Review: Carrion
'Metroidvania reverso' coloca você no papel de um monstro em um dos games indie mais divertidos e inovadores do ano
O novo jogo da Devolver inova muito ao apresentar uma espécie de 'Metroidvania reverso': aqui você é o monstro que deve atacar e se esconder pelos cantos para lidar com os humanos enquanto vai conseguindo novas habilidades.
Irreverente, objetivo tenso e criativo, Carrion é um dos games mais originais de 2020 e reforça as características que são marca da publisher da Devolver ao longo dos anos, remetendo a clássicos indie como Hotline Miami e Katana Zero.
Você começa o jogo como um monstro que consegue escapar da contenção, que parece ser algum tipo de laboratório onde testes são conduzidos. Logo de cara você sente uma das grandes qualidades do game: a jogabilidade.
Controlar o monstro é prazeroso, divertido e diferente de tudo já visto em games de ação 2D. Ele usa tentáculos para se prender e mover pelo cenário, quase como se estivesse flutuando pelas portas e passagens.
Os tentáculos servem também para acionar alavancar, abrir passagens e, claro, atacar os seres humanos que se opõem a você pelo caminho - e quando digo atacar também significa devorar os inimigos, uma forma também de recuperar vida.
Pelo caminho você é desafiado a entrar em áreas específicas para destruir todas as contenções, coletando também pelo caminho novas formas e poderes para a criatura.
A variedade é grande e logo se torna também um quebra-cabeça: o monstro pode alcançar três tamanhos diferentes, cada um com poderes específicos que vão servir para transpor certos obstáculos. Gerenciar seus poderes vira um puzzle, mas também um desafio, já que quanto menor seu tamanho também fica menor sua quantidade de vida.
Apesar de todo o mapa da aventura ser razoavelmente linear, confesso que senti falta de ter algum tipo de mapa para conferir. Muitas vezes fiquei meio perdido, dando voltas por cenários já visitados até perceber como meu novo poder seria útil para alcançar uma nova área.
Ainda assim, é um problema pequeno em uma produção tão única, original e caprichada, perfeitamente embalada por gráficos 2D em pixel art bem detalhados, especialmente com relação à movimentação do monstro.
A jornada é rápida, com pouco mais 4 horas para terminar a história, mas muito marcante - confesso que o final foi uma reviravolta bem surpreendente que eu não vi chegando!
Curto e objetivo, mas intenso e inovador, Carrion é um dos games mais criativos e marcantes de 2020 que vale ser conferido.