Review: Persona 5 Strikers
'Musou de Persona 5' está mais para sequência do que spin-off
Os ladrões galantes mais amados dos games estão de volta.
Persona 5 Strikers é o mais novo jogo da Atlus: uma sequência direta para o Persona 5 original, que reaproveita cenários e personagens, mas troca as batalhas em turno por um sistema de pancadaria em tempo real à la Dynasty Warriors.
Nos últimos anos, o estúdio Omega Force se especializou em encaixar marcas populares na forminha básica do Musou. Mas se você acha que é só isso que eles fizeram com Persona 5, você não os verá chegando.
A história de Persona 5 Strikers começa seis meses após os eventos do jogo original. De volta a Tóquio para curtir as férias com seus amigos, Joker, como todo bom herói que só quer relaxar, acaba se envolvendo em mais uma trama mirabolante que coloca o mundo todo em perigo.
O Metaverso volta à ativa, mas desta vez de uma maneira diferente: em vez de palácios, a dimensão paralela toma a forma de ‘prisões’ – enormes áreas abertas que os monarcas usam para roubar os desejos de pessoas desavisadas.
O dever chama, e os Phantom Thieves of Hearts partem mais uma vez para a ativa – desta vez assistidos por Sophia, uma nova companheira que é uma inteligência artificial capaz de assumir uma forma humana no Metaverso.
Ainda que a história toque em temas similares aos que são discutidos na campanha do Persona 5 original, ela guarda algumas surpresas para o arco final da campanha. E mesmo que os momentos mais criativos não viessem, a simples oportunidade de passar mais tempo com Joker e companhia já é bem-vinda: como os personagens já se conhecem há tempos, a sensação de camaradagem e a ótima química entre os heróis transparecem logo nos primeiros minutos do jogo.
Sophia e os demais personagens inéditos acrescentam suas próprias perspectivas ao mundo familiar do jogo, e acabam colocando os veteranos em situações inusitadas, capazes de pegar de guarda baixa até mesmo jogadores que já passaram mais de 100 horas com esses heróis nos jogos anteriores.
A exemplo de alguns jogos anteriores do estúdio Omega Force, como Dragon Quest Heroes ou o recente Hyrule Warriors: Age of Calamity, Persona 5 Strikers é muito mais do que um mero “Musou de Persona 5.”
O combate no estilo de Dynasty Warriors é o foco, sim, mas está completamente envolto por elementos familiares do Persona 5 original. Joker pode explorar cenários familiares, visitar lojas atrás de itens, coletar novos Personas e fundi-los para aumentar seu repertório de ataques, e até mesmo conhecer melhor seus companheiros através de longas cenas narrativas com opções de diálogos.
O próprio combate levou um banho de Persona 5: ao explorar as prisões, jogadores dão de cara com inimigos vagando por aí. As cenas de combate só começam quando heróis e inimigos entram em contato – algo que remete a RPGs clássicos, e não às batalhas constantes entre legiões de soldados pelas quais a fórmula de Dynasty Warriors é conhecida.
O jogador deve dar cabo de seus oponentes usando sequências de ataques básicos em combinação com tiros e magias. Como em Persona 5, diferentes inimigos têm diferentes fraquezas – a magias de fogo ou de gelo, por exemplo. Alternando o controle entre os heróis e entre os diferentes Personas de Joker, é possível tirar proveito de tais fraquezas, deixando os inimigos em um estado vulnerável e abrindo brecha para os poderosos ‘All-Out Attacks’ do jogo original. Nas dificuldades mais baixas, é possível vencer mesmo ignorando algumas mecânicas, mas o sistema brilha quando o jogador tira total proveito de todas as janelas de oportunidade.
Persona 5 Strikers não tem cara de um spin-off, mas sim de uma sequência que trocou o sistema de combate em turnos por batalhas focadas na ação.
Por melhor que o jogo seja em sua adaptação da fórmula Musou, porém, ele ainda sofre com uma das limitações mais comuns do gênero: com o tempo, a ação se torna repetitiva.
O time de desenvolvimento tenta aliviar um pouco a barra com quebra-cabeças básicos e alguns pontos específicos de interação com o cenário, mas o próprio layout das fases não é dos mais interessantes. Os primeiros momentos em uma nova prisão costumam ser os melhores, mas a sensação de novidade vai passando lentamente, até que, perto do final de cada ‘fase,’ o jogador já está mais que pronto para seguir em frente.
Persona 5 Strikers também não é dos jogos mais ambiciosos em termos de detalhamento visual, mas o estilo característico da marca serve para esconder as pontas soltas. A versão de PlayStation 4 utilizada para este review sofre com algumas poucas quedas de quadros nas cenas mais intensas no hardware original, mas roda de maneira impecável no PlayStation 5.
Para quem já jogou Persona 5, mergulhar de cabeça em Strikers é quase como reencontrar amigos de longa data após passar um tempo distante. Ele equilibra doses de familiaridade e novidade na medida certa, e impressiona na maneira em que consegue imitar os maneirismos do jogo original.
Cada vez mais ambiciosos em seus esforços, a Omega Force caminha a passos largos para deixar de ser “o estúdio que faz spin-offs ao estilo Musou” e tornar-se “o estúdio que reinventa franquias amadas.”