Uma carta de amor aos clássicos: conheça o jogo Kaze and the Wild Masks
Desenvolvido pela Pixel Hive, Kaze assimila clássicos e é um dos indicados a Melhor Jogo Brasileiro no BIG Festival
Com os finalistas na categoria de Melhor Jogo: Brasil no BIG Festival de 2021 definidos, o The Enemy conversou com as dez desenvolvedoras por trás desses jogos pra você conhecer melhor o cenário brasileiro e se interar de todos os competidores antes da premiação.
O quinto finalista do BIG que trazemos é Kaze and the Wild Masks. E mesmo sendo uma grande homenagem aos clássicos de plataformas dos anos 90, o jogo desenvolvido pela Pixel Hive consegue ter ideias novas e muito estilo próprio para cravar seu lugar entre gigantes. Kaze está disponível para Nintendo Switch, PS4, Xbox One, PC via Steam e Google Stadia.
Eu preciso começar esse texto trazendo uma explicação esclarecedora: Queize, Kazé ou Káze, qual a pronúncia correta do nome do jogo? Não importa. Pelo menos não de acordo com Paulo Bohrer, sound design da Pixel Hive e nosso entrevistado de hoje.
“Todo mundo pergunta isso pra gente e realmente não tem uma resposta muito certa. Internamente a gente sempre chamava de ‘Queize’, porque achava que seria mais normal pra galera. Mas a gente começou a ver que o pessoal estava chamando de ‘Káze’, que é uma palavra japonesa para vento, então a gente não esperava isso. Muitas pessoas chamam de ‘Kazé’ também”, conta Paulo em meio a algumas risadas.
Kaze (leia como quiser) é um jogo de plataforma 2D que traz um pouco de cada clássico que dominou o mundo dos jogos durante os anos 90. A maior influência evidente é Donkey Kong, mas o game também também tem muito de Mario, Rayman, Megaman, Kid Chameleon...Se algum plataforma te marcou há duas décadas, provavelmente você vai encontrar um pouco dele no título da Pixel Hive.
Para mim, pessoalmente, foi Klonoa: Door to Phamtomile, jogo de 1997 da Namco para PS1 que até hoje é meu favorito. E, sim, quando eu vi os fogos de artifício comemorando a derrota de um chefe o meu coração bateu mais forte. Isso sem falar das orelhonas parecidas dos protagonistas e também o lance do companheiro preso num anel. Pode não ser uma referência exata, como conta Paulo, mas ela está lá.
“A gente sempre fala que o Kaze é uma carta de amor a todos os jogos de plataforma que a gente jogava. Na questão de level design do Super Nintendo, essa coisa do desafio e do aprendizado através do que o jogo mostra e não de grandes tutoriais. Tem alguns jogos que a gente não se inspirou diretamente, mas que muita gente vem falar ‘isso lembra tal jogo’ e isso é uma baita conquista porque a gente conseguiu capturar a essência desses jogos de plataforma”, diz o desenvolvedor.
Para não cair na mesmice de ser apenas “um jogo homenagem”, a Pixel Hive mergulhou em suas inspirações e usou a premissa de “assimilar para depois inovar”, recriando os clássicos no detalhe para entender o que faziam deles realmente especiais para, aí sim, dar seus toques pessoais em cima do jogo.
Kaze faz tudo com suas orelhas de coelho, desde planar igual Dixie Kong, até interagir com objetos do cenário para atacar seus inimigos. Mas o grande diferencial são as “máscaras selvagens” a la Kid Chameleon, que mudam toda a jogabilidade permitindo que Kaze voe, nade, escale paredes ou consiga dar um pulo duplo.
O jogo ainda tem chefes vegetais muito carismáticos e originais, uma agilidade desafiadora, principalmente nas fases contra o tempo e nas fases extras de cada ilha onde você literalmente fica sem chão. Sem contar nos colecionáveis de cada fase, que liberam um álbum com ilustrações estilosas que contam um pouco da história do jogo.
Tudo dentro do jogo foi feito e refeito algumas vezes. Kaze está em desenvolvimento desde meados de 2015, quando Cristiano Bartel apresentou um protótipo de um plataforma com um coelho (Kaze não foi sempre uma coelha) aos devs do Vox Game Studio e o time resolveu criar um estúdio para se dedicar paralelamente ao jogo.
Paulo chegou ao projeto cerca de um ano depois e conta que, para a maioria dos envolvidos, o jogo sempre acabou sendo um segundo trabalho. Nos primeiros anos, o dev organizava seu tempo entre uma produtora de áudio e o jogo e, atualmente, Paulo se divide entre o trabalho na Aquiris Game Studios (de Horizon Chase) durante o dia e os ajustes a Kaze na parte da noite e nos fins de semana.
A Pixel Hive, então, acaba se tornando mais um ponto de convergência de desenvolvedores apaixonados trabalhando em um projeto autoral. “Para nós desenvolvedores que não trabalhamos exclusivamente no Kaze é muito cansativo. É uma aposta nossa se juntar pra fazer esse trabalho super autoral, mas realmente a forma como foi feito é meio inviável", desabafa o sound designer.
E esse é um dos motivos que dificultam - mas não anulam - a possibilidade de continuações ou expansões de Kaze ou até mesmo novos jogos sob o nome da Pixel Hive. “Por enquanto estamos focados no Kaze, não conversamos sobre nada. A gente sabe que tem muito o que melhorar ainda. Seria muito legal se a partir disso a gente transformasse em outro projeto, ir pra outros jogos ou fazer uma continuação, mas não tem nada sobre. A gente vai ter que sentar ainda depois do lançamento e debater”, finaliza.
Tendo você sendo pego pela nostalgia ou não, Kaze é um excelente plataforma e merece muito mérito em não se importar de ser o que ele é: uma homenagem apaixonada a uma das principais eras dos videogames e seus clássicos atemporais.
O BIG Festival de 2021 acontece entre os dias 3 e 9 de maio de maneira digital e gratuita para o público, que poderá testar os jogos, conversar com os desenvolvedores e assistir palestras. A premiação de Melhor Jogo: Brasil e demais categorias do evento será transmitida no dia 6, a partir das 21h30 (horário de Brasília).
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