, todos pareceram títulos desinteressantes

Quando a EA mostrou gameplays - como foi o caso de Star Wars: Battlefront II -, a produtora acabou pecando pelo excesso. O modo com 40 jogadores mostrado certamente parece empolgante de jogar, mas a partida, dividida em duas fases, ficou maçante demais de acompanhar. Juntar as melhores novidades em um vídeo de gameplay de 10 minutos, por exemplo, é uma boa forma de mostrar a jogabilidade e, ao mesmo tempo, manter a apresentação cativante.

Em meio a todo esse mar de apatia, um único jogo se destacou justamente pelo brio, tanto em sua proposta quanto pela empolgação de seu criador. A Way Out, título da desenvolvedora Hazelight (de Brothers: A Tale of Two Sons) e um dos jogos do selo EA Originals, que apoia iniciativas independentes, traz uma proposta corajosa de co-op offline, defendida com afinco pelo produtor Josef Fares.

A Way Out

A Way Out foi a maior surpresa da conferência (e da E3 até agora)

Outro ponto positivo ficou no espaço dado à comunidade. YouTubers, apresentadores e celebridades foram inseridos em um contexto que ficou menos forçado do que no ano passado (ainda que isso não tenha nos rendido momentos hilários como o Snoop Dogg chapado jogando Battlefield 1).

E você, o que achou da conferência da EA? Deixe seu comentário.