Review: Arranger: A Role-Puzzling Adventure é puzzle fofo que desafia o cérebro
O game premiado traz uma fórmula simples executada de forma eficiente
Um título que pode ter passado despercebido pelos amantes dos jogos indies é Arranger: A Role-Puzzling Adventure. Ganhador do prêmio de Melhor Jogo Indie Latam no BIG Festival de 2024, Arranger traz uma história interessante e intrincada em puzzles que a princípio parecem ser super simples, mas que foram muito bem explorados pelos desenvolvedores, trazendo sempre desafios que fazem com que o jogador tenha sempre que pensar fora da caixa.
Jogo de estreia do estúdio Furniture and Mattress LLC, tudo em Arranger tem a ver com a movimentação. Com a mecânica que inverte a lógica da maioria dos jogos, aqui você tem que movimentar o mapa para que o personagem se desloque pelo espaço. Essa inversão por si só já causa um nó na cabeça de quem está jogando, mas a forma como os puzzles foram criados ao longo da jornada faz com que as soluções sejam tudo, menos óbvias.
Guiado por uma história simples mas envolvente, o game apresenta Jemma, uma garota que não sabe sua origem e está pronta para desbravar o mundo e descobrir o que há além de seu vilarejo. Ao longo de sua jornada, ela vai conhecendo pessoas a ajudando a combater a Estática, uma força poderosa em seu mundo que impede que as coisas — ou as pessoas — se mexam.
Essas pessoas ou objetos se tornam obstáculos na movimentação de Jemma e trazem desafios interessantes enquanto tentamos avançar pelo mapa.
Usando as setas do teclado, você tem que ir encontrando os espaços em que Jemma pode navegar, evitando os objetos com Estática, mexendo e rearranjando o cenário até que você encontre uma passagem para seguir, ou consiga empurrar um objeto até um local específico. Os combates funcionam da mesma maneira: Jemma tem que trazer as espadas até a frente de seus inimigos e empurrar na direção deles, geralmente resultando na liberação de um novo caminho.
Olhando desse jeito, parece até que o jogo pode ter um loop meio entediante, mas não é bem assim. A cada novo ambiente algo diferente é introduzido. Sejam carrinhos de minas para organizar, cordas que temos que puxar pelo mapa, pedras que temos que colocar em botões no chão; sempre há um novo elemento para dificultar e diversificar os puzzles no mapa. Isso faz com que as respostas dos puzzles nunca sejam óbvias. Não importa quantas vezes você já reorganizou um mapa, no cenário seguinte vamos ter um novo objeto com regras novas.
Mas mesmo trazendo novos desafios, o game design segue a regra de ir introduzindo as coisas aos poucos. Isso significa que, nas duas primeiras salas de um novo cenário, as coisas são mais simples. A partir da terceira ou quarta, entretanto, os quebra-cabeças se complicam e você pode ficar vários minutos andando em vão, tentando encaixar as peças na sua cabeça até encontrar uma solução. Isso não impede que um jogador mais casual possa aproveitar o jogo, pois o menu traz um recurso de acessibilidade que permite pular certos puzzles.
E eu já comentei que a história é fofa? Jemma é uma protagonista super carismática, os diálogos em português são ótimos, as situações são interessantes e a parte final do jogo é inusitadamente engraçada. O design de áudio também é digno de elogios, e os efeitos são extremamente agradáveis e satisfatórios aos ouvidos. Inclusive, eu diria que é obrigatório jogar com som, mesmo porque, em mais de uma ocasião, o som era importante para o puzzle também.
O jogo não é muito comprido, ainda mais se você focar só na história principal, mas tem vários puzzles e desafios opcionais ao longo do mapa, que pode ser surpreendentemente complexo. São 3 templos opcionais que podem facilmente passar batido para o jogador menos atento — eu sei porque eu mesma deixar passar um — mas que possuem puzzles bem interessantes e diferentes entre si. Isso faz com que a jornada pelo mundo de Arranger seja muito satisfatória, com pequenos recortes de história escondidos em cantos obscuros do mapa.
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Antes de finalizar esse review, queria destacar algumas coisas menos importantes, mas que ainda merecem ser mencionadas. A primeira delas é que, na versão do Steam — que foi a versão que eu joguei — os ícones de conquistas são muito fofinhos e dignos de colecionar. A segunda é que eu simplesmente amei o jingle do estúdio. É sério, reparem. Por último, a forma com que certos objetos interagem com a movimentação é simplesmente genial. Logo no começo do jogo, por exemplo, quando você movimenta o cenário, uma personagem cai da escada. É um toque especial que dá mais vida à proposta que o jogo traz.
Arranger é um título muito divertido para qualquer amante de puzzle, oferecendo um nível de desafio que pode agradar tanto a quem não conhece o gênero quanto quem já o joga a muito tempo, justamente por trazer uma proposta que é diferente, ainda que simples em sua essência. É agradável e satisfatório de jogar, traz coisas novas e interessantes ao longo do tempo e você genuinamente sente vontade de descobrir mais sobre a história. Vale a pena se dedicar algumas horinhas para ver Jemma superando os desafios e prosseguindo na sua jornada, desvendando mistérios e entendendo mais sobre a sua origem.