Zelda: Por que Midna é a melhor companheira de Link
Afinal, o que torna a personagem de Twilight Princess tão especial?
Se perguntar a um jogador veterano de Zelda qual é a melhor companheira de Link, muito provavelmente a resposta será Midna. De fato, é difícil terminar The Legend of Zelda: Twilight Princess e não ser conquistado pela estranha ogra. À primeira vista, pode ser difícil identificar exatamente porque a personagem é tão especial – e os motivos para isso são os mais variados.
LEIA MAIS
- Zelda: Você pode ter perdido a melhor batalha de Breath of the Wild
- Zelda: 4 jogos importantes para jogar a sequência de Breath of the Wild
- Artigo | Zelda me fez escolher a profissão de jornalista
Caso ainda não tenha terminado The Legend of Zelda: Twilight Princess, cuidado com os spoilers a seguir.
Conhecemos Midna em uma cela de prisão. Após ver as crianças de seu vilarejo raptadas por Bokoblins e perder a consciência, Link acorda transformado em lobo e, para piorar, acorrentado ao chão. É então que uma sombra pequena e pitoresca surge da escuridão, brilhando com olhos avermelhados e um sorriso branco de caninos afiados.
A primeira impressão que temos de Midna não é nem um pouco agradável. Ela é uma criatura grosseira, egoísta e de humor afiado, que constantemente zomba da condição e capacidades de Link para estabelecer seu domínio. Com chantagens e ameaças, ela usa o herói para alcançar seus próprios objetivos.
“Quer salvá-los? Bem, nesse caso, a pequena Midna fica muito feliz em ajudá-lo” chantageia a personagem após tomar forma dos amigos de Link. “Mas para isso você terá que ser meu servo, terá que fazer exatamente o que eu mandar!”
A cada novo destino da jornada pela Hyrule tomada pelas nuvens do crepúsculo, o tom áspero de Midna se atenua. Pouco a pouco, vemos a relação dela com o herói se estreitando.
Quando se sente confortável o suficiente, ela liberta o jogador da servidão e revela seu passado: Midna é uma princesa transformada em monstro, expulsa de seu lar por um tirano, que tomou posse de seu trono. Presa a um corpo que a frustra e limita seus poderes, ela se vê sem meios de retornar à sua realidade das sombras e libertar seu reino.
O comportamento da personagem, ainda mais no início do jogo, é sim questionável. Porém, sob nova luz, as atitudes dela tomam novos significados.
A pequena ogra é uma soberana exilada em um mundo estranho, fazendo uso de todas as medidas possíveis para cumprir o único objetivo que realmente lhe importa: salvar seu povo. A jornada ao lado do herói também a faz conhecer Hyrule a fundo, até que tem a realização de que aquele mundo não apenas tem seu valor, como salvá-lo é necessário para que consiga libertar seu povo.
Compadecendo-se do sacrifício de Link e Zelda para ajudá-la, Midna faz o sacrifício supremo e dá sua própria vida em prol da extinção do mal que assola ambas as realidades.
O fator que realmente torna a companheira especial é o seu desenvolvimento como personagem. Diferente de outras figuras da série, a Princesa do Crepúsculo possui uma personalidade repleta de nuances e, ao longo do jogo, acompanhamos a forma como ela transita por esse espectro.
A companheira vai de alívio cômico, com suas piadas e zombarias fora de hora, a alguém que nos identificamos e que ficamos em luto ao perder. Pessoalmente, gosto de pensar que a presença de uma mulher na equipe de roteiro, Aya Kyogoku, fez parte da complexidade da personagem.
Midna é uma mulher poderosa e extremamente útil como sidekick, possibilitando que o jogador se transforme em lobo quando quiser e o transportando pelo mapa.
Outro fator é que ela é protagonista de um dos temas mais emocionantes de toda a franquia. Afinal, como não arrepiar com Midna’s Lament (“O lamento de Midna”, em tradução para o português) não é mesmo?
A faixa é trilha de um dos momentos mais melancólicos da trama, quando Link dispara pela chuva em tentativa de salvar sua companheira da morte. A melodia acelerada no piano é uma junção do tema principal do jogo com o tema de Midna, e é interessante perceber que essa união tem um significado mais profundo.
De acordo com Toru Minegoshi, que auxiliou Koji Kondo e Asuka Ota na trilha sonora do game, “enquanto, que por um lado, essa é uma situação trágica em que Link corre pela chuva carregando uma Midna à beira da morte, a música também insinua que eles se tornarão mais próximos com o passar do tempo”.
Considerando que, ao longo dos 36 anos de Zelda, Link teve companheiras como a irritante Navi e a pedante Fi, não fica difícil que Midna se destaque na memória, não é mesmo?
Brincadeiras à parte, a princesa é muito mais que uma acompanhante submissa, não atuante e de figura corporal patronizada, como tantas outras que vemos nos games. Isso por si só a torna, sem dúvida alguma, uma das personagens mais representativas de toda a franquia.
São esses os motivos que explicam o vazio palpável deixado pela companheira na cena final de Twilight Princess. Diante de uma presença tão marcante, fica difícil de nutrir a esperança de um dia, quem sabe, ver um retorno dela na série Zelda.
Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também em Twitch, Twitter, Facebook, TikTok e no Google News.