Review: Theatrhythm Final Bar Line celebra trilhas de Final Fantasy com primor

Melhor jogo de ritmo disponível em plataformas atuais é gigantesco e apaixonante

Por Pedro Henrique Lutti Lippe 14.02.2023 11H15

Deixe de lado as épicas aventuras, os visuais marcantes, os assustadores vilões e o cativante companheirismo entre os heróis - se há um aspecto da saga Final Fantasy que merece ser celebrado mais que todos os outros, é a trilha sonora.

A única garantia que permeia todos os capítulos da lendária série de RPGs – dos títulos mais celebrados aos piores tropeços – é a de que seus ouvidos serão agraciados com o que de melhor a indústria de games tem a oferecer no quesito musical.

Depois de quase uma década de ausência, Theatrhythm retorna para mais uma vez levar os fãs em uma jornada nostálgica pelas melodias que embalaram os melhores e piores momentos de Cloud, Lightning, Noctis e companhia. Confiante e gigantesco, Final Bar Line facilmente torna-se o melhor jogo de ritmo disponível nas plataformas atuais.

Divulgação/Square Enix

Nascido no 3DS em 2012 e mantido vivo no Japão através de All Star Carnival, disponível apenas nos fliperamas, Theatrhythm transcende os limites do gênero rítmico ao debruçar-se sobre as mecânicas de RPG dos jogos que o inspiraram.

No plano principal da ação, o jogador deve pressionar botões e deslizar os direcionais analógicos com precisão e agilidade, no ritmo da melodia. Ao fundo, quatro heróis selecionados a partir de uma lista que inclui personagens de 27 jogos Final Fantasy atravessam calabouços ou batalham contra chefes com a ajuda de feitiços e habilidades. Eles ganham pontos de experiência, encontram tesouros e até invocam Summons de acordo com a performance do jogador.

Dentre os tesouros que podem ser coletados há itens que facilitam sua vida em canções difíceis, mas também cartas colecionáveis – das quais existem literalmente centenas – que comemoram personagens, inimigos e momentos marcantes de toda a saga.

Este ‘metajogo’ dá a Theatrhythm mais profundidade do que qualquer outro jogo de ritmo. Cada música é associada a um desafio específico; a canção Mt. Gulg, do Final Fantasy original, por exemplo, cobra que o jogador derrote um chefe Bomb usando feitiços de gelo. É preciso, então, montar um grupo de heróis especializados neste elemento – eu fui com Paine, Fran e Lenna, auxiliadas pelas habilidades de suporte do Prompto.

A necessidade de precisar montar estratégias antes de mergulhar em uma canção torna a experiência mais interessante do que simplesmente selecionar uma música em uma lista e mandar ver.

O modo Series Quests, que é o equivalente à campanha de Theatrhythm, separa desafios como estes entre os diferentes capítulos da saga. Na medida em que o jogador progride, ele desbloqueia mais músicas em um processo que culmina com a liberação do modo Endless World – um desafio teoricamente infinito em que a meta é cumprir o maior número de quests em sequência.

Divulgação/Square Enix

Mecanicamente, Final Bar Line mostra a confiança de um time de desenvolvedores que passou mais de uma década afinando os detalhes do funcionamento do jogo, e que também tornou-se muito habilidoso em criar mapas de gatilhos gostosos de tocar para as novas músicas.

Entre gatilhos vermelhos, verdes (em que o jogador precisa segurar um botão) e amarelos (que cobram um deslizar do analógico), existem mais de 20 ícones diferentes que podem aparecer nos trilhos de cada música. O número parece assustador no papel, mas tudo é muito intuitivo, e a curva de dificuldade progride de maneira gentil da dificuldade mais fácil, Basic, até a violentíssima Supreme.

Outro sinal da maturidade da mecânica é a quantidade de opções de personalização da experiência que o jogo oferece: é possível modificar praticamente todos os aspectos visuais das partidas, desde a velocidade dos gatilhos até a quantidade e o estilo das animações que acontecem nas batalhas ao fundo. Um modo para usuários daltônicos e outro extremamente informativo destinado a criação de conteúdo também estão presentes.

Completa a experiência o modo Multi Battle, que traz batalhas rítmicas online para até 4 pessoas. Ao fim das disputas, jogadores trocam ProfiCards – basicamente cartões de visita que resumem seu progresso no jogo, e que acompanham um Summon escolhido pelo jogador para compartilhamento com os demais.

Divulgação/Square Enix

Theatrhythm Final Bar Line é um jogo rítmico primoroso, e obrigatório para fãs do gênero pelo simples volume de conteúdo presente: na versão básica, são 385 canções distintas. Com todos os DLCs já confirmados, o total escala para a obscena soma de 502 músicas.

Adoradores de Final Fantasy no geral também terão dificuldade em ver defeitos na experiência, que permite relembrar momentos icônicos, mas também conhecer novos cantinhos menos explorados do universo da franquia. Em Final Bar Line, clássicos indiscutíveis como Dancing Mad e One-Winged Angel recebem o mesmo carinho e cuidado que a frenética Dancing Edge, da trilha de Mobius Final Fantasy, ou a melódica abertura de Crystal Chronicles.

Vale mencionar: nos planos de conteúdo adicional para o jogo, Final Bar Line também passará a oferecer algumas canções seletas de séries como SaGa, NieR, The World Ends With You, Chrono Trigger e mais.

Enfim: foi muito difícil largar o jogo pra escrever a crítica que você está lendo. Agora, com licença.

Nota do crítico