“O Rei dos Possuídos” é a melhor e mais importante expansão de Destiny até hoje. A primeira (“A Escuridão Subterrânea”) apresentou uma nova raid, missões da história e itens; a segunda (“Casa dos Lobos”) subitituiu a raid por um novo modo de jogo em hordas, missões da história e mais itens; mas a terceira é completamente diferente. “O Rei dos Possuídos” dá boas vindas aos jogadores que entram no ano dois do grandioso plano a longo prazo do FPS futurístico. Fazendo jus à relevância do projeto, de corrigir os erros do primeiro ano e apresentar novidades, a nova expansão vai além e reestrutura o game para melhor.

A história de “O Rei dos Possuídos” se passa logo após as duas primeiras DLCs. Depois de vencer Crota e aproximar a relação dos guardiões com Mara Sov, a rainha dos despertos, uma nova ameaça se aproxima do sistema solar. O pai de Crota, Oryx chega para vingar a morte do filho, a bordo de sua nave de dimensões astronômicas. Cabe a você derrotá-lo com novos poderes.

Com essa construção da história, a expansão começa a mostrar a evolução da narrativa de Destiny como um todo. Se você jogou o game em 2014, certamente observou as poucas cutscenes e, em vários momentos, se sentiu confuso com as tais “cartas de grimório”, úteis fora do jogo, mas irrelevantes para a narrativa dentro dele. Esse era o principal erro no ano um: a história, em si, era boa. O modo como ela era contada, não.

Agora, além de uma quantidade maior de cenas (até mesmo em comparação ao game original), as jornadas (quests), ajudam a entender a trama. Existem diferentes jornadas que são aglomerados principais das outras expansões, e organizam tudo em ordem cronológica, e com diversas formações que ajudam a compreender e encaixar os eventos da trama. Já as cutscenes, por si só, dão o tom épico a atmosfera do game - fãs de Star Wars, assistam à primeira com um babador.

E não é só em estrutura que a trama de “O Rei dos Possuídos” melhora. Toda a ambientação ao redor mostra a evolução após um ano. Para derrotar Oryx, as três classes do jogo precisam buscar novos poderes, relacionados aos seus pontos fracos. Os Arcanos (Warlocks) ganharam habilidades de arco; Titãs (Titans), de fogo; e Caçadores (Hunters), de vácuo. Essa mudança não só auxilia na narrativa como também traz um estilo de jogo alternativo para cada personagem distinto.

Outra demonstração (menos relevante) de como a jogabilidade favorece a história está nas fabricantes de armamentos. Após a recuperação das armas exóticas do ano um (Suros, Luz Impiedosa, por exemplo), a Vanguarda (formada por Guardiões que protegem a Terra) conseguiu transferir a tecnologia desses equipamentos para vários modelos poderosos, também aumentando o arsenal de opções da DLC. Esses pequenos detalhes mostram, ainda assim, como a Bungie aparenta estar se preocupando com um dos principais defeitos do jogo original. Ainda não é um primor, mas é um longo passo na direção certa.

E para acrescentar ainda mais ao grande acervo de coisas novas, “O Rei dos Possuídos” tem um novo mapa. O Encouraçado, a nave de Oryx, pode agora ser explorada e patrulhada como os outros planetas já existentes no jogo. Quando eu falo “nave de dimensões astronômicas”, não é exagero.

Reestruturação

Com a expansão e o início do ano dois, a estrutura de Destiny teve algumas mudanças. São alterações que, de certa forma, aproximam ainda mais o jogo dos MMOs. O cálculo de nível máximo era uma confusão: ganhando experiência com o seu personagem, você só podia ir até o level 20, mas você podia ir até o 34 dependendo de uma segunda nivelação, a de luz, que variava conforme a sua armadura. A estrutura tinha um erro crucial, já que, como os drops de equipamentos eram aleatórios, você dependia da sorte para evoluir completamente seu personagem.

Agora, o cálculo é mais simples. A segunda nivelação, a de luz, é calculada pela média de ataque e defesa dos seus equipamentos. Se todos tiverem 300, por exemplo, seu nível de luz é 300 e você está pronto para praticamente todas as atividades do jogo até agora.

Os equipamentos também foram reestruturados. Você consegue aumentar o nível de armas, armaduras, itens de classe e artefatos por meio de um processo chamado Infusão, exclusivo aos itens do ano dois. Você pode evoluir um item lendário com atributos mais baixos, aumentando seu nível de luz. E, para não repetir os erros do ano passado, a Bungie aumentou consideravelmente a taxa de drops de itens raros (azuis), permitindo que o jogador avance naturalmente, executando todas as atividades do jogo.

Para quem abusava da Gjallarhorn (a arma mais poderosa do primeiro ano) para fazer tudo, o baque foi ainda maior. Durante esse período, a reclamação principal era de que todos os chefes eram “esponjas de bala”: oponentes com muito HP que levavam muito tempo para morrer sem oferecer qualquer desafio. Escolher um canto para mirar no inimigo e ficar atirando dali até o fim do assalto ou missão era a estratégia básica.

Isso muda completamente com a nova expansão, em uma nova estrutura de assaltos, projetada para que sua equipe seja obrigada a se movimentar e criar táticas. O mesmo aconteceu com as raids (o modo cooperativo mais interessante do jogo), elevando as batalhas a um patamar de tensão e recompensa muito maior.

Continuando o legado de ouvir a comunidade e tirar proveito de bons conselhos, “O Rei dos Possuídos” comprova que a estratégia da Bungie têm dado certo. A expansão é uma excelente introdução para o segundo ano do jogo, mostrando generosidade, sensibilidade e inteligência do estúdio.

Destiny está disponível para PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox One e Xbox 360. O “Rei dos Possuídos” foi testado na versão de PlayStation 4.

Nota do crítico