South Park: The Stick of Truth teve um desenvolvimento conturbado. Anunciado em 2012, o game foi adiado pelo menos três vezes. Nesse intervalo, sua publicadora, a THQ, declarou falência. Coube à Ubisoft apadrinhar o projeto da Obsidian Entertainment. Depois de tantos obstáculos, é impossível adivinhar se o game ainda pode ser um sucesso.

No entanto, depois de jogar cerca de uma hora do RPG de ação baseado no desenho animado, é possível sentir muita esperança. The Stick of Truth tem um humor fenomenal, desde a história até os itens e o sistema de batalha. É como se um episódio da animação se tornasse jogável. Confira um trecho de 13 minutos que acaba de ser divulgado pela Ubisoft:

As piadas começam quando o protagonista (que não fala absolutamente nada) conhece o Rei Mago, Eric Cartman. Em uma tradicional cena de RPG, ele pergunta o nome do guerreiro. Não importa o que for escrito na caixa de texto, o gordinho perguntará: "Você tem certeza de que escolheu o nome 'Babaca'?". Mesmo selecionando a opção do 'não', seu personagem se chamará Babaca pelo resto da aventura.

A percepção deturpada que Cartman tem do mundo foi colocada até nas classes. Você pode ser guerreiro, mago, ladrão ou.... judeu. Como era de se esperar em um RPG, cada classe tem habilidades e equipamentos próprios. Enquanto o ladrão apunhala pelas costas, o judeu pode usar a "funda de Davi" - uma meia velha que causa grande dano ao arremessar uma boca.

Várias cenas deixam claro que as crianças estão levando a sério uma grande brincadeira. Isso é denunciado pelos equipamentos, que não passam de itens improvisados. Eles custam pouco, cerca de US$ 2 a US$ 4 no início da jornada, já que estes são os trocados que os pequenos arrancam dos pais. Os adultos, por sinal, nem percebem o que acontece: quase todos eles estão olhando para o celular o tempo todo.

O sistema de batalha é repleto de comédia, mas não deixa de ter alguma complexidade. Se um adversário está em posição de contra-ataque, não é possível atingi-lo com uma arma de curto alcance. Por outro lado, se ele fica em uma posição que permite rebater projéteis, não adianta atirar flechas.

Atacar e defender são ações que dependem totalmente de timing. É preciso que o jogador preste atenção e acione um botão específico no momento exato em que a um ícone brilhar. O sistema é semelhante ao exibido em jogos Mario & Luigi e no mais antigo Super Mario RPG. Não se defender no momento certo pode diminuir bastante suas chances de vencer uma batalha.

Hora de lutar

Depois de passar pelos tutoriais de Cartman no início do game, o jogador pode ter certa dificuldade para dominar os movimentos. Grupos de dois ou mais inimigos são encontrados pelo mapa, alguns com flechas que causam estados como sangramento (perda de HP a cada nível). Quando os ataques vêm de vários inimigos, é preciso ter cuidado para se defender e contra-atacar no momento ideal. Os ataques de Butters, primeira adição à equipe, exigem um pouco mais de paciência - seu martelo demora bastante para brilhar, tentando o jogador a apertar o botão antes da hora.

Porém, depois de algumas batalhas é possível se acostumar ao sistema. Não seria útil simplificá-lo, pois o elemento de ação é, sim, divertido. Conforme a história progride, o jogador familiarizado com o quadro geral terá mais facilidade em aprender novos movimentos.

O mais divertido neste começo de história, porém, foi explorar a cidade e ver um monte de piadas relacionadas à série. Enquanto o protagonista atravessa uma rua, é chamado por um sussurro a um beco. Lá, encontra o político Al Gore, que quer alertá-lo sobre o monstro ManBearPig. As queixobolas adquiridas por Butters em um episódio podem ser equipadas pelo protagonista.

Visitar o quarto da mãe de Cartman, por exemplo, dá uma ideia do que esperar do jogo. Ao inspecionar suas gavetas é possível encontrar, entre outros itens: um cachimbo de crack, três consolos e um boneco sexual do Antonio Banderas. Ao abrir o guarda-roupa de Butters, o jogador encontra seu capacete de Professor Chaos.

O humor é transferido diretamente aos controles. As poções de cura são salgadinhos Queijitos, enquanto a poção que ressuscita lutadores nocauteados é um taco mexicano. Ao visitar um banheiro, dá pra defecar pressionando um botão rapidamente e, depois, coletar a "badalhoca" (sim, a tradução foi essa). Esse item pode ser arremessado nos inimigos, fazendo-os vomitar por vários turnos.

Ainda não há como adivinhar se o humor ou a jogabilidade de South Park: The Stick of Truth se manterão frescos pelo game inteiro. No entanto, o que foi mostrado dá esperanças de que, finalmente, foi feito um jogo à altura da série de Trey Parker e Matt Stone.

South Park: The Stick of Truth chega em 4 de março às plataformas PlayStation 3, Xbox 360 e PC.