A Fnatic derrotou a brasileira LOUD na final do VCT LOCK//IN Brazil e fez a sua entrevista de campeã para uma arena vazia. O fato rendeu críticas da comunidade internacional e um dos maiores porta-vozes desse pensamento foi Tarik. Os argumentos, no entanto, foram descabidos pois se mostraram completamente unilaterais e ignoraram um gigantesco contexto que levou a este desfecho.

O que Tarik disse?

Durante sua watchparty e até pelo Twitter, Tarik comentou o caso algumas vezes. Em uma delas, ele falou que o país perderá oportunidades futuras de receber competições internacionais.

"Está se tornando um assunto comum. Eles aparecem para os times e jogadores brasileiros, mas não mostram o mesmo amor para outras equipes. Minha mensagem para os brasileiros, para que espalhem a palavra a outros brasileiros: os torneios não vão voltar se for esse o caso."

Em outro momento, ele seguiu com o raciocínio:

"Isso é muito triste, eu não vou mentir. Eu odeio tocar nisso, mas é muito real, é muito verdade. O fato de a equipe vencedora dar a sua entrevista em frente a basicamente ninguém, depois de ter tido uma performance incrível, não é justo. Minha mensagem para os brasileiros é, por favor, comecem a mostrar amor para os outros times, porque, senão, a Riot pode não querer retornar. Estar aqui é importante, é uma grande parte do jogo. O Brasil é um aspecto muito importante de tudo isso. Eu acho que nós queremos estar aqui, não podemos nos afastar assim."

Arenas vazias são realmente um problema?

Aqui a resposta é direta: sim. Nesta parte, não discordo do streamer.

Saber como a torcida brasileira irá se comportar em uma competição internacional no Brasil, sem brasileiros, é sempre uma preocupação das organizadoras de torneio.

Porém, neste caso específico, a questão principal é que o torcedor brasileiro não escolheu simplesmente deixar a arena. Ele foi levado a fazer isso por várias circunstâncias que não estavam sob seu controle. Por isso, as críticas não cabem aqui.

Por que o torcedor brasileiro se dispersou?

O motivo mais forte, porém não único, que fez os brasileiros deixarem a arena precocemente foi o calor descomunal que estava no local. Pessoas chegaram a passar mal por conta da altíssima temperatura e eu mesmo me incluo nisso. Era uma situação que chegava a ser insalubre.

E não sou apenas eu que digo. Facilmente encontramos vários relatos sobre isso nas redes sociais.

O horário que o torneio acabou também não foi dos melhores. Eram quase 21h e, quem foi ao evento, sabe que os seguranças pedem para todos saírem do local imediatamente, assim que ele termina. Não é novidade para ninguém que esperar carros de aplicativo na rua e ficar com celular na mão não é exatamente uma boa ideia. Andar até o transporte público em ruas vazias também não.

Eu ainda adicionaria o fato da frustração do torcedor em ver a equipe brasileira perder o título em casa. Fãs são passionais e a paixão é literalmente o que move um fã. Portanto, ficar frustrado ali e não querer assistir o outro time que acabou de vencê-los fazer toda uma festa, é normal.

Este ponto talvez até seja discutível, mas eu realmente não culpo o fã que se frustrou e preferiu ir embora. Não acho que seja o meu papel ou de qualquer outra pessoa julgar este mérito especificamente.

Por fim, fãs não são máquinas de amor programadas para distribuir carinho para tudo e todos. Carinho não se exige, se conquista. E durante todo o torneio, o que foi feito para conquistá-los?

Críticas unilaterais

O problema na fala de tarik não foi criticar. Ele tem todo o direito a ter uma opinião e a expressá-la. Além disso, nada e nem ninguém é imune à críticas.

A ideia aqui não é calar o profissional por haver uma discordância. Nem condená-lo pelo que foi dito. É adicionar pontos importantes ao debate, os quais foram jogados para baixo do tapete. Na minha opinião, a crítica foi rasa porque só viu um lado.

Talvez onde ele ficou seja climatizado. Talvez ele não precise ficar fora do evento esperando alguém lhe buscar - tampouco caminhar até o trem/metrô naquele horário. Mas a maioria ali estava nessa situação e isso não pode ser ignorado.

Sem todo esse contexto, talvez eu até concordasse com ele. Mas não é o caso aqui.

---

Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na Twitch, Twitter, Facebook e TikTok ou converse com o pessoal da redação no Discord.

Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!