Diferente de alguns jogos baseados em franquia cinematográficas, Star Trek: The Game apresenta belos cenários e boa iluminação dinâmica, além da dublagem realizada pelos atores do cinema e sons retirados da biblioteca oficial da série. O Omelete conversou com o gerente de marca da Namco Bandai, Mike Chang, sobre o processo de adaptação - e o esmero em criar algo que não fosse descartável como tantos produtos licenciados:

O jogo traz Kirk e Spock como protagonistas e ambos, claro, têm personalidades distintas. Como é o processo de colocar suas individualidades no game?

O videogame é baseado na visão do reboot de Star Trek de 2009. Então, só havia uma coisa que podíamos fazer: uma experiência cooperativa. Porque Kirk é mais do tipo cowboy impetuoso, atira primeiro para depois fazer as perguntas; e Spock é mais tático, metódico e racional.

Eles são completamente opostos, mas quando estão juntos, tornam-se a melhor unidade possível. Você tem os dois lados. A gente tinha que colocar isso no título, por isso que você verá uma campanha cooperativa, e não um multiplayer competitivo. Queremos contar uma história e achamos que este é o melhor jeito de fazer isso.

O jogo está em desenvolvimento há cerca de três anos e cada personagem terá seu próprio diálogo, armamentos, diferentes visões. Spock tem uma habilidade chamada “mind meld” (um link telepático entre dois indivíduos que os vulcanos podem criar), e se você está jogando como Kirk, e Spock usa esta habilidade, você não vê na sua tela o que o outro jogador vê. Mas quem joga com o Spock vê o “mind meld” funcionando. Também é preciso do seu amigo para abrir portas, hackear tecnologia, dar cobertura na hora dos tiroteios.

Em termos de jogabilidade, Kirk seria mais orientado para ação, enquanto Spock ficaria com a parcela mais furtiva do jogo?

Exatamente. Spock prefere primeiro avaliar a situação, passar sem ser notado pelos oponentes. Kirk, por exemplo, vê uma ponte quebrada, e começa a correr para pular. Nós mostraremos as suas personalidades também durante as animações, nas suas ações e nos diálogos. Você poderá escolher com qual prefere jogar, e seu amigo pode aparecer a qualquer momento para pegar o segundo controle, não será necessário começar o jogo de novo.

Vamos explorar novas civilizações, ou somente aquelas que vimos no filme?

O game parte do primeiro filme, em que o planeta Vulcano é destruído. No jogo, eles estão colonizando um novo planeta para os vulcanos, então você poderá visitar, entender o que está acontecendo por lá. Você poderá explorar alguns planetas, e também, pela primeira vez, poderá explorar novas partes da Enterprise, sentar na cadeira do capitão e pilotar a nave, em batalhas especiais. Há vários tipos de áreas e ambientações. O melhor é que o jogo não segue a cronologia do novo filme, então não tivemos que enquadrá-lo em um formato.

Os jogadores poderão coletar pontos de pesquisa para evoluir o personagem, então podemos contar com toques de RPG, de modo que será possível escolher novas habilidades?

Sim, definitivamente. Seu equipamento, como o tricoder ou phaser, poderá ter habilidades aumentadas por meio de pontos, que o jogador ganhará por exploração, por matar certos tipos de inimigos e completar missões.

Em termos de jogos e ficção científica, você diria que Star Trek: The Game é mais Metroid ou mais Mass Effect?

Temos muitas similaridades com Mass Effect, já que a franquia mesmo se inspirou em Star Trek.

Como uma retroalimentação entre as franquias?

Sim! Como o gênero, a sensação, e até mesmo algumas similaridades entre as mecânicas.

Fiquei impressionada com os cenários e iluminação, e os sons. Parece realmente um game de Star Trek. Imagino que esta autenticidade seja uma prioridade...

O game se parece muito com o filme de 2009, todas as armas tem os mesmos efeitos que foram vistos no cinema. O time passou muito tempo com isso em mente: um fã deve colocar o jogo e sentir que eles realmente estão na nova Enterprise, neste novo mundo que J.J. Criou.

E porque vocês têm um relacionamento com os criadores do filme, vocês têm acesso a todo o material.

Temos muito suporte e colaboração de todos eles, o que nos ajuda a criar algo fidedigno. Porque eles sabem que é um game para não somente para fãs de ficção científica, mas também para os fãs de Star Trek, que querem uma experiência realista.

Todos os atores emprestaram suas vozes para o jogo, e li que, muitas vezes, até mudaram uma fala ou outra, para ajudar a compor o personagem.

Sim, os atores passaram muito tempo no estúdio gravando as vozes e todos são ótimos profissionais. Geralmente, em um game, você tem uma voz ou outra, e eles não tem a mesma familiaridade com os outros atores. Neste caso Zac (Quinto) e Chris Pine, por exemplo, são amigos e já encarnaram estes personagens, então você vê que existe um relacionamento quando eles estão gravando, há muita conversa. Eles sabem quem são Kirk e Spock, por isso eles sempre tinham alguma colocação criativa para fazer. Sempre em prol do jogo.

Alguma chance de vermos Leonard Nimoy?

Bom, ele fez uma ponta no primeiro filme. Agora se Nimoy ou William Shatner vão aparecer no game... bem... nunca se sabe.

A escritora do game, Marianne Krawczyk (também responsável pela série God of War), tem liberdade para escrever o que quiser? É necessária a aprovação dos escritores ou diretor do filme?

Mari é ganhadora do Bafta Awards, então você sabe que será uma ótima história. Mas nenhum elemento do videogame é isolado a somente uma pessoa, é um trabalho colaborativo. Todos querem ajudar e ter certeza que será uma ótima experiência. J.J. Sempre olha e aprova tudo, mas eles confiam que têm uma escritora incrível.

Com relação aos vilões, os Gorn, vocês os recriaram? Inventaram algo novo?

Os Gorn apareceram em uma episódio clássico de Shatner, com uma bela história. Mas, naquela época, os efeitos especiais não eram assim tão bons. Os inimigos eram pesados e vagarosos. Jogam pedras enormes. Era um pouco cafona. Agora, podemos fazer um Gorn ainda maior, mais forte e mais rápido. Eles ainda tem um visual meio lagarto, mas podem usar armas e tecnologia. Ainda são os Gorn, mas novos e melhorados.

E com diferentes classes.

Sim, como um exército: os soldados, tenentes e comandantes. Eles têm cores diferentes, tamanho também. Pode contar com novos tipos além destes.

Como foi criar as batalhas com a Enterprise?

Os fãs precisam ter esta experiência, certo? Ser Kirk, e comandar a Enterprise. É bem épico. Isso além de criar os ambientes dentro da Enterprise. Você vai lutar com ela e lutar contra os Gorn dentro dela.

Vão invadir a nave?

Sim, mas ela aguenta!

Kirk ou Spock?

Pra mim, Spock. Ele é meio vulcano, meio humano, ele é o personagem mais legal, pra mim. Muita gente pensa que Kirk é o lutador e Spock é o cientista, mas vulcanos são bem versados no questão do combate mano a mano. Na real, ele poderia vencer Kirk em uma luta. Eles não são fracos, somente estoicos. E gosto de Zachary, acho que ele é incrível no filme.

Desenvolvido pela Namco Bandai, Star Trek: The Game será chegou hoje para Xbox 360, PlayStation 3 e PCs.