Review: Fire Emblem: Three Houses
Fantasia medieval com história envolvente e combates estratégicos ao gosto do jogador
O primeiro Fire Emblem para Switch é um dos títulos mais acessíveis e flexíveis da franquia. Three Houses apresenta novidades e abre mão de alguns aspectos clássicos para apresentar uma experiência bastante focada na história e no desenvolvimento de personagens - inclusive com múltiplos caminhos.
Em essência, Three Houses mistura as batalhas estratégicas de fantasia medieval típicas de Fire Emblem com elementos de vida cotidiana, mais ou menos como consagrado na série Persona. O jogador controla Byleth (que pode ser homem ou mulher), mercenário que recebe a inesperada oportunidade de virar professor em um monastério onde três grupos diferentes de nobres e guerreiros aprendem a lutar.
Cada casa representa uma das forças dominantes do continente de Fódlan e optar entre lecionar para Black Eagles, Blue Lions ou Golden Deer é uma escolha crucial que define os diferentes rumos que a história pode tomar. Elas trazem também personagens diferentes e mais complexos do que parecem à primeira vista. Além de cada um ter afinidades com diferentes funções dentro do campo de batalha, como ser mago, arqueiro ou um guerreiro com lança ou machado, todos possuem qualidades e defeitos extremamente variados que contribuem bastante para o lado lúdico e narrativo do game.
Como de costume em Fire Emblem, é possível estreitar laços com os personagens e até mesmo ter relacionamentos românticos com alguns deles - e isso vale tanto para personagens da sua casa, como os de outras e até mesmo outras figuras importantes no jogo. Isso concede tanto bônus nos combates como mais cenas de diálogo que aprofundam os perfis de cada herói.
Vozes competentes em inglês e japonês ajudam a deixar a brincadeira ainda mais envolvente e há uma série de minigames e um calendário rolando durante a vida escolar que só contribuem para criar esse clima agradável do cotidiano - o que pessoalmente me lembrou muito também o castelo Hogwarts de Harry Potter.
Quer mais opções? Dá pra descartar boa parte de toda a vida escolar e focar só em fazer batalhas para evoluir as habilidades de seus personagens de outra maneira. Há também partes em que você deve escolher quais skills seus alunos devem focar em evoluir e esse processo pode ser totalmente manual ou totalmente automatizado (ou um pouquinho de cada). Vai do gosto de quem joga mesmo.
No campo de batalha em si Three Houses é uma experiência divertida e gratificante, com desafio que pode ser regulado ao gosto do freguês. Uma das novidades é a opção Divine Pulse, que permite voltar no tempo e refazer jogadas algumas vezes.
Além disso, sai de cena o clássico triângulo de armas que estabelecia uma relação ao estilo pedra-papel-tesoura entre os diferentes equipamentos. A princípio parece algo desnecessário e que poderia desfigurar Fire Emblem, mas achei que a mudança trouxe mais flexibilidade ao jogo, permitindo formar esquadrões bem variados, priorizando mais as classes de guerreiro que quem joga gosta do que exatamente aquelas que os combates exigem em certos momentos.
A campanha de Fire Emblem: Three Houses é extensa e não tem pressa em se revelar para quem joga. Focando apenas na campanha principal a jornada dura pouco mais de 30 horas, mas há bastante conteúdo adicional para explorar e bastante incentivo para jogar novamente, seja para ver os outros rumos que a história pode tomar, utilizar outros guerreiros, evoluir relacionamentos diferentes e até mesmo encarar dificuldades maiores ou jogar no modo clássico, em que um guerreiro deixa de ser jogável quando morre em combate.
As falhas são poucas, mas não passam batido, como os cenários genéricos durante as muitas conversas que rolam na história ou, pior ainda, a minúscula fonte usada para os textos do jogo. Especialmente ao jogar no modo portátil é realmente incômodo e um desafio ver todos os textos pela tela em letrinhas tão pequenas.
Felizmente, esse problema da fonte parece algo que a Nintendo pode (e deve!) arrumar por meio de atualizações online. Por fim, vale sempre citar: Three Houses não tem opção de português do Brasil como idioma, o que dificulta muito a compreensão da história e dos menus para quem não domina o idioma.
Three Houses é feito sob medida para agradar fãs antigos de games de estratégia e ser convidativo para quem tem um mínino de interesse no gênero. É um jogo que honra toda a tradição de Fire Emblem, mas não tem medo de cortar alguns elementos clássicos para apresentar novidades divertidas e envolventes, que dão ainda mais espaço para a história e os personagens brilharem.