Pc   Nintendo

Review: Gunbrella é aventura simples, curta e muito gostosa de controlar

'Jogo da arma guarda-chuva' faz poucas coisas, mas as faz muito bem

Por Pedro Henrique Lutti Lippe 13.09.2023 13H00

Às vezes, a simplicidade é o caminho certo.

Gunbrella é um jogo de aventura 2D em que você usa uma estranha arma guarda-chuva. A parte arma atira, enquanto a parte guarda-chuva reflete balas e ajuda na movimentação pelo cenário.

Controlar a titular Gunbrella é muito satisfatório, e faz com que cada momento da experiência seja gostoso, esteja você enfrentando cultistas com poderes sobrenaturais e monstros de esgoto, ou apenas saltando e planando com o guarda-chuva de uma área para outra.

O novo jogo dos desenvolvedores de Gato Roboto em parceria com a Devolver faz tudo o que promete – nada mais, nada menos –, e acaba sendo um pequeno e divertido refúgio de mais ou menos 5 horas de duração em meio a tantos jogos mastodônticos que buscam ocupar meses de nossas vidas.

Divulgação/Devolver Digital

A saga sombria do protagonista sem nome começa quando, em um fim de tarde pacato, ele retorna para casa e encontra sua esposa assassinada. A única pista em direção ao culpado é a Gunbrella, uma arma peculiar marcada por um emblema, que ele pega em mãos e decide usar até encontrar respostas e, talvez, a satisfação da vingança.

A partir daí, a aventura o conduz por vários cenários, um mais dilapidado do que o outro, habitados por criaturas progressivamente mais grotescas. Um castelo sombrio ocupado por usuários de magia que fazem rituais de sacrifício, um ferro-velho que é lar para sucateiros steampunk que atiram antes de fazer perguntas – coisas assim.

Mas o protagonista também encontra pequenos bolsos de civilização, onde ele pode cumprir pequenas tarefas para aqueles que dizem ter informações a respeito de quem foi o responsável por matar sua mulher. Detalhes das quests obtidas ficam marcados em um bloco de notas, e o jogador é livre para ignorar algumas delas. Em geral, elas rendem dinheiro para a compra de itens ou engrenagens para melhorias na Gunbrella.

Divulgação/Devolver Digital

Gunbrella é estruturado de maneira bem linear, mas permite que jogadores explorem cenários já visitados livremente atrás de colecionáveis ou outros segredos. Ele lembra um pouco a fórmula de Wonder Boy – ou melhor dizendo, de um jogo da Turma da Mônica, só que com uma atmosfera steampunk noir.

Os inimigos comuns se repetem bastante e a qualidade dos chefes é bem desigual, mas o jogo se mantém envolvente ao longo de toda a sua duração por simplesmente ser uma delícia de controlar.

O jogador tem tiros infinitos de espingarda, que destroçam inimigos próximos, mas também pode obter outros projéteis, como balas de metralhadora ou granadas, para atacar à distância.

Mas o real prazer do jogo está em utilizar o guarda-chuva para refletir projéteis ou realizar saltos acrobáticos pelo cenário em alta velocidade, aproximando-se dos oponentes antes de acabar com eles à queima-roupa, no maior estilo Hotline Miami. É um prazer simples, amplificado por quão bem programada a movimentação do protagonista é, e também pela interatividade do ambiente; lamparinas ou outras partes do cenário que caem no chão no meio de uma batalha, por exemplo, causam incêndios ou explosões.

Certos confrontos são bem difíceis de ultrapassar, mas Gunbrella é um daqueles jogos em que o processo de morrer, voltar para o checkpoint mais próximo e tentar de novo é rápido e indolor. Para os que se frustrarem, uma voltinha pelas cidades rende itens comestíveis que aumentam temporariamente a contagem de corações do protagonista.

Divulgação/Devolver Digital

Não é que Gunbrella não tem ambição – ele simplesmente optou por aperfeiçoar algumas poucas coisas, em vez de tentar abraçar o mundo.

Elementos como o filtro granulado de TV de tubo (que pode ser desligado, se você for um daqueles que odeiam estilo) e diálogos entre NPCs no cenário fortalecem a vibe sórdida deste universo, que inicialmente parece inteiramente brutal, mas esconde aliados em potencial – como um chefe que eu optei por não matar após nossa batalha, e que depois me recompensou ao lutar do meu lado contra um monstrão.

Aqueles que darem uma chance a Gunbrella por achar engraçado o conceito da arma guarda-chuva provavelmente sairão da experiência sentindo saudades da dita cuja.


Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na TwitchTwitterFacebook e TikTok ou converse com o pessoal da redação no Discord.

Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!

Nota do crítico