Aclamado como o “futuro do smartphone” por sua fabricante, o novo iPhone X foi finalmente revelado pela Apple na tarde desta terça-feira (12) para um público que, essencialmente, já conhecia todas as tecnologias que ele embarcaria.

E podemos dizer isso sob duas óticas diferentes.

A primeira delas é que todos nós – literalmente – já conhecíamos previamente todas as tecnologias do smartphone. Isso, é claro, por conta do caminho pavimentado por vazamentos sobre o iPhone X que estragaram praticamente qualquer surpresa que a Maçã planejava para o evento.

Mas, mais importante que isso, é que precisamos ressaltar também que todas as principais tecnologias trazidas pelo iPhone X já são, tecnicamente, velhas conhecidas do público – utilizadas em outros smartphones muito antes do novo modelo da Apple dar as caras.

Esse é o caso de recursos como o desbloqueio e autenticação por reconhecimento facial – presente no Samsung Galaxy S8, por exemplo –, do display OLED com bordas reduzidas – como o do recém-anunciado LG V30 –, do carregamento sem fio – inúmeros modelos – e até dos sistemas de realidade aumentada – como o ZenFone AR.

Em diferentes medidas e – discutivelmente –  qualidade de execução, cada um deste sistemas não têm nada de futuristas e já pode ser encontrado há tempos em diferentes modelos de rivais da Apple presentes no mercado. Nada é essencialmente revolucionário aqui.

A primeira vista, portanto, seria difícil argumentar que o iPhone X cumpriria com sua missão de orientar o "caminho da tecnologia pelos próximos 10 anos", como a empresa defendeu durante seu evento.

Ainda assim, na indústria de tecnologia, nem sempre o primeiro a chegar em algum lugar é aquele que vai garantir a liderança. A própria Apple é prova disso.

A empresa não foi a primeira a colocar um sensor de digitais no iPhone quando introduziu o Touch ID em 2013, mas desbravou um matagal que logo abriu espaço para que a tecnologia virasse um item obrigatório de segurança e conveniência para quase qualquer modelo de smartphone moderno. A história é parecida com o multitouch.

Com o controle restrito que mantém sobre seu ecossistema de produtos e cuidado com que desenvolve as soluções embarcadas em seus dispositivos, não seria de se estranhar que o iPhone X seja, sim, o grande responsável por popularizar as tecnologias nele embarcadas, chamando a atenção do ecossistema de desenvolvedores terceiros para essas inovações e estimulando a indústria nessa direçãp. Ainda que não seka mais a pioneira, a Apple ainda pode pautar essas transformações.

É claro, só os próximos meses nos indicarão realmente como o público receberá o novo flagship, que chega oficialmente em novembro. O iPhone X não é, nem de longe, um dispositivo barato, e pode, sim, sofrer com uma adoção abaixo do esperado –  ainda mais se for canibalizado pela chegada antecipada dos próprios iPhone 8, iPhone 8 Plus e Galaxy Note 8. Se sua adoção não for empolgante, suas tecnologia, consequentemente, podem também não empolgar.

Mas se a Apple jogar suas cartas direito – como é reconhecida por fazer , o iPhone X pode ser o dispositivo que garantirá que as velhas tecnologias que embarca sejam aquelas que realmente definirão o futuro dos smartphones.